quinta-feira, agosto 18, 2005

A TENDA DO CIGANO

Foto : Hugo Macedo

Descia pela ladeira do sol , era sexta-feira , em busca de aventuras nos bares da orla. Pegou a direita no clube Bandern, seguiu por Areia Preta passando pelo “bate papo” foi até o “é nosso” e encostou no “iara bar”.
Pediu uma cerveja, estupidamente gelada, pra lavar. Nas mesas algumas pessoas bebiam e fumavam muito, mas, não viu ninguém conhecido, pagou a cerveja e saiu de volta no caminho da Café Filho , chegando no girador da rua , sentiu vontade de ir ao “puteiro”, logo à esquerda vizinho ao bar “castanholas”, mas preferiu encostar no Chaplim que era o bar mais badalado.
O bar estava cheio de gente e numa mesa no canto estavam Paulo e Roberto, dois amigos das freqüentes noitadas.
A mesa ficava encostado na balaustrada do lado do mar, e as vezes salpicos das brumas batiam em você. O clima muito agradável, um pouco frio, por causa do vento marinho que soprava, convidava para tomar uma bebida mais “quente”,destilada ; - Garçon, traz um Teachers duplo, por favor.
Chegou Neuza, uma velha amiga, dá dois beijinhos em todo mundo e senta na mesa.- Alguém tá afim de um baseado ?
-Calma menina, acabamos de chegar.
-E daí! Garçon me traz uma cerpinha. Vocês sabem que tomando minha cervejinha sou “ pau pra toda obra”. Vamos pra boate hoje?
Neuza era uma jovem de 23 anos, universitária, fazia sociologia na UFRN, inteligente, culta, mas, como se costuma falar, meio “porra-louca”. Tinha mania de dizer que topava tudo, que era pau pra toda obra; quando estava embriagada dizia sempre : “Eu sou obra pra todo pau”.
Resolveram todos ir pra Royal Salute. Tina Turner, Barry White, era o som que rolava. No pedestal do DJ, Black Zé, dançava a noite inteira, sozinho.
Dançaram e beberam até as quatro da manhã. E agora pra onde vamos?
-Tenda do Cigano, gritou Neuza.
-Que tal, uma ginga frita no Jangadeiro?
-Você quer ir ver as putas, Francisca, Carioca, Maria Perna Grossa, que vende calcinha na praia! Vamos pra Tenda, tomar caldo a cavalo com batida de amendoim.
Saíram da tenda por volta das 5:30 hs, o sol vinha rasgando o mar, como uma imensa bola de fogo avermelhada.
Neuza cheia de desejos, perguntou: -Você já foi ao Corujão?
-Já, mas agora quero mesmo é ir pra casa dormir.
-E mais tarde ? , Insistiu Neuza.
-Tenho um compromisso as duas horas da tarde, jogar sinuca, disputando cerveja lá no “pé do gavião, na Redinha.
-Tô dentro, respondeu ela se despedindo.

                  Frei Carmelo
                    Ago/2005 

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