tag:blogger.com,1999:blog-135906262024-03-07T01:04:44.496-08:00INSPIRAÇÃOPoemas , crônicas, causos e afins..Chagas Lourençohttp://www.blogger.com/profile/10158398841184220226noreply@blogger.comBlogger299125tag:blogger.com,1999:blog-13590626.post-24921436427191950972019-03-13T07:16:00.000-07:002019-03-15T04:54:54.459-07:00ZÉ CARNEIRO DA PEDRA - A REPERCUSSÃO.Zé Carneiro era paraibano de Araruna e veio morar na ribeira do Trairi na divisa entre os municípios de Santa Cruz e Tangará.<br />
Era um homem manso de bom trato e um senso de humor insuperável. Gostava de tomar conhaque Dreher, mas só tomava em pé , que segundo ele, era pra descer pra pernas e demorar a chegar no juízo . Em um aniversário na casa de seu filho Djalma (Carneirinho) em Tangará ele já havia tomado umas doses de conhaque no Veneza e chegou animado , sentou na mesa e pediu uma cerveja. A cerveja chegou mas ele devolveu e disse:<br />
- Só gosto de cerveja quente, natural.<br />
<br />
Ficou tomando cerveja natural, animado, conversando e dando risadas, contando suas aventuras na Serra da Confusão (Conceição), no caminho de Araruna, quando anunciaram o almoço e colocaram uma panelada, com buchada, picado de bode , feijão verde e churrasco na mesa. Ele cochichou:<br />
- Será que tem cachaça? Respondi :-Deve ter , e fui pedir pra Carneirinho providenciar.<br />
Ele falou :- Hoje não tem cachaça não porque papai vai querer beber muito e se embriagar e sendo um homem de idade é melhor evitar.<br />
Transmiti o recado e Zé Carneiro , ele virou-se pra mim e disse:<br />
- Daqui a 100 anos eu não vou me esquecer de hoje, o primeiro dia na minha vida que eu vou comer uma buchada sem tomar uma lapada de cana.<br />
Carneirinho escutou, pegou o celular e pediu para o moto-táxi em Tangará trazer cinco litros de Pitú.<br />
<br />
Ele tomou umas três doses de cachaça e olhou pra Barbosa (Novinho) que estava na mesa, tomando uísque com Ilo Marinho e avisou :- Eu agora vou tomar uísque , e encheu o copo.<br />
Lá pras tantas apareceu uma garrafa de vinho, ele olhou, admirou e disse :- Eu quero um pouco desse vinho. Colocou no copo, pegou uma cerveja e misturou, “eu só gosto assim, cerveja com vinho”.<br />
Terminado o almoço, continuaram no uísque e Zé Carneiro acompanhou, quando apareceu uma garrafa de café feito na hora , fumaçando e como um cheiro espetacular. Todo mundo se serviu do café e Zé Carneiro pegou a chícara dele e despejou no copo de uísque.<br />
Barbosa olhou assustado e disse :- O que é isso Zé Carneiro ?<br />
Em cima da bucha ele respondeu:- É só pra ver a repercussão. Bebeu o copo todo, colocou na mesa, olhou pra todo mundo e finalizou:<br />
- Agora em vou em busca da minha rede no alpendre de casa.<br />
<br />
Chl<br />
Março/2019.Chagas Lourençohttp://www.blogger.com/profile/10158398841184220226noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13590626.post-29186843299123889222018-07-30T08:27:00.002-07:002018-07-30T10:00:12.667-07:00MIGUEL CURY E ESTHER.<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Aos domingos, após a missa, Miguel Cury, que morava na esquina da Praça Coronel Ezequiel, com o Beco das Almas, em frente a casa de Furtado, costumava colocar sua cadeira na porta de casa pra trocar uns dedos de prosa com os conhecidos que vinham da igreja e passavam por ali.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Um belo dia, Esther já estava providenciando o café da manhã e foi verificar se os filhos já estavam acordados. Jumar, Margarida e Cacá, já eram casados não moravam com eles, mas, Terezinha, Alda, Glaucia, Gésia e João Marcondes moravam lá. Encontrou as meninas todas prontas, mas João Marcondes não estava no quarto e nem na casa. Ela preocupada, mas sem falar nada foi para a sala e ficou junto de Miguel Cury, vendo se passava algum conhecido.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Passaram alguns e ela perguntava, "Fulano você viu meu filho, João, por aí ? "</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Ninguém tinha visto, até que vem passando Expedito Trocador , que era comerciante ambulante e andava por toda a cidade e conhecia todo mundo.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Expedito, por acaso, você viu João por aí ? </span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Expedito olhou pra ela com a cara meio sem graça e disse baixinho:</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Hoje eu não vi não senhora, mas ontem de noite ela estava na casa de dona Maria Gorda, sentado numa banca tomando umas Brhamas, disse isso e foi saindo de fininho pra evitar as próximas perguntas.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Imediatamente Esther virou-se para as meninas e perguntou, falando alto,"Alguém sabe onde é a casa dessa dona Maria Gorda ?"</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Terezinha que estava próximo, disse:-Mamãe , dona Maria Gorda é dona de uma casa de mulheres lá no baixo meretrício.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">-Ai meu Deus, gritou Esther, você está ouvindo isto Miguel ? Valha-me Santa Rita de Cássia, eu vou lá agora mesmo.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Miguel Cury com aquele jeitão tranquilo, homem experiente, olhou pra ela e disse: -Tenha calma Esther, ele vai aparecer, e acho melhor você não ir.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Eu vou, gritou Esther, ele é meu filho e ainda é um menino e já anda perdido nesse meio de mundo, eu vouuu.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">-Esther, Esther, acho melhor você não ir.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">-Por que eu não vou, por que você tá dizendo isto ?</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Esther, Esther, eu estou avisando, dizem que lá é muito, aí você vai até lá, gosta e quer ficar e em vez de um , ficam dois.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Nesse instante o portão de trás da casa abre e João Marcondes entra desconfiado e vai pro quarto.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Mamãe, João chegou, gritou Alda.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Esther que já estava pronta pra dar uma resposta à Miguel, entra e vai conversar com o filho e a paz voltou a reinar na casa da família Cury de Santa Cruz.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Chl</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Jul/2018</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>Chagas Lourençohttp://www.blogger.com/profile/10158398841184220226noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13590626.post-71751865516618214732018-05-05T08:56:00.000-07:002018-05-05T13:16:23.968-07:00A TABOCADA<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A TABOCADA</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O ano de 1991 foi de seca no Rio Grande do Norte e afetou profundamente a agricultura e a pecuária. Eu havia deixado uma missão no Governo do Estado e retornei às minhas atividades na fazenda e nos negócios comerciais.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Em 1992 , iniciei uma compra de gado em outros estados porque ampliei meus negócios de venda de boi para abate. O meu gado e o que comprava na região não supriam o comércio local, ainda sofrendo os efeitos da estiagem e sem perspectiva de um ano melhor para a criação local.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Todos os dias da semana eu estava no matadouro pesando gado em Santa Cruz e uma vez por semana em Tangará.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Pedrinho, Elino, Francisquinho, Paulo de Irineu, Antônio do Açougue, Fernando, Luiz Bino, Abel, Nêgo Chato e outros marchantes, eram os compradores.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Um belo dia eu estava no matadouro , já tinha passado na casa de Isabel, que mamãe chamava Mistral, porque ela gostava deste perfume, e vim com Montilla, filho dela para a matança. Os marchantes começaram a abater os bois, que vinham de Araguaína ou de Colinas, no Tocantins. Quando entravam no salão de abate, como eram muito ariscos, se não estivesse laçado tinha que ser abatido a bala com um rifle 22, e eu pedia pra Zé Tororô , que era um grande atirador, para abater o animal. Os magarefes já estavam amolando as facas, Calango, Baidé, Bitonho, Birino, Claudio e outros.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Enquanto preparavam o boi para a pesagem eu ficava conversando com as pessoas que frequentavam o local. Encontrei Ana de Hominho, Tricola, Zé Romão, Raimundo Preto, João Nazario, Dr. Eugênio que atestava a sanidade do gado e Mané Pataca que ia pesar um gado da Boa Vista.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Severino de Gustavo, que era criador e comerciante de gado, chegou na conversa e falou:</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Chagas, compre meu gado. Agora só vendo se for todo, não fica nem o boi da carroça e você só me paga no dia primeiro de janeiro do próximo ano.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Severino era homem sabido e ganhava muito dinheiro em negócios e adorava quando dava uma tabocada num.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Eu olhei pra ele, meio desconfiado e disse:-Severino, Severino, o que é que você tá aprontando pra cima de mim ? "É sério" , ele respondeu.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Ele me puxou pelo braço e desafiou:- Compra ou não compra ? Se compra vá lá em casa domingo que o gado tá preso no curral.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Eu vou, respondi.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Domingo, logo cedo, peguei Chico Bernardo e Ciço Maturi e fomos pra casa de Severino, nos arredores de Bonsucesso. </span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O gado estava no curral e ele estava sentado do lado da cocheira, esperando.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Quer um café ou beber alguma coisa ? Ele perguntou.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Obrigado, respondi, quero olhar o gado.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Eram 27 reses, um boi manso, um touro, umas vacas paridas e um gado solteiro. Perguntei :- Quanto é o gado ?</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Dez milhões de cruzados.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Ah! você queria só que eu viesse lhe visitar, né ?</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Bote preço, ele disse. </span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Chico Bernardo pegou no meu braço e disse:- Vamos embora que aqui você não faz negócio, ele é sabido demais e eu sei que você não é besta.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Eu vou botar sete milhôes, se ele topar eu vou arriscar.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Chico disse:- Agora você endoidou de vez, ou homi de coragem.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Voltei ao curral, examinei o gado, fiz o preço aproximado do dia e vi que a diferença era grande demais. Eu pensei "vou arriscar".</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Eu dou sete milhões no gado, é o preço de uma Fiorino nova. Apontei pra Fiorino da Fiat, que era o carro que eu estava.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Tá pouco demais, ele gritou e deu uma risada.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Então até logo meu amigo, foi um prazer lhe visitar, eu disse.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Tenha calma homi, venha tomar um café. Bote mais um pouquinho que eu vendo, que eu sei que você é homem de negócio e de palavra.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Vou tomar seu café, mais não dou mais nem um centavo, se quiser pegar na palavra, pegue, que eu não sei mais nem o que é que estou fazendo, falei pra ele.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Pois então tá vendido, ele disse com cara de satisfação.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">" Me lasquei" eu pensei na hora, mas sou um homem de negócio, seja o que Deus quiser.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Entreguei pra ele um cheque Azul da Caixa Econômica de Santa Cruz, tomamos o café e fomos embora. No dia seguinte logo cedo mandei o transporte pegar o gado. Severino entregou o gado e veio direto pra agência da Caixa, falar com Sérgio que era o gerente. </span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">-Sérgio, recebi esse checão do dr.Chagas Lourenço, para o dia primeiro de janeiro, posso ficar sossegado ?</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- No dia primeiro não, porque é fechado, mas no dia dois, pode vir que, tendo dinheiro ou não, eu pago o cheque, respondeu Sérgio.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Ele botou o cheque no bolso e desceu para o mercado. Foi nos marchantes mostrou o cheque, deu uma risada e disse bem alto:</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Taí, um doutor, estudou no Rio em São Paulo e levou uma tabocada grande, mas é grande, do matuto véi lá de Bonsucesso.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Quando ia pra fazenda, passando na rua Paulo Afonso, ouvi um grito me chamando e parei pra ver quem era, era meu primo Quinca de La Paz, comerciante no Paraíso.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Chagas meu fíi de Santa Rita, como é que você faz uma loucura dessas,homi ?</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- O que foi que fiz quinca ? Perguntei.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Hoje de manhã no mercado só se ouvia as risadas de Severino de Gustavo dizendo que deu uma tabocada num doutor, que estudou fora, um homem sabido e era você.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Quinca, eu estou arriscando, mas eu estudei pra isso, com a crise que o Governo Collor está vivendo, a chance de a inflação aumentar é muito grande e se aumentar, como imagino que vai, eu ganho dinheiro.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- É , eu não acredito não, mas você é quem sabe. Santa Rita lhe proteja, disse meu primo Quinca.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">No final de Dezembro, eu já tinha providenciado o dinheiro para cobrir o cheque no início de janeiro, e estava na Malhada Grande quando chega Severino.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Como vai Chagas, tudo bem, tá mangando do tempo né ? diz ele.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Vou atravessando como todo agricultor dessa região, mas dá pra ir escapando. A que devo a honra da visita ?</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Eu trouxe o seu cheque pra trocar por aquela vaca preta mestiça do chifre curto, que é boa de leite, quero levar ela pra casa.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Quanto me volta ? Perguntei.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Mas homi, você me matou , o meu gado todinho num vale nem essa vaca ?</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Eu não lhe matei, até porque gosto muito de você, mas vamos dizer que você se suicidou no negócio, pra não se falar em taboca. Mas meu amigo, a vaca é uma das boas que tenho aqui e eu não quero me desfazer dela, me desculpe.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Severino dobrou o cheque botou no bolso, acelerou a moto e foi embora.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">No dia dois de janeiro amanheceu na Caixa e logo cedo levou o dinheiro.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Chl</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Maio/2018</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>Chagas Lourençohttp://www.blogger.com/profile/10158398841184220226noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13590626.post-77006473732907853552018-01-20T05:53:00.001-08:002018-01-20T05:53:15.164-08:00TOMADA DESLIGADA<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O senador Geraldo Melo comprou um computador Plugtech, top de linha, o melhor produto da empresa. A compra foi feita diretamente ao proprietário da montadora , Francisco BARBOSA Mendonça, Novinho, que era muito amigo de Geraldo.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">De manhã cedo,por volta de oito horas, Geraldo se dirigia para o seu escritório, que foi construído, no mesmo terreno, ao lado de sua casa na Rua Lima e Silva, em Natal. Quando estava na cidade o escritório era usado para seus trabalhos pessoais, reuniões e para receber amigos. Todos os dias ao chegar no escritório ele ligava o computador e passeava pela internet para ver o noticiário da grande imprensa do Brasil e do exterior e ver o que acontecia no estado através do noticiário da imprensa local.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Um certo dia ele entrou no escritório, Marluce Arruda, que era secretária, já estava lá com a agenda do dia. Após examinar a agenda , dirigiu-se para o computador, PLUGTECH, novo em folha e acionou o botão "power" para ligar, sentou e aguardou aquela iniciação que todo equipamento faz quando é ligado.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Esperou, esperou, nada, tudo preto.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Neste dia ele estava bem tranquilo, virou-se pra Marluce e falou:</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Marluce, ligue aí pra Novinho que o Top de Linha dele tá preto que é uma beleza e não aparece nada.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Marluce imediatamente localizou Barbosa através do celular e transferiu a ligação.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">-Bom dia Senador, mande as ordens.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Novinho, aquele seu computador deve ter amanhecido hoje com raiva de mim, porque eu liguei o bicho e ele tá preto de tudo, não aparece nada.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Nem uma mensagem de erro, Senador ?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Nada, sabe o que nada, é o que aparece nele, absolutamente, nada.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Fique tranquilo, vou resolver isto imediatamente, se não resolver mando outro novo.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Barbosa desligou o telefone, pensou "meu computador se acuar logo na casa do Senador, que é exigente com o seu equipamento", imediatamente ligou pra fábrica em Macaíba e mandou chamar o supervisor de montagem, que era um argentino e entendia tudo de computador. Ordenou :</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">-Largue tudo que estiver fazendo e corra pra casa do Senador Geraldo Melo , pois o equipamento pifou e a tela tá toda preta. Resolva e me dê notícias, se não conseguir resolver entregue um equipamento novo e testado, pelo amor de Deus. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O argentino entrou no carro com um computador novo, na caixa, e tocou pra Natal, o mais rápido que podia. Chegou na casa de Geraldo e foi direto para o escritório.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">-Bom dia senador, o que houve ?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Taí pode ver , você liga o botão e não aparece nada, tudo preto.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Com licença Senador. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Apertou o botão e nada.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Vou verificar a máquina aqui atrás.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Abaixou-se, como que vai abrir o computador, pegou o fio e colocou na tomada.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">-Tente agora Senador.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Geraldo ligou o "power" e a tela brilhou e começou a aparecer tudo.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O argentino com ar de técnico especializado, disse :-Quando o senhor vou usar o equipamento, antes de ligar o botão de "start", ligue a tomada da energia, senão não sai nada.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Geraldo deu uma risada, pediu desculpas e disse:- Acostumado com os outros aparelhos que estão sempre ligados, esqueci da tomada.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ligou pra Novinho e deram boas risadas .</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Chl</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Jan/2018</span>Chagas Lourençohttp://www.blogger.com/profile/10158398841184220226noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13590626.post-7736113408378413332016-12-08T05:59:00.006-08:002018-04-26T08:39:06.999-07:00ORDEM JUDICIAL <span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Zezé Profeta era o presidente da câmara municipal de Santa Cruz e resolveu fazer uma reforma grande no prédio do parlamento, porque, segundo ele, um dilúvio se aproximava.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Contratou Borrego para esvaziar e lavar a cisterna do prédio, Juvenal Pé de Copa , para trocar todas as bicas e seu Otilio para trocar todos o caibros e as telhas.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Toda a despesa, sem orçamento e que fatalmente iria estourar o teto.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Dr. Djanirito, juiz de direito da cidade, alertado pelo vereador Alexandre Calça Curta, que era da oposição, manda intimar Zezé, que prontamente se dirige para o cartório de Manoel Soares, que funcionava como Fórum, para esse tipo de questão.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">-Sr. Presidente, começa o juiz, como o Sr. explica tamanho gasto na reforma da Câmara ?</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Dotô, diz Zezé, Deus falou comigo ontem de noite e me avisou pra tomar providências nos prédios públicos e na moradia das pessoas, que vem um dilúvio grande e não vai ficar um barreiro inteiro e as cisternas vão sangrar e muito telhado vai cair com as goteiras. Resolvi começar pela câmara municipal, onde quem manda sou eu.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O Juiz imediatamente determinou - Pare tudo, pra não sofrer as consequências.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Zezé levantou-se, saiu , e chegando na porta disse :- Pois se o Sr. quiser, mande essas consequências conversar comigo, no meu gabinete.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Disse isso e foi embora.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Meia hora depois, chega Zé de Lima, oficial de justiça, na Câmara Municipal, acompanhado do Sargento Pacheco , do Cabo Miguel e do Soldado Andorinha, com uma ordem para afastar Zezé da presidência.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Zezé convocou uma reunião rápida com os vereadores Geraldo de Tico , vice-presidente da casa e Manoel Macedo, Secretário da mesa e mandou dizer ao oficial que não ia assinar nada e que naquele momento estava indo para o seu sítio nos Tanques, cuidar do barreiro, pra não estourar.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Zé Pedro comunicou ao juiz, que imediatamente resolveu tomar uma providência mais séria, mandar prender Zezé, por desobedecer a uma ordem judicial. Antes porém, resolveu convocar uma reunião com um conselho de notáveis da cidade. Convocou, Zé Sobrinho, o prefeito, Padre Emerson, o pároco, Dr. Jonas, o causídico, Seo Horácio, como cidadão muito experiente, Professor Cosme Marques, seo Cocó e dona Carmen Andrade, representante das mulheres.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Depois de várias horas de reunião, chegou-se a seguinte conclusão, devidamente promulgada pelo juiz nos seguintes termos:</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Senhores,</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Analisando a situação e ouvindo os representantes da comunidade, concluímos que, sabendo que Zezé Profeta é meio fraco do juízo e visando o equilíbrio da situação grave que nos encontramos, decidimos que ele será afastado da linha sucessória do prefeito que, em caso de afastamento dele e do vice, João de Gan, assume a prefeitura o juiz de Direito da comarca.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Reconhecido e dado fé pelos tabeliães presentes.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">E agora, corram pra casa que vai chover e é muito.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Chl</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Dez/2016</span>Chagas Lourençohttp://www.blogger.com/profile/10158398841184220226noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13590626.post-49454455629424632622016-12-03T05:34:00.002-08:002016-12-03T05:34:28.881-08:00FORÇA CHAPE<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<div style="color: #454545; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A alma chora</span></div>
<div style="color: #454545; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Com a dor aguda</span></div>
<div style="color: #454545; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Do coração.</span></div>
<div style="color: #454545; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Um sentimento </span></div>
<div style="color: #454545; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Maior que todos</span></div>
<div style="color: #454545; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Que une todos</span></div>
<div style="color: #454545; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A dor e a paixão </span></div>
<div style="color: #454545; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O amor e a saudade</span></div>
<div style="color: #454545; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A essência </span></div>
<div style="color: #454545; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Da raça humana</span></div>
<div style="color: #454545; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A razão da humanidade </span></div>
<div style="color: #454545; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Solidariedade.</span></div>
<div style="color: #454545; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Força Chape.</span></div>
<div style="color: #454545; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="color: #454545; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Chl</span></div>
<div style="color: #454545; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Dez/2016</span></div>
<div style="color: #454545; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
<br /></div>
Chagas Lourençohttp://www.blogger.com/profile/10158398841184220226noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13590626.post-22860755895502556352016-11-30T06:19:00.001-08:002016-11-30T06:19:38.523-08:00MEDO DE AVIÃO<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Diante do trágico acidente que vitimou o time da Chapecoense e vários jornalistas, na queda de um avião nos arredores de Medelim na Colômbia , no dia 29/11/2016, resolvi descrever o pânico que passei em uma viagem internacional que fiz 1983.</span><div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Havia participado de uma eleição em 1982, como candidato a prefeito de Santa Cruz , eleição geral no estado, para governador,senador,deputados federais e estaduais , prefeito e vereadores. Candidato pelo PMDB, perdemos a eleição em uma campanha longa e extenuante.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Para relaxar um pouco e sair do clima eleitoral que ainda persistia, resolvi fazer uma viagem para Miami, Cidade do México,voltando por Manaus, Fortaleza e Natal.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A partida em um Boeing 707 da Varig, que era o mesmo modelo do avião presidencial brasileiro, depois chamado de sucatão.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Saímos do Recife com uma escala em Belém, para reabastecimento e embarque de novos passageiros, a maioria, engenheiros americanos que trabalhavam com mineração na região norte.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Como não consigo dormir em viagem, fiquei lendo o máximo de tempo, mas a viagem foi tranquila e chegamos em Miami no início da manhã.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Depois de três dias nos EUA, fui ao aeroporto, para embarcar para a cidade do México. Fiquei em um hotel no centro da cidade. Após três dias , embarquei para o voo Cidade do México - Manaus, com escala em Bogotá, na Colômbia.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Aí, começou meu suplício.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ao entra na aeronave, bem maior do que a anterior, sentei na janela e do meu lado, tinha uma imensa turbina que girava lentamente. Fiquei impressionado com o tamanho da turbina que estava sentado praticamente em cima dela.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Peguei a revista de bordo e constatei: eu estava embarcado em um DC-10 da Varig. Uma reportagem da Veja, sobre a queda de um DC-10, porque soltou uma peça do tamanho de uma caneta, tomou conta do meu pensamento e eu comecei a entrar em pânico, sem demonstrar. Não olhei mais para a turbina.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Decolamos e um pensamento constante começou a me assombrar : nunca mais vou ver meus filhos. Eram crianças entre três e dez anos.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Tentei ler, não consegui, quando abria o livro, enxergava a turbina se despregando. Fechei os olhos e tentei dormir, em vão, continuava vendo a maldita turbina. Afora o pânico, foi um voo tranquilo até Bogotá. Aí começou tudo de novo. Tivemos que desembarcar e aguardar uma hora e meia na sala de embarque do aeroporto, sem nenhuma explicação. Na minha cabeça logo vinha: é a peça que tá frouxa e eles vão apertar.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Cheguei em Manaus, era madrugada, o alívio era enorme, consegui olhar pela janela, enquanto o avião taxiava na pista e fixei o olhar em um avião da Vasp que estava estacionado com as turbinas cobertas por lonas azuis. Gravei aquilo na cabeça, sem nenhum motivo, mas gravei.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Fui para o hotel e por volta das nove horas da manhã, acordei e liguei a TV.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A notícia era que um avião de cargas da VASP, havia caído logo após a decolagem do aeroporto de Manaus. Era o avião que eu tinha visto na chegada.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Desci para o café no hotel e em seguida saí para procurar uma agência de viagens. Iria passar três dias em Manaus, mas remarquei minha passagem para o dia seguinte, na Transbrasil. Eu só pensava em chegar em casa e ver meus filhos.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No dia seguinte embarcamos pra Fortaleza,com uma escala em Belém, eu já estava no corredor, queria distância de janela.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quando pousamos em Belém que o avião parou na pista, avisaram que teríamos que desembarcar, por conta de um pequeno problema técnico, mas que logo, seguiríamos viagem.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Na saída do avião, escutei o comandante, um piloto jovem, dizer:- Isso só acontece aqui no norte, no sul, duvido que eles permitissem.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Pronto. O pânico voltou com força.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Passei duas horas no aeroporto de Belém com uma dúvida cruel:embarco ou não embarco; embarquei.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O voo foi tranquilo para Fortaleza, com uma escala em São Luiz, que eu nem sabia que havia, mas foi rápida e não precisei desembarcar.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Já em Fortaleza, no dia seguinte, procurei a Varig e antecipei em um dia minha volta pra Natal, sempre pensando, "um dia eu chego em casa".</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No outro dia, cedinho, embarcamos em um avião novo da Varig, era o Airbus. Fiquei animado, avião novo, vigem rápida, seria um fim do meu suplício.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Sentei na poltrona e a aeromoça me trouxe o jornal O Povo de Fortaleza e eu comecei a ler. A notícia :</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ontem um avião da Transbrasil pousou de bico, sem o trem de pouso dianteiro abrir, no aeroporto de Belém. O número do voo era o mesmo que eu voei dois dias antes. "Pronto, é perseguição" pensei.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Em cinquenta minutos chegamos no aeroporto de Parnamirim e eu pude ver o sorriso e o brilho de alegria nos olhos dos meus filhos.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Imaginei nunca mais andar de avião, mas, as estatísticas me convenceram, o meio de transporte mais seguro do mundo é o aéreo.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Voltei a voar um ano depois, sem pânico, mas com receio. Entre 1998 e 2002, percorri todo o estado do RN, em aviões monomotores e bimotores, nas campanhas políticas.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Dois anos depois da minha viagem, 1985, houve um grande terremoto na cidade do México e derrubou o hotel que eu fiquei em 1983.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ainda pensei em viajar pra Areia Branca e dar um mergulho numa daquelas montanhas de sal grosso, mas desisti.</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Chl</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Nov/2016</span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
Chagas Lourençohttp://www.blogger.com/profile/10158398841184220226noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13590626.post-59580011059988392612016-11-24T06:20:00.001-08:002016-11-24T06:20:24.470-08:00RUA PRIMEIRO DE MAIO<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Comecei a frequentar a rua primeiro de maio quando ainda era criança e acompanhava meu pai para a matança, que era o matadouro de bovinos, ovinos, caprinos e porcos.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Depois, continuei indo pesar bois que vendíamos, mas a maioria das vezes eu ia mesmo era pro cabaré, que é na mesma rua.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Instalados lá, estavam, Maria Gorda, Gonzaga, Micael, Chicó de Maria Anjo, além das avulsas que tinham suas próprias casas, como Cearense, Jucá, Eliene e outras.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Entre 1992 e 1996, comecei a trazer bois para vender em Santa Cruz e arredores, do estado do Tocantins, das cidades de Colinas e, principalmente, de Araguaína.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Vendia pra Elino e Pedro Duca, Francisquinho, Luiz Bino, Paulo de Irineu, Cícero Nazário, Abel, Fernando de Paizoca, Antônio do Açougue e outros. Eu pesava bois, praticamente todos os dias da semana no matadouro, e quando era gado da região, eu comprava com Chico Bernardo e depois com Erivan Nazario.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Encontrava sempre com Montila e sua mãe Isabel, que era irmã de Nazaré que morou muitos anos na casa de Tio Zé Dadá, com Celuta e Celusia, depois morou na nossa casa por muito tempo. Mamãe gostava muito de Isabel e a chamava de Mistral, por conta da colônia, que ela usava muito. Outra que prestou serviço nas duas casas, foi Das Ne</span><span style="font-family: Verdana, sans-serif;">ves, engomadeira, muito querida por todos nós.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Também encontrava sempre com Zé Romão, Raimundo Preto, Tricola, que moravam nas redondeza, além dos magarefes , Calango, Gô, Claudio, Birino e outros, que ajudavam na matança.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Os bois eram muitos fortes e espantados e quando chegavam no curral do matadouro, era um corre corre grande. Um dia, eu conversava com Manoel Pataca, que foi pesar um boi da Boa Vista e João Nazário que vendia carne no mercado e de repente entra um boi grande e arisco, João e Manoel Pataca, subiram numa bancada de cimento e ficaram de quatro e morrendo de medo, mas o boi, se engraçou com minha cara e partiu pra cima, eu corri pra entrada do matadouro que estava com o portão de ferro fechado, então subi nas barras e fiquei pendurado nos caibros. Começou juntar gente na frente e gritar, foi quando os magarefes começaram a jogar coisas no boi que virou-se e correu para o curral e na velocidade , saltou o muro do matadouro e caiu em cima de uma cerca de faxina da casa vizinha, que servia de proteção do quintal e ficou totalmente destruída.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Passado o susto, o boi havia corrido pelo rio e voltou pra fazenda, eu desci do portão e pra curar o medo, fiquei rindo com as caras assombradas de João Nazario, vermelho da cor de uma pimenta e Manoel Pataca, branco como uma tapioca.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ficamos contando a presepada , rindo e mangando da cara um do outro, quando entra uma senhora, com seus 75 anos, braba , querendo saber quem era o dono do boi que destruiu a cerca dela. Era Jucá, uma das profissionais mais antigas e respeitadas do cabaré.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Apresentei-me, -Como vai Jucá ?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Chaguinhas aquele santanás é seu ? Venha ver a desgraça que ele fez no muro da minha casa.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Coloquei a mão no ombro dela, sentindo que ela estava mais tranquila, sabendo que eu era o dono do boi. Realmente, o peso do boi, destruiu a cerca e na saída ele destruiu o resto com os chifres.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No dia seguinte mandei refazer toda a proteção do quintal dela , que ficou novinho em folha.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Duas semanas após, eu estava lá pesando os bois, quando entra Jucá e pede pra me chamarem , na entrada do matadouro.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Terminei de pesar um boi e fui lá, pensando, "o que será desta vez" ?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Como vai minha amiga, algum problema ?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Eu vim lhe agradecer pelo serviço do meu muro, ficou ótimo. E queria lhe dizer um negócio.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Pois então diga, mulher, o que é ? Perguntei.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- É que você pode dizer ao santanás do seu boi, que se ele quiser pular em cima da minha casa, pode pular, só me avise a hora que é pra eu sair.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">E arrematou: - Ela tá "distiorada" mesmo .</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Chl</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Nov/2016</span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>Chagas Lourençohttp://www.blogger.com/profile/10158398841184220226noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13590626.post-25500961411085043152016-10-08T06:16:00.001-07:002016-10-08T06:28:49.997-07:00DIA DO NORDESTINO <span style="color: #454545; font-family: "uictfonttextstylebody"; font-size: 17px;">Nascido na diversidade</span><br />
<div style="color: #454545; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
Tempo ruim e tempo bom</div>
<div style="color: #454545; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
Sua inteligência é um dom</div>
<div style="color: #454545; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
Do campo pra universidade </div>
<div style="color: #454545; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
Abrilhantando a cidade</div>
<div style="color: #454545; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
Vivendo ou enfrentando a morte</div>
<div style="color: #454545; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
Sobrevivendo com sorte</div>
<div style="color: #454545; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
Sua coragem é pungente</div>
<div style="color: #454545; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
Valorizando ser gente</div>
<div style="color: #454545; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
O nordestino é um forte.</div>
<div style="color: #454545; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
<br /></div>
<div style="color: #454545; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
Chl</div>
<div style="color: #454545; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
Out/2016</div>
Chagas Lourençohttp://www.blogger.com/profile/10158398841184220226noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13590626.post-29797594345355293042016-09-23T08:12:00.002-07:002016-09-23T08:27:44.236-07:00ENGOLE BRASA<div style="background-color: white; color: #1d2129; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Manoel Possidônio , conhecido como Manoel Engole Brasa, era um comerciante de jóias ambulante e garimpeiro . Andava nas ruas de Santa Cruz com uma pasta, com vários "panos de jóias". Trata-se de uma peça de veludo, geralmente azul, encrostada de jóias de ouro e brilhantes. Uma pasta de couro, larga, grande e sempre andava bastante pesada. Vivia bem, ganhava bastante dinheiro, o que lhe proporcionava uma vida bem estável com a sua família .</span></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Manoel, entretanto, gostava de parar em um bar , quando terminava sua tarefa comercial, para tomar uma bebida. Os amigos e conhecidos, tomavam cervejas, conhaques, mas Engole Brasa, apreciava a aguardente. Tomava bem e com muita frequência, voltando, as vezes pra casa, meio embriagado.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Com o passar do tempo, Manoel aumentou sua frequência nos bares e diminuiu suas vendas de ouro. Sem se dar conta, aos poucos foi se tornando alcoólatra e a sua pasta a ficar vazia e muito maneira, até que chegou um dia e ele não tinha mais mercadoria.<br />Chegava pela manhã, logo cedo, no bar de Chagas Farias, com uma pasta recheada e pesada, que um dia os amigos resolveram abrir e em vez de ouro, tinha uma rede, para encher a pasta e um paralelepípedo, para ficar pesada.<br />Chegava tremendo, da bebida do dia anterior, estirava a mão trêmula sobre o balcão e pedia :<br />- Me dê uma brasa aí, que a tremedeira hoje tá com a "mulesta".<br />Depois de três "brasas" ele estendia as duas mãos sobre o balcão, olhava para as pessoas e dizia:<br />- Tão vendo, já parou de tremer e agora eu vou engolir outra brasa.<br />Foi daí que surgiu o apelido : Manoel Engole Brasa.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Antônio, era irmão de Manoel, garimpeiro também e resolveu um dia , abrir uma mercearia, com um bar, na Rua Caminha Fiúza.<br />Era baixo, sorridente, falava com a língua meio enrolada, mas era uma pessoa magnífica . Honesto, trabalhador e gente muito boa. Ele e o soldado Andorinha, foram as duas únicas pessoas que eu permiti garimpar na propriedade da nossa família , sem nunca conferir o resultado de suas pesquisas, porque confiava integralmente nos dois.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A rapaziada da cidade que gostava de tomar um banho no "Açude Novo", na volta entrava no bar de Antônio Engole Brasa, que mesmo sem beber, herdou o nome do irmão, e que todos passaram a chamar o "Bar do Brasa ".<br />Eu, Lourencinho, meu irmão, e mais, Serafim, Iaponam ,Livio, Crézio, Bubu, Joca Lindo, Edson Cara Curta, Zé Domingos, Antônio Luiz de Zé Dobico, Rosemilton, Dinarte de Pedro Severino, Félix de Zé João, Djair de Ivahy, Gilvan de Talau, Lila, Hiltinho , Wilson de Cabral, Mananciel, Hudson Fonsêca, Fabinho de Lula Farias, Geraldo Golinha, Fernando Bocão, Helio Mendes, Zezinho de Hosana, Roberto Umbelino e Munheca e vários outros companheiros de juventude.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">A turma chegava sentava na mesa e começava a azucrinar o pobre do Brasa:<br />- Traga um litro de Pitú, duas coca-colas , três limões e uma corda de piaba pra tira gosto.<br />As cordas de piaba, ficavam no quintal , penduradas nos caibros e cobertas de moscas. O Brasa vinha com uma peixeira, batia na corda, as moscas voavam e ele cortava uma fieira de piabas, levava pra cozinha e jogava na frigideira, já com óleo fervente e fritava. Era bom demais, uma iguaria que eu acho que só ficava boa daquele jeito, por conta das moscas. Tinha também, curimatã, traíra, cará e galinha torrada.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Serafim andou por São Paulo um tempo e chegou cheio de novidades em Santa Cruz. Só não chegou chiando, porque os que eu conheci que foram pra São Paulo e voltaram chiando, eram Munheca e Tino de João Chicó, meu primo.<br />Fomos para o bar de Brasa e quando pedimos as bebidas, Serafim gritou:<br />- Brasa, traga um Pizza Calabresa e depois um Espaguete ao Sugo - comidas bastante comuns em São Paulo. Brasa gritou de lá :<br />- Hoje num tem esses troços aqui não, mas Sábado eu compro na feira. Hoje só tem a piabinha que você gostava muito antes de ir pro Sul.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; margin-bottom: 6px; margin-top: 6px;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Depois Antônio melhorou de vida e comprou o prédio onde era a fábrica do Molho Inharé e transformou em um hotel : Hotel do Brasa. Era o maior hotel da cidade.<br />Um belo dia , chega Iaponam com uma turma de Natal em três carros, com umas moças , para beber e farrear na cidade. Ele que morava em Brasília, quando chegou, soube que o Brasa estava com um hotel novo e dirigiu-se pra lá , pra tirar o juízo do coitado do Antônio. Chegou lá, foi entrando, viu o Brasa na recepção e foi gritando:<br />- Brasinha meu amigo, vim prestigiar seu hotel, estou com uns amigas e umas amigas e quero três apartamentos.<br />Brasa olhou pra Iaponam , fez uma arzinho de riso e meio gaguejando disse :<br />- Gordinho, o meu hotel é organizado e pra você se hospedar com seus amigos, têm duas condições.- Iaponam disse, não tem problema , eu resolvo, quais são as condições?<br />- Bem Gordinho , primeiro você me paga um vale que tem aqui, desde o tempo da Caminha Fiúza e depois me traga a certidão de casamento sua com essa moça, porque aqui é um hotel familiar. Se resolver, aqui estão as chaves.<br />Iaponam disse :<br />Vôtss, sendo assim eu vou me hospedar lá em Maria Anjo.</span></div>
<div style="background-color: white; color: #1d2129; display: inline; margin-top: 6px;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Chl<br />Set/2016</span></div>
Chagas Lourençohttp://www.blogger.com/profile/10158398841184220226noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13590626.post-18072133793762653282016-09-03T05:39:00.001-07:002016-09-04T13:04:06.040-07:00MORTES QUE MARCARAM A CIDADE <span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Quero relatar alguns fatos, tristes, mas que marcaram a comunidade santacruzense.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Dudu de Plácido, era um rapaz feliz, brincalhão, mas também valente e esquentado. Jogador de futebol, atuava no campo 4 de Março, administrado por Anisio Carvalho.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Gostava de se divertir com os amigos e tomar uma cervejinha no reservado do bar de Geraldo Lourenço e Tia Litinha, que era na rua Grande e fazia esquina com o Beco de seo Plácido . Seo Plácido, era o pai de Dudu e tinha uma mercearia no beco, bem próximo do bar de Litinha.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Outro cliente do bar era Zé Pinto, que parava o caminhão na rua Grande e ia para o reservado do bar , que ficava na parte de trás. Um dia que Zé Pinto estava no bar , estavam sentados em uma mesa do lado, Dudu e Nilson Lima , tomando uma cerveja e batendo papo.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Sabendo que Dudu frequentava muito aquele local, pois era vizinho de sua casa, Coleta que teve desavenças anteriores com ele, entrou no bar, acompanhado com um amigo, chamado Zé Vicente, já com uma faca na mão. Dudu estava de costas , mas foi avisado por Nilson e levantou-se, já para enfrentá-lo, quando foi segurado por trás por Zé Vicente, Coleta desferiu vários golpes de peixeira e ceifou a vida do jovem goleiro do time de Santa Cruz, Dudu.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Coleta ficou preso na cadeia pública da cidade, eu mesmo, ainda muito criança, o vi várias vezes, sentado na mureta da delegacia, quando passava na frente e papai dizia, " esse foi quem matou Dudu".</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Manoel Benício, era um homem de estatura baixa, com um bigodinho e usava um chapéu preto de massa, geralmente estava calmo, era alegre e até sorridente. Eu o conheci já como prisioneiro na delegacia de Santa Cruz, em regime semi-aberto, trabalhava como pedreiro. Só foi terminar de cumprir a pena e ser liberado que Manoel Benício começou a ter problemas. Um dia cismou e saiu de casa, murmurando por onde passava:</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">-Hoje eu mato um.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Passou na frente do estabelecimento de Moisés Pinheiro, onde hoje é o mercado público, chegou na porta, encarou Moisés e repetiu: - Hoje eu mato um - Moisés abriu a gaveta, puxou um 38 cano longo e respondeu - Aqui você vai levar é chumbo, se vier com essa conversa.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Manoel saiu ligeiro de lá e tomou o rumo do Paraíso, atravessando o rio Trairi, que estava seco, correndo apenas um filete de água misturada com esgoto. No início da Av. 1, encontrou um baiano, que se dizia, pai de santo, trocou duas palavras e deu-lhe uma peixeirada certeza no coração e correu.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Tempos depois, já em regime de condicional, chegando perto de uma banca de carne na feira, iniciou uma discussão e antes que pudesse pegar a faca, o jovem marchante que já estava com uma faca amoladíssima de cortar a carne, foi mais rápido e acertou Manoel Benício, com várias cutiladas e o deixou estirado sem vida na calçada da feira.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Em outro dia de feira, na esquina da farmácia de Sebastião Rocha, Assis de João Salustio, desentendeu-se com Zé de Floriano e no meio da discussão, Assis sacou um revólver e disparou várias vezes em Zé que foi atingido e caiu na rua. Terezinha Nunes, filha de Zé Nunes e Liô Ferreira, vinha subindo a rua Grande, na calçada, assustada, caiu com um desmaio e ficou no chão. Assis ao ver Tetê no chão, imaginou que a tivesse acertado com um tiro , apavorado, apontou o revólver contra si e disparou. Tetê foi socorrida sem ferimento, apenas com um grande susto e na rua ficaram estendidos os corpos de dois rapazes, filhos de Santa Cruz.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Chl</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Set/2016</span><br />
<br />Chagas Lourençohttp://www.blogger.com/profile/10158398841184220226noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13590626.post-46186688482832012312016-08-28T07:04:00.002-07:002016-08-28T07:16:23.265-07:00A MISSA DE DOMINGOEm Santa Cruz, a missa do domingo sempre foi tradicional, em dois horários, pela manhã, cedo, e no início da noite. Papai ia sempre pela manhã e nos levava, Jair, Lourencinho e eu. Íamos caminhando de casa até a igreja, mas no caminho, na rua Grande, ele entrava na Farmácia de tio Zé Dadá para conversar. Geralmente, encontrava por lá, Clovis Medeiros, Clodoval, Severino Paulino, Orlando Mouco, João Ataíde e Gastão. Na saída , invariavelmente, tio Zé Dadá, nos dava uma latinha de Pastilhas Valda e nós fazíamos a festa com ela.<br />
<br />
Na missa da noite podia-se encontrar na calçada da igreja, Zé Matias, Irineu Duca, Pedro Nunes, Dula, Pedro de Tico, Joaquim Tavares, Joca Moreira, Chico Adriando, Chico de Juca, Edvaldo Umbelino, Mané da Viúva,Manoel Anisio, Sebastião Penha e mais alguns outros, moradores da rua Grande e da rua Daniel. Depois da missa, sentavam-se na calçada de Furtado, em frente da casa de Miguel Cury, Joseluce, Josias Azevedo, Antônio de Hosana,Miguel Farias, seo Quim Quim, Zé João, Sérvulo Orago e Dr. Demócrito.<br />
Na outra esquina, do bar de Seo Lauro, em frente a barbearia de Pedro Dantas, ficavam, Severino Culête, Mosquitinho, seo Horácio, Pedro Amarante, Zé Walderi, Zé Dadão e João Lucas.<br />
<br />
Um dos frequentadores da missa era Absalão, que morava na rua Ferreira Chaves, ao lado da casa de seo Gato e Chico Bento, e do outro lado, Alexandre Calça Curta e seo Aquino. Em frente, moravam Pedro Rodrigues, dona Mariinha de Zé de Gan ( minha avó) e seo Ribeiro.<br />
Na igreja existiam uns bancos particulares, pertencentes a algumas famílias e também, cadeiras individuais, para sentar e se ajoelhar. Absalão tinha uma cadeira dessas na igreja.<br />
<br />
João de Gan, ainda jovem, frequentava a missa da noite e depois ia para a praça, conversar com os amigos e olhar as moças. Gostava de passar na casa de Cleto Antunes, vizinha do bar de seo Lauro, pra ver se via Lenise. Sempre foi muito brincalhão e gostava de mexer com os amigos e dar boas risadas.<br />
<br />
Um dia chegou na igreja e foi entrando na hora da missa. Viu Absalão, ajoelhado em sua cadeira, no meio da igreja, rezando com a cabeça abaixada, entre as mãos. João, foi se aproximando, silencioso, como estava toda a igreja, com Padre Emerson, fazendo a oração, falando baixinho. Chegou perto de Absalão e com os dois dedos indicadores, cutucou, com força, as costelas do coitado que rezava. Absalão, pego de surpresa, deixou escapar, sem querer, um pum tão alto que toda a igreja se virou pra ver o que era. Absalão continuou de cabeça baixa, rezando, e olhando com rabo do olho, para ver quem danado tinha feito aquilo. Os olhos de todos na igreja, só enxergavam João de Gan, que estava em pé, logo atrás de Absalão. Todos imaginavam que havia sido João, o autor do estrondo.<br />
<br />
João, vermelho, da cor de um tomate, começou a andar de costas, passo a passo, até a porta da igreja. Sem falar com ninguém, desceu os batentes da calçada e saiu andando rápido, pelo beco das almas, passou pela praça e foi direto para o Bar Savoy, de Augusto Fernandes. Olhou pros fundos do bar e viu, Paizoca e Zé "Zanolho", jogando na sinuca de Chicó Flor. No bar, viu Zé Cabral, da padaria, sentado em uma mesa, tomando cerveja e comendo rodelas de pão com molho Inharé, fabricado em Santa Cruz. Puxou uma cadeira, sentou na mesa de Cabral e gritou:<br />
-Assiiiss , traga uma cerveja bem gelada.<br />
Virou-se pra Zé Cabral e falou:<br />
Cabral, por favor, vamos mudar de assunto. - Cabral, sem entender, respondeu baixinho, - mas nós não começamos nem a conversar.<br />
João pensava que a cidade toda já sabia, da explosão da igreja.<br />
<br />
Chl<br />
Ago/2016<br />
<br />Chagas Lourençohttp://www.blogger.com/profile/10158398841184220226noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13590626.post-40695754477951910152016-08-20T07:30:00.000-07:002016-08-22T07:37:15.791-07:00JOÃO DE TICO E SABOROSO <span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
</span><br />
<div style="color: #454545;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Geralmente o que escrevo aqui, são relatos baseados em fatos reais, evidentemente, adequando às características do texto. Contos, causos, quase sempre com humor e descontração, mas , no caso deste texto, preciso descrever um fato triste, porém marcante para a comunidade santacruzense .</span></div>
<div style="color: #454545;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="color: #454545;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">João de Tico morava na rua Lourenço da Rocha, esquina com a rua Pe. João Jerônimo, de frente para a casa de Miguel Farias.Saboroso era o apelido de um cidadão que andava pelas ruas da cidade, com um caldeirão grande na mão , vendendo doces "sonho de noiva". Andava na cidade, de bermudas, com o caldeirão e gritando alto: saborosoooooo.</span></div>
<div style="color: #454545;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O que lhe fez jus ao apelido.</span></div>
<div style="color: #454545;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="color: #454545;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">João de Tico, casado com a Professora Margarida Queiroz, pai de Marcos, conhecido na cidade como Tchan. Saía diariamente para seu sítio na Caiçarinha, montado em seu possante jumento, mestiço de pêga, bom de sela, com a passada macia e também, bom de cangalha, quando era preciso. Na hora de sair, colocava dois litros e meio de milho, de molho em uma bacia, para alimentar o jumento, na volta do roçado, por volta das onze e meia da manhã, todos os dias.</span></div>
<div style="color: #454545;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Era magrinho de meia altura, simples e alegre, falava "assungando " as calças, para se fazer entender. </span></div>
<div style="color: #454545;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="color: #454545;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Um dia voltou do roçado, exatamente onze horas, para chegar em casa às onze e meia, hora de alimentar o jumento, que já saía com o passo apressado, guiado pelo instinto e a vontade de comer. Passou numa passada ligeira por toda extensão da Cravina, e João, de olho </span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">na BR.</span></div>
<div style="color: #454545;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="color: #454545;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Saboroso, passou pelo Apolo 11, nessa mesma hora, atravessou a pista, ao lado da casa de Maria Anjo, e desceu na margem da rodovia, gritando, saborosoooooo.Já ia passando no cruzamento da BR com a continuação da rua da Cravina com a entrada para a cidade, próximo da oficina de Vicentinho e da casa de João de Gan.</span></div>
<div style="color: #454545;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Do outro lado, vinha descendo João de Tico, já freiando o jumento , que descia muito rápido, com a cabeça virada, sem atender ao freio.</span></div>
<div style="color: #454545;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="color: #454545;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Vindo de Currais Novos, na direção de Natal, apontou uma carreta cegonha de transportar automóveis ,que passou muito veloz na frente do posto de gasolina e desceu ao lado do DNER.</span></div>
<div style="color: #454545;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Ao se aproximar do cruzamento o motorista viu o jumento de João de Tico , começando a atravessar a pista, buzinou estridente, tentou freiar e desviou o caminhão. Ao tentar desviar, entrou no acostamento e atingiu em cheio, Saboroso, que foi atirado longe, na vala encostada ao início do Riacho do Pecado.</span></div>
<div style="color: #454545;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Na manobra brusca, a carroceria acertou com força, João de Tico, montado no seu jumento que foi atirado longe.</span></div>
<div style="color: #454545;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="color: #454545;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Foi uma comoção geral em toda a cidade de Santa Cruz.</span></div>
<div style="color: #454545;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Sinto-me na obrigação de relatar, para resgatar a memória daquele povo e das pessoas que ajudaram a construir aquela comunidade.</span></div>
<div style="color: #454545;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="color: #454545;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Chl</span></div>
<div style="color: #454545;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Ago/2016</span></div>
<div>
<br /></div>
Chagas Lourençohttp://www.blogger.com/profile/10158398841184220226noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13590626.post-48108120195110341842016-08-19T07:28:00.001-07:002016-08-28T03:19:23.665-07:00LUIZ DE PRIMO<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Primo Pereira era um homem de estatura média, com uma perna mais curta do que outra, proprietário da Fazenda Camará, na Serra de Santo Alberto. Homem respeitado por sua seriedade, simplicidade e honradez. Após a morte de sua esposa, na cidade de Cruzeta, onde moravam, ele dividiu a propriedade entre os filhos, Luiz, Pedro, Manoel e José. Luiz ficou com a sede da fazenda e os outros três ficaram com as partes anexas. Cada um fez sua própria sede.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Pedro, Manoel e José eram agricultores e viviam inteiramente dedicados às suas famílias. Luiz, além de agricultor era comerciante e fazia negócios nos municípios vizinhos de Santa Cruz, como Campo Redondo e Coronel Ezequiel. </span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Primo resolveu tomar Lourenço como compadre, pois eram amigos e vizinhos de propriedade, e o afilhado escolhido foi Luiz, que só chamava seu padrinho de "Padim Lórenço". Vendia toda a safra de algodão na usina de Nóbrega & Dantas que Lourenço era o gerente. Todas as atividades da fazenda, que Luiz tinha alguma dificuldade, consultava "Padim Lórenço.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Tempos depois quando assumi a gerência da usina e passei a comprar a safra de algodão de todos os filhos de Primo, que eram meus amigos, especialmente José que era meu vizinho na rua Antônio Henrique, comprava também todo o algodão que Luiz adquiria de outros agricultores, como comerciante.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Em julho de 1981, com o falecimento do meu pai (Lourenço), resolvi levar minha mãe (Marinete) em uma viagem de 25 dias pela Europa, para ajudar a superar a perda e afastá-</span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">la um pouco do clima pesado que ficou em nossa casa. No final de 81 e início de 82,</span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">viajamos.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Deixei tudo acertado no Banco do Brasil, através de promissórias rurais, no dia 15 de Dezembro de 1981, todos os pagamentos do algodão recebido dos maiores fornecedores e que ainda entregavam o produto. Preço feito, quantidade acertada, pagamento assegurado, viajei.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Quando estou no hotel em Viena, na Áustria, recebo um telefonema de Santa Cruz, era Fátima minha secretária, avisando que houve um erro do funcionário do banco, justamente no contrato de Luiz e precisava de um nova assinatura minha. Eu ainda demoraria duas semanas pra voltar. Foi o suficiente. Os brincalhões começaram a aperrear Luiz, dizendo que eu havia fugido com o dinheiro dele.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Luiz que acreditava em tudo, saiu falando com todo mundo dizendo:</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Chaga de Padim Lórenço, pegou meu dinheiro e danou-se pro "estrangeiro"e nem sei se </span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">volta mais. O pior é que Padim morreu e eu não tenho quem me ajude.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Mandei pedir pra Lourdes Apreciado, em quem ele confiava, que era chefe do escritório, para explicar que , que em 15 dias eu chegaria e acertava tudo.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Xavier, gerente do BB, também ajudou a tranquilizar o agoniado Luiz.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Papai quando deixou a gerencia da usina, dedicou-se inteiramente à fazenda e duas vezes por anos, vacinava o gado contra o baba (aftosa) e incentivava os vizinhos a também vacinar o rebanho deles.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Um dia encontrou Luiz e foi logo ouvindo, "bença padim",-Deus te abençoe, meu filho - respondeu papai- já vacinou seu gado ?</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Ainda não.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Pois compre a vacina na cooperativa que no domingo eu levo os homens pra vacinar.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Meia hora depois chega Luiz no escritório.-Pronto, comprei. Ô remeidim caro da mulesta, </span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">padim. Domingo eu espero o senhor.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">No domingo, logo cedo, papai pegou Manezão e Cassimiro, que trabalhavam na usina e seguiu pra Sto. Alberto para levar Zé Zuca, Zé Preto e Olinto Lourenço, para ajudar na vacina.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Chegando no Camará, o gado já estava preso, eram uma 50 reses, e começaram a laçar os mais mansos e vacinar.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Uma hora depois, já haviam vacinado mais da metade e restava só o gado mais arisco, então Lourenço pediu:</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Luiz, meu filho, traga uma parede (tira-gosto) pros homens tomarem uma, que aqui só tem "imbu".</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Luiz imediatamente gritou :- Joana , padim tá pedindo uns pedaços de galinha.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Salete prontamente trouxe e começaram a comer e beber. Recomeçaram a vacina e o gado mais arisco começou a dar trabalho, pra laçar e pegar "a muque".</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Mais uma hora e ainda faltando umas cinco reses, Lourenço pediu de novo, outra parede.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Luiz, levantou-se foi até a cozinha e disse, baixinho:</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">-Salete, bote logo meu almoço, antes que padim e esse cabras acabem com a galinha toda.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Chl</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Ago/2016</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>Chagas Lourençohttp://www.blogger.com/profile/10158398841184220226noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13590626.post-31525182779359357312016-08-19T05:19:00.000-07:002016-08-19T05:19:49.011-07:00O MOTORISTA DO PADRE<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Mosenhor Emerson Negreiros, foi pároco de Santa Cruz, por muitos anos. Foi responsável pela construção da atual Igreja Matriz, de Santa Rita de Cássia, edificada no mesmo local onde antes existia uma pequena igrejinha.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Tinha muitas atribuições na comunidade, além de administrar as capelas dos distritos vizinhos, como, Melão Japi, São Bento do Trairi, Campo Redondo, Lajes Pintadas etc. Para isso utilizava um Jeep Willys, que percorria todas essas localidades, com o auxilio de um motorista, Veludo.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O padre tinha um grande envolvimento com a comunidade e participava de ações comunitárias como esporte, música , teatro e cinema. Reunia alguns jovens, no alpendre da Casa de Dona Júlia, onde hoje é o Bairro 3 a 1, para tocar sanfona, violão e cantar.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Veludo era seu auxiliar de todas as movimentações e viagens. Era um negro forte, alto, risonho e brincalhão, toda a cidade gostava de Veludo.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Em uma de suas folgas, avisou ao padre que iria com uns amigos para uma festa de rua , com barracas e leilão, em Campo Redondo.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Chegando na festa, sentou-se em uma mesa e imediatamente pediu uma cerveja, casco escuro e super gelada; já botando banca.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">A cerveja chegou, começaram a beber, pediu mais outras, até que começou o leilão. A primeira galinha assada que saiu, Veludo arrematou, apenas levantando o braço, sem sequer saber qual o preço que estava. Continuou bebendo e arrematando, apenas as galinhas, que já somavam seis.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Já era madrugada, o leilão havia terminado, quando as pessoas começaram a ir pra casa e a festa dando sinais de terminar. Veludo , nessas alturas, já estava meio embriagado, mas bem consciente de tudo que se passava. Olhando para um lado da barraca, percebeu que a comissão do leilão estava passando nas mesas para arrecadar o dinheiro dos arrematantes. Veludo era um dos maiores.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Quando a comissão chegou na mesa vizinha, Veludo encheu um copo com cerveja, bebeu todo de um gole só, olhou para um lado e para o outro, revirou os olhos e caiu com o rosto em cima da mesa, quebrando garrafas, derrubando copos e o prato de farofa com os ossos das galinhas.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Corre, corre, acudam aqui - gritava o chefe da comissão do leilão.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Veludo, babava, revirava os olhos, roncava alto e respirava agitado com dificuldade.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Pega um carro e leva esse homem pra Santa Cruz agora, direto pra Maternidade (único hospital que existia), manda acordar Dr. Ferreirinha ou Dr. Demócrito para acudi-lo - ordenava Manoelzinho Norberto, tabelião.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Os amigos de Veludo que tinham fretado um jeep de quatro portas, para ir à festa, colocaram-no deitado no banco de trás e aceleraram para Santa Cruz. Depois da descida da Serra do Doutor, quando passou na Malhada Vermelha e entrou na curva do Riacho Fechado, de Joaquim Tavares e chegando na entrada para Lajes Pintadas, Veludo abriu os olhos e perguntou - Já passamos do Bento Nunes ? -Já, respondeu Meireles - já estamos chegando na entrada do açude do Alívio. Veludo levantou-se e disse:</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Vamos tomar a saideira lá em Maria Anjo, que eu faço um vale lá. Vou passar uns dois anos sem ir em Campo Redondo.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Todas as vezes que o padre ia pra lá, Veludo tinha febre, diarreia, dor de cabeça etc. mas pra Natal , não tinha doença que impedisse porque ele adorava a capital.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Mons. Emerson ia com frequência à Natal, fazer compras para a paróquia e resolver alguns assuntos da Diocese. Em uma dessas viagens ele pediu para veludo passar no Alecrim, na Igreja de São Sebastião, para trocar umas ideias com o pároco de lá. Entrou na casa paroquial, ao lado da igreja e Veludo estacionou o Jeep do outro lado da rua, na sombra de um "pé de fícus", em frente a uma padaria.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Eram quatro horas da tarde e Veludo já estava sentindo fome e sabia que só iria tomar uma sopa, mais tarde, lá nas Marias , depois da Reta Tabajara, pois o padre sempre parava lá. Justo nessa hora, a padaria começou a retirar do forno, o pão da tarde e o cheiro invadiu as narinas de Veludo, que encheu a boca d'água. Entrou na padaria, pediu um pão francês dos grandes, comprou 50 gramas de manteiga de lata de 18 kg, daquela que Dona Zefinha, vendia na padaria e Waldeci de Mário Pinto, vendia na feira, enrolada num papel celofane. </span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Encoutou-se no pé de fícus e começou a comer o pão. Nessa hora, passou uma senhora, elegante, bem vestida e puritana, que devia ir para a igreja se confessar; olhou pra Veludo, com desdém e falou, em um tom grave:</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Devia ter acanhamento, comendo um pão no meio da rua.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Veludo, bem calmo, olhou pra mulher e respondeu :</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Eu vou bem alugar uma casa só pra comer um pão.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Chl</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Ago/2016</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>Chagas Lourençohttp://www.blogger.com/profile/10158398841184220226noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13590626.post-65390742378281965262016-08-13T08:20:00.000-07:002016-08-13T08:57:24.227-07:00O LIVRO DO CARTÓRIOZé Fonseca era o tabelião do cartório de registros civis, antecessor de Manoel Soares de Oliveira, donominado Sgundo Cartório , o primeiro cartório era o de registro de imóveis, do tabelião João Ataídes Pereira.<br />
<div>
Naquela época todos os registros eram escritos à mão em livro próprio e com tinta líquida e pena ou caneta tinteiro.</div>
<div>
O tabelião José Fonsêca, chamado, Zé Fonsêca, costumava transcrever todos os registros de uma vez só, cada dia pela manhã, em seguida colocava o livro em um lajeiro raso que existia na frente de sua casa. Lá estavam todos os registros de nascimento, casamento e afins.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Um belo dia , após a transcrição de alguns registros, utilizando uma tinta novinha recém-comprada, Zé Fonseca, abriu o livro no lajeiro, embaixo de um sol brilhante de verão e entrou em casa para esperar a tinta secar e recolher , já devidamente seco no ponto de guardar na prateleira.</div>
<div>
Uma pessoa chegou para fazer um registro de nascimento e como era conhecida do tabelião, sentou-se e puxou conversa para atualizar os assuntos da cidade e contar as novidades dos amigos comuns.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Depois de uma hora e meia de conversa, Zé Fonsêca, pediu licença, levantou-se e saiu para pegar o livro. Tomou um susto, o bendito livro não estava no lajeiro. Ele correu até mais adiante procurando e percebeu em um canto da rua perto de uma pequena moita de mato e grama pé de galinha, uma coisa escura e logo percebeu que se tratava da capa do livro. Apavorado, pegou o livro , que só tinha as capas e levou pra casa. Na volta percebeu uma vaca que andava procurando o que comer, com os restos de umas folhas de papel na boca. Ele disse pra si mesmo:</div>
<div>
- A vaca comeu meu livro.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Voltou pra casa chateado e tratou imediatamente de comunicar ao juiz o acontecido , explicando que<br />
<br />
só alguns registros haviam-se extraviado. O juiz compreendeu e disse:</div>
<div>
- Espero que não haja confusão, quando alguém precisar de uma certidão de alguma desses registros perdidos.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Passado algum tempo, a cidade inteira sabia da história do livro. Aí aconteceu o primeiro caso, a mulher descobriu que o marido tinha uma amante e ameaçou a separação.</div>
<div>
- Vou deixar você, cabra safado, descobri que você tem uma rapariga, desgraçado.</div>
<div>
- Tenha calma mulher - dizia o marido, tentando acalmá-la, vamos tentar resolver com calma.</div>
<div>
- Calma o que, safado, vou agora mesmo no cartório pegar uma certidão do casamento e entregar pro juiz e pedir o desquite e a metade do que você possui.</div>
<div>
- Não adianta mulher - respondeu o marido - melhor ter calma e tentar resolver.</div>
<div>
- Não adianta por que, seu bandido safado ?</div>
<div>
O marido que sabia de tudo da história do livro , respondeu bem calmo.</div>
<div>
- A certidão que você quer pegar, tava no livro que a vaca comeu, então é melhor se acalmar.</div>
<div>
<br /></div>
<div>
Outras vezes que alguém procurava o cartório para pedir certidão sem importância e trabalhosa, Zé Fonsêca, não pensava duas vezes, respondia em cima da bucha.</div>
<div>
- Essa certidão tava no livro que a vaca comeu.</div>
<div>
A partir daí, sempre que existia dúvida em qualquer evento onde se perguntava, " Ele tem certidão?" , a resposta era sempre a mesma, " Tem, mas tá no livro que a vaca comeu" .</div>
<div>
<br />
Chl<br />
Ago/2016</div>
Chagas Lourençohttp://www.blogger.com/profile/10158398841184220226noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13590626.post-80799844033769269592016-07-23T02:54:00.000-07:002017-08-17T09:36:15.534-07:00O LEILÃO DE SANTA RITA<br />
<div dir="ltr" style="background-color: white; color: #222222; font-family: arial, sans-serif; font-size: 12.8px;">
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Era um dia 22 de maio, dia de Santa Rita, feriado em Santa Cruz e dia do leilão da igreja e da procissão da Santa.</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Lourenço que morava na casa da esquina do riacho com a Ferreira Chaves, pela manhã, mandou chamar João de Gan, que morava perto, para lhe pedir um favor.</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">-João, estou indo à Natal atender um chamado de Seráfico, para uma reunião no escritório de Nóbrega & Dantas. Hoje é feriado aqui, mas em Natal não é.</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O que eu preciso de você é que me represente no leilão de Santa Rita, que todo ano eu dou um garrote e nunca, nenhum, saiu da fazenda porque eu mesmo arremato e é uma forma de contribuir com dinheiro para a igreja.</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Tire por qualquer preço que quando eu chegar, acerto tudo.Vou fazer o possível para chegar na hora da procissão.</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">João, tirou o pente do bolso, penteou a cabeleira e disse:</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">-Pode deixar que eu resolvo.</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Pegou no bolso a carteira de Continental, amassou na mão, tirou um cigarro, acendeu e subiu para o Mercado.</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Próximo da hora do leilão, Mané da Viúva , já todo pronto, ia saindo de casa quando dona Rosa falou,"Manoel, arranje um peru pra gente comer hoje, que os meninos estão doidos pra comer peru, Romualdo já anda correndo dentro de casa gritando gulu, gulu.....</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Mané virou-se e disse:- Deixe comigo. </span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Chegou no Mercado, administrado por Anísio Carvalho e o gerente da cisterna, seo Badaneco, já estava tudo organizado e o povo começando a chegar e se sentando nas bancas para participar do leilão.</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Pegou o microfone para testar, com a voz aguda e estridente e foi gritando:</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">-Bom dia, filhos de Santa Rita.</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O leilão sempre começava com as doações de menor valor como, cacho de cocos,melancia, melão, cacho de bananas, depois entrava nas galinha, perus, bodes, ovelhas e finalmente nos garrotes. </span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Mané,colocou o microfone em baixo do braço, bateu palmas bem fortes e aí um peru começou, glu glu, glu, ele imediatamente, aproveitando que ainda tinha pouca gente no local, pegou de volta o microfone e gritou:-Esse peru já tá fazendo zoada pra atrapalhar o leilão, quem vai primeiro é ele e é 50, quem dá mais ? ninguém ? dou-lhe uma , dou-lhe duas e dou-lhe três, vendido.</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O povo ainda tava meio frio, ninguém se manifestou nem deu lance. Os olhos de Rosemilton, chega brilharam a boca encheu d'água e ele pensando, "hoje depois da procissão, vou comer a moela desse peru. Mané, tinha arrematado o peru e mandou logo um rapaz que trabalhava no leilão levar na casa dele.</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Mané da Viúva, foi o maior "chamador"de leilão que conheci em toda minha vida. Tinha uma voz aguda, estridente que nem precisava de microfone.</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Dizia piadas, brincadeiras, dava "gaitadas"(risadas longas) , animava e levantava o astral de todo mundo que participava do evento.</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">O leilão transcorreu normalmente, com grande participação e chegou nos garrotes. </span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">-Um garrote, doado por Zé Lino da Baixa-Verde, João Umbelino do Chapado,Zé Dantas do Mazaú, Benedito de Chana da Várzea Grande, Zé Carneiro da Pedra, Zé Tororô da Pedra,Afonso Boca Rica da Oiticica, Antônio Lourenço Maia do Araraú,Miguel Farias do Bom Jardim, Furtado da Ramada, Antonio Ferreira da Boa Vista, Zé Andrade da Jurema, Nilson Lima de Passagem do Meio, Chico Adriano do Cugi, Raimundo Galvão da Boa Hora, Miguel Cury de São João, Dr.Gentil do Umbuzeiro, Dr.Clodoval da Malhada Grande,João Lourenço de Santo Antônio, Severino Lourenço do Exu, Ivhaí Ferreira do Mundo Novo, Clovis Medeiros das Queimadas, Mário Dantas dos Angicos, Major Dedé de São Joaquim, Miguel Andrade de São Francisco....</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">E muitos outros, até que chegou em Lourenço de Santo Alberto, João de Gan ficou gelado.</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Mané da Viúva gritava:-Um garrote de Lourenço, que hoje não está aqui, mas tem João de Gan, seu cunhado, para representá-lo. E aí João, quanto vale esse garrote, que já deve ser quase um touro ?</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">João acanhado, sentado numa banca, falou,"dou 100" e Mané,"100 ? é muito pouco, quem dá mais?</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Miguel Farias que assistia e era um dos responsáveis pelo leilão, sabendo que Lourenço sempre arrematava os garrotes dele e para aperrear João de Gan, gritou: - dou 200.</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Mané da Viúva deu uma gaitada alta e disse:- Êiitaaa, dobrou o preço. E agora João ?</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">João, tirou a carteira de Continental do bolso, amassou com a mão, várias vezes, tirou um cigarro, acendeu e falou baixo,"dou 300".</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Antes de Mané da Viúva falar, Miguel Farias, gritou "dou 500".</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Os garrotes eram arrematados em uma faixa de 150 a 300.</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">João deu um pulo da banca e disse;-Miguel você tá querendo esculhambar o negócio, eu vou é embora. E saiu.</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Mané da Viúva arrochou o grito:-Lourenço dessa vez vai ficar sem o garrote, alguém dá mais ? Não? dou-lhe uma, dou-lhe duas, dou-lhe três, vendido pra Miguel Farias e o garrote vai comer capim agora na Fazenda bom Jardim.</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Quando papai chegou de Natal, procurou logo João e foi dizendo,"quanto é que tenho que pagar do leilão?" João disse, "eu não tirei não, que ficou muito caro e Miguel Farias esculhambou o negócio, botando o preço lá pra cima.</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Papai perguntou, "e o dinheiro era seu?"</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Depois procurou Miguel, que disse que não queria o dinheiro, queria o garrote.</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Eu mesmo entreguei um belo garrote Tabapuã, que ele usou como touro por muito tempo.</span></div>
<div style="color: black; font-family: "Times New Roman"; font-size: medium;">
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Chl</span></div>
<div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
</div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Jul 2016</span>Chagas Lourençohttp://www.blogger.com/profile/10158398841184220226noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13590626.post-5936292589862594272016-07-16T09:44:00.002-07:002016-07-16T09:44:45.498-07:00MARIA GORDA<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Maria Gorda, era dona do cabaré mais famoso de Santa Cruz, tinha alguns concorrentes, mas ela era a casa mais frequentada. Os maiores concorrentes, eram, Chicó de Maria Anjo, o Copacabana de Michael e Gonzaga de Chio.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Existem muitas histórias do cabaré de Maria, que envolvia personagens da cidade.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Uma delas, um funcionário do BNB, que adorava uma cervejada e ouvir música, mas era casado, frequentava as festas sociais da cidade e tinha uma mulher muito braba. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Um dia, começou a beber no BNB Clube e quando foi anoitecendo, resolveu continuar a farra, em Maria Gorda. Chegando lá, sentou-se numa mesa pediu umas cervejas e começou a beber e ouvir música.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Com a demora de chegar, a mulher, que sabia que ele estava no BNB, dirigiu-se pra lá, para levá-lo pra casa, pois ela sabia que ele gostava de emendar na bebida. Não o encontrando no clube, perguntou se alguém o viu e a mulher de outro bancário, em solidariedade, disse que ouviu ele dizendo na saída, vou tomar uma lá no gango de Maria Gorda e vou pra casa. Ela se informou onde era o gango e partiu pra lá. Passou de frente a igreja, se benzeu, pediu perdão a Deus, se por acaso houvesse uma morte, passou na esquina de Edvaldo e desceu pra lá.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Chegou na porta , perguntou se ali era Maria Gorda, disseram que sim e já começou a juntar gente. Ela pegou os três filhos pequenos e foi entrando, viu uma mesa com umas cervejas e vários copos, sem ninguém sentado. Os amigos quando a viram correram e ele tinha ido ao banheiro, quando voltou que viu ela sentada na mesa, correu pra lá e foi gritando:</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">-Você tá louca, o que é que você tá fazendo aqui ? Ela respondeu:</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">-Vim tomar uma cervejinha com você e dar um lanche pras crianças, pense num barzinho animado.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ele pegou ela pelo braço e saiu puxando para o carro com as crianças, e sumiram.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Eu gostava muito de Maria e ela gostava muito de mim, ao ponto de nas minhas farras até na madrugada eu me dirigia pra lá, ela separava um quarto pra mim e dizia, "Jeci, dê um copo de leite a Chaguinha e não deixe as meninas perturbarem ele não, que ele já tá muito bicado e quer é dormir.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quando os meus amigos iam para a fazenda, correr atrás de boi, no final da tarde, quando voltávamos, íamos direto pra lá. Uma mesa perto do balcão com cerveja ,tira-gosto e música de Waldick Soriano. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ela avisava logo as meninas:-Não vão naquela mesa não, que eles vieram só pro bar, e a conta é grande, façam o trabalho de vocês com os outros fregueses.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Numa dessas vezes, chegamos por volta das oito da noite e começamos a beber,ela chegou perto do meu ouvido e cochichou,"Vocês só podem ficar aqui até as 10h" por que? eu perguntei, ela me disse, "ordens do Capitão Pereira, tem que fechar 10h". Quando deu 10h ela fechou tudo e eu disse, "Maria, bote a música baixinha, apague as luzes do salão e nós vamos para um quartinho lá atrás e Jeci fica colocando as cervejas por cima da meia parede",assim fizemos.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Éramos eu, Eduardo Tabica e Gondim Bagadinho. Ficamos os três ouvindo Waldick e tomando as cervejas, sentados em uns tamboretes.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Escutamos um barulho forte e olhamos para o portão dos fundos que foi derrubado com um chute e entraram dois soldados:</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">-Vocês estão presos, por ordem do capitão. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Eu argumentei, "amigo aqui é propriedade particular, eu aluguei esse quartinho e você só pode entrar com um mandado". Ele disse:-Eu não quero nem saber, ordem é ordem.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Na mesma hora Gondim puxou do bolso, uma carteira de oficial da reserva do exército, NPOR, e apresentou e foi logo falandro:-Enquadre-se soldado, sou um oficial do exército. </span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Confesso que gelei e pensei, agora vamos presos mesmo, mas os soldados se enquadraram bateram continência e um cabo falou - Permissão pra me retirar.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Gondim respondeu, "saiam daqui e não olhem nem pra trás."Na mesma hora, entramos no carro e fomos pra casa da rua do riacho, onde eu morava.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No dia seguinte, 5 horas da manhã, chega Maria Gorda lá em casa, gritando na calçada:-SEO LOURENÇO, SEU LOURENÇO......</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Papai saiu, "o que foi Maria, uma hora dessas"?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">-Chaguinha teve lá em casa ontem com uns amigos, depois das 10h e o capitão mandou prender as meninas todinhas, lá de casa.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Papai disse, "fale com João de Gan, que é amigo do capitão, que ele solta".</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">João soltou as meninas.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No carnaval, a criançada ia para o Trairi Clube, na matinê e um belo dia chega Maria Gorda com os filhos pequenos na porta do clube, foi um reboliço grande de algumas senhoras da sociedade, querendo impedir a entrada dela e dos filhos. João de Gan, era o presidente do clube e foi chamado imediatamente. Chegando lá, pegou Maria pelo braço e as crianças dela e levou pra dentro do clube e disse, "pode trazer seus filhos todos os dias de carnaval, com ordem minha, o cabaré é lá e aqui é pras crianças brincarem".</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Teve um tempo que eu criava muitos bodes lá na Serra do Espinho e um dia Helenildo do restaurante, falou pra me comprar um carrada de cabritos. Negócio feito pegamos os cabritos em um caminhão e mandamos direto para o matadouro. Eu disse, "Helenildo, vá pesando os cabritos e de vez em quando mande um fígado e um coração ali pra Maria Gorda, pra tomar com cerveja, que eu vou esperar lá". Nesse dia quem estava comigo lá era o amigo Hugo Tavares.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Antes de ir pegar os bodes eu passei lá em Maria, que eu vivia muito no matadouro e preveni pra ele comprar uma grade de cerveja e botar no congelador. Começamos a tomar cerveja com coração, fígado e rim dos cabritos.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quando terminou tudo, Helenildo chegou com o peso e eu disse, "Maria, veja minha conta, que eu já vou embora". Ela já tava com o papelzinho na mão e me entregou, eu disse," Maria, que cerveja cara da bixiga é essa" ?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ela falou:- São as cervejas, os ovos cozidos (coloridos), a conta do SAAE e a conta da luz, que a coisa tá "rim" meu fíi e eu só posso me pegar com você.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Paguei, feliz.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Uma amiga, Beth Jatobá, certa vez me pediu, "Chaguinha, arranje uns cinco votos pra papai (Bigodão, Bezerra do Acari), pra deputado." Eu prometi arranjar.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Peguei quatro pessoas da minha família e disse pra mim mesmo, vou fazer um teste com Maria Gorda, que ela falou que votava em quem eu pedisse, e fiz o pedido. Por segurança, incluí mais duas pessoas, no caso de falhar algum. Saíram sete votos pra Bezerra em Santa Cruz, Maria Gorda era de inteira confiança.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Como eu ia , praticamente, todos os dias ao matadouro, pesar gado, passava sempre no portão dos fundos da casa de Maria. Um dia, ela estava me esperando. Quando me aproximei, ela que tava sentada num tamborete no portão, levantou e saiu correndo com o braço levantado pro lado do carro. Parei e perguntei, "o que foi que houve Maria"?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">-Meu fíi eu tô alejadinha, não aguento mais dormir em colchão de capim, você tem que me arranjar um colchão.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">"Tá certo Maria, vou resolver".</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Saí de lá, entrei na rua grande, rua da feira, fui lá em Quinha e disse, "Quinha eu quero um colchão e quero um favor. -Pois não Chagas, pode dizer.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">-Pegue esse colchão, leve lá em casa, pegue o meu que ainda tá novinho e deixe lá na casa de Maria Gorda.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No outro dia de manhã, quando passei na frente do quintal dela, ela gritou:-Meu fíii, já tô melhor da coluna, você é um anjo, amor.....</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Chl</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Jul/2016</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>Chagas Lourençohttp://www.blogger.com/profile/10158398841184220226noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13590626.post-41414273375072491832016-06-04T04:44:00.001-07:002016-08-18T06:01:39.150-07:00HOJEInfância e juventude<br />
Inocência e alegria<br />
Perigos constantes<br />
Irresponsabilidade irrestrita<br />
Bebida abundante<br />
Sexo selvagem<br />
Amizades construídas<br />
Formação consolidada<br />
Atravessamos.<br />
Chega um tempo diferente<br />
Filhos e netos<br />
Sabedoria<br />
Alegria planejada<br />
Experiência adquirida<br />
Protegendo riscos<br />
Bebida moderada<br />
Escolhida e selecionada<br />
Sexo maduro, suave<br />
Bem feito, gostoso<br />
Amizades que restaram<br />
As verdadeiras<br />
O pra trás, pouco interessa<br />
O pra frente, nem imagino<br />
Toda a energia e prioridade<br />
Toda intensidade possível<br />
Para HOJE.<br />
<br />
Chl<br />
Jun/2016<br />
<br />
<br />Chagas Lourençohttp://www.blogger.com/profile/10158398841184220226noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13590626.post-49029232001887292272016-03-05T07:45:00.001-08:002016-03-05T13:10:08.918-08:00CARTAS DE BERTENIO III<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Chaguinhas,</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Hoje veio uma comissão da Secretaria de Saúde do Estado, aqui em casa para me pedir o obséquio de inspecionar algumas casas aqui perto da minha, para ensinar a controlar e evitar os focos de muriçoca que estão tomando conta da cidade. Aceitei a missão e fui montar minha equipe.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Chico Zé, que vive na bomba de Sérvulo e vem muito aqui em casa, tomar um cafezinho, foi um dos que chamei pra me ajudar. O nome todo de Sérvulo, como você sabe, é Sérvulo Orago da Cunha, de tanto Chico andar por lá, ajudando a abastecer os carros, pegou o apelido de Chico Cunha.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Pedi pra Chico, começar por trás da minha casa, na cerca de garrancho do campo 4 de Março e fui me encontrar com Antônio Borges, que é especialista em caçar focos de muriçocas, na esquina da casa de João Lucas. Ele chegou e fomos juntos pela rua da praça, passamos na casa de Manoel Macedo e quem estava na porta era Rita Onofre (Rita Oião) e na casa de João Umbelino, estava dona Severina, arrumando umas mercadorias, para colocar no Jeep dela, que estava parado na frente. Munheca e Roberto estavam brincando de boi de osso no quintal de casa e Umbelino havia saído com o pai para o Chapado.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Seguimos, passamos na casa de Elias, de Dilermando e Dona Beatriz, depois na livraria de Dalva de Melo Lula e chegamos na esquina da casa de dona Ana de Balelê, só quem estava em casa era Nailda, a mãe tinha ido ao Massapê. Na esquina encontramos Elias, com os tambores de gasolina e orientando o trânsito da rua Ferreira Chaves, e ficava falando:-Os documentos de trânsito é com Chico Dadão, mas o controle aqui desta esquina é meu.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Chico Cunha, revisou o avelós todinho, daquele lado do campo, onde as burras de Meireles andavam comendo o capim da beira da cerca, encontrou com Anísio Carvalho e Almeida, o pernambucano, classificador de algodão, que veio pra Santa Cruz, trazido por seu Fiúza, pra trabalhar na usina e que gosta muito de futebol. Estavam esperando o time pra fazer um treino.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Chegou na esquina, na casa de Zé Rodrigues e dona Noca e encontrou Arquibaldo, filho de Artur, pesador de algodão da usina, e começou a inspeção por lá. Desceu, passou em Zé Macedo, tinha uma fila de menino, do Quintino Bocaiuva, comprando poli na janela, passou em Tito, Leni foi quem atendeu e Hildebrando tava ensaiando algumas notas no clarinete na sala, entrou na usina, encontrou Sebastião Vitor, que era o chefe da fábrica de óleo, fizeram a revista e ele saiu pra casa de Zé Pinto, Ritinha foi quem atendeu. Dos filhos só tina Valdir em casa.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Eu e Borginho, saímos da casa de Balelê e fomos pra casa de Manoel Soares, do cartório e Joabel, Manu estava na área e eu brinquei com ele, pegando no lubim que ele tem no braço, dizendo:- Isso é que é muque.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Passamos em Zé Viterbino, depois em Afonso barbeiro, Ribeiro estava lá e me contou que o caminhão de Chinês, com Toinho dirigindo, tinha passado por cima do pé de Marcos, que é muito novinho ainda e tava deitado com o pé enfaixado.Depois passamos em Zé Andrade, Maria Andrade estava lá e fomos pra casa de dona Inezinha Rocha, perguntei por Miguel, ela me disse que ele estava se preparando para ser naval, ia viajar pra aí pro Rio, quem estava na sala era Marta Rocha e Aparecida de Ivahí, tinha acabado de sair com Tetê.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Do outro lado, Chico passou na fiação de seu Bianor, encontrou com o mecânico Assis Segundo, conversando com Luiz Matias , passou em dona Titi, engomadeira e foi esperar na esquina do riacho, na casa de Inácio pintor, pai de Severino da Burra, dona Gonçala estava em casa cuidando de Salete, que é novinha.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Fui pra casa de Antônio Nunes, que tinha viajado na Lambreta com Maria Rocha na garupa pra Lajes Pintadas, pra vender tecido, </span><span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">encontramos Bila ,Geraldo Golinha, sobrinho dele, brincando com Serafim, as meninas estavam todas em casa, Marilda, Gorete, Betinha, Margarete e Fátima , recém nascida, estava no berço.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Chegamos no escritório da usina e vi, Tota Piçoca e Chuta, catando pluma nas estopas de algodão, no beco do escritório. Encontrei seu pai, compadre Lourenço, conversando com Acácio; Jorge Quintiliano e Socorro de dona Litinha estavam na máquina de escrever. Seu pai me disse que a safra vai ser grande e vai contratar mais gente. Fiquei satisfeito porque ele pediu pra mandar Narcilio, meu filho lá e que também ia chamar o filho de Joca Moreira, Milton, e Lourdes Apreciado, irmã de Maria de Augusto Fernandes e de João Apreciado do caminhão.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Passamos na casa de Neno, que estava na esquina da rua do Burro Seco, conversando com Paizoca, Manoel Freire e Luiz Fernandes, motorista da usina, acertando uma viagem com pluma pra são Paulo. Passamos na casa de Chinês, Cleonice estava lá, com Socorro, Rosa e Graça, Toinho estava em Jeó, fazendo um caminhão de lata com Joaquim Segundo. Passamos em Maria Rocha, estava fechada e fomos pra Artur Quintiliano, depois Jeó e o BNB.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Do outro lado, Chico foi para o armazém de Manoel Santana, entrou no beco, foi na casa de João Serafim e do Cego Acácio, encontrou Didia, Chico e Marola brincando na rua. Entrou por trás, na casa de seu Aquino, encontrou Benedito e Silula, depois foi pra casa de Alexandre Confessor e dona Severina, encontrou Mimi na sala e no quintal estava Edgar, brincando num galamate de madeira.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Foi pra casa de seu Absalão e dona Cabôca, encontrou Zé Crisóstomo, Têca e Mariquinha, depois saiu pra casa de Chico Bento, só estavam, Paulo e Zé Bento.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Borginho achou um foco no esgoto no quintal do BNB, que dava no riacho e colocou veneno pra acabar com o foco. Atravessamos o riacho, passamos na sua casa, depois na casa de Manoel Santana e Maria e na casa de Arnaldo Eletricista, entramos na casa de Euclides Ribeiro e estavam dona Mair, Oswaldo, Leto e Itamar, Sonia muito pequena estava dormindo no quarto, passamos na casa de Pedro Rodrigues, estavam Teté e Mosa e entramos no quintal porque ele tinha umas vacas de leite lá. Borginho achou outro foco e pulverizou.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Chegamos no terreno que dr. Cassio Medeiros está fazendo uma casa pra João de Gan e depois na bodega de dona Mariinha de Zé de Gan, sua avó. João estava sentado no birô da bodega e dona Maria no balcão, Joanize, conversava com Julieta (Lêta), fomos pra Ribeiro e dona Joaninha, no alpendre estava cheio de mercadoria que ele vende na feira. Anita e Tereza estavam sentadas no alpendre. Saímos, passamos na pedra grande e chegamos no lajeiro em frente a Clodoval, pra ver se tinha alguma poça e fomos pra casa grande do Alto.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Clodoval tinha saído para o fomento com Manoel Vital, estava Luzia que nos recebeu e Zé Lopes com um brejeiro na boca, que só com a catinga já matava os mosquitos. Biluca botou a cabeça na porta e correu pro quartinho dela, arrancando os cabelos de um em um. Lá no curral da vacaria, estavam Pataca, Robério de seu Gato, Zé Pinzel , Carrapeta e Pacote, olhando um gado que eles trouxeram da furna.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Chico, já tinha passado na casa de Rosalina e veio nos encontrar, pra fazer um balanço da revista das muriçocas, e voltamos pra minha casa.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Por hoje é isso Chaguinhas, fique com Deus.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Bertênio.</span>Chagas Lourençohttp://www.blogger.com/profile/10158398841184220226noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13590626.post-64697154242493382222016-02-28T03:27:00.000-08:002016-02-28T03:27:17.251-08:00MENSAGENS CIFRADAS <br />
<div style="color: #454545; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
<br /></div>
<span style="color: #454545; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">Um filete tênue</span><br />
<div style="color: #454545; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
de desejos líquidos</div>
<div style="color: #454545; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
penetra</div>
<div style="color: #454545; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
impulsionado por sonhos</div>
<div style="color: #454545; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
em uma fresta singela</div>
<div style="color: #454545; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
do sentimento distante </div>
<div style="color: #454545; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
em voz grave</div>
<div style="color: #454545; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
de cochichos</div>
<div style="color: #454545; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
exprime paixões </div>
<div style="color: #454545; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
com sussurros breves</div>
<div style="color: #454545; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
descreve ternuras</div>
<div style="color: #454545; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
ouvidos atentos</div>
<div style="color: #454545; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
em anseios outros</div>
<div style="color: #454545; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
realizando tudo</div>
<div style="color: #454545; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
em mensagens cifradas.</div>
<div style="color: #454545; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
<br /></div>
<div style="color: #454545; font-family: UICTFontTextStyleBody; font-size: 17px; text-decoration: -webkit-letterpress;">
Chl.</div>
<div>
<br /></div>
Chagas Lourençohttp://www.blogger.com/profile/10158398841184220226noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13590626.post-81998393337570025482016-01-20T05:14:00.002-08:002016-03-05T13:10:23.111-08:00CARTAS DE BERTENIO II<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Chaguinhas,</span><br />
<div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Hoje a notícia não é muito boa, mas mexeu muito com a população de Santa Cruz e deixou muita gente consternada.</span></div>
<div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Houve um lamentável assassinato, resultante de uma briga de dois agricultores aqui do município.</span></div>
<div>
<br /></div>
<div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">João do Inharé voltava da feira junto com Bondade, passaram na casa de Chico Bento, no final da rua que você morava, a Ferreira Chaves, para uma prosa com o pessoal que também vinha da feira , tomaram umas bicadas de cana e seguiram viagem.</span></div>
<div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Passaram pela casa do finado Antônio Henrique de Medeiros (Antônio Calixta) e Dona Maroca, no Alto, onde mora Clodoval, falaram com Luzia que tava na calçada e acenaram para Biluca, que tava sentada num canto do corredor, arrancando os cabelos, um por um e rindo ; passaram na frente da casa de Antônio Justino (Piçoca) e seguiram para a Malhada Grande, pararam na Braúna da Mijada, perto do cruzeiro, cheio de bonecos, pés e braços de madeira, das promessas do povo e subiram a ladeira da casa de Ascendino do DNOCS.</span></div>
<div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Quando passaram na casa de Ascendino, já existia uma discussão. Diz Carrapeta, vaqueiro de Clodoval, que eles começaram a discutir quando saíram da Braúna da Mijada. Pacote, que estava na beira do rio , pegando umas piabas, ouviu também os dois falando alto. Ascendino tava na calçada, acenou pra eles e só Bondade respondeu, João nem olhou pra ele.</span></div>
<div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Pois bem, seguiram na estrada do Imbú, atravessaram a estrada que vai pra Currais Novos e pegaram o rumo do Inharé. Sei desses detalhes, porque como Delegado Civi, colaborei com a polícia, a pedido do Tenente Bento de Medeiros, Delegado da cidade. Ainda perguntei à Maria Freire, do Imbu, se ela tinha visto alguma coisa, mas ela não sabia de nada.</span></div>
<div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Por volta das quatro horas da tarde, chegou um rapaz num cavalo na delegacia e comunicou ao delegado que seu Bondade estava morto na estrada do Inharé, com umas pauladas na cabeça. </span></div>
<div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Depois dessas informações que foram colhidas das pessoas que tinham falado com os dois, o Tenente Bento, foi pessoalmente com dois soldados, prender João, na casa dele. João se entregou sem resistência e se mostrava arrependido, pois o efeito da cachaça estava passando. Chegou na delegacia já era boca da noite, mandou chamar meu irmão Severino Dobico, que era o carcereiro e trancafiou o criminoso.</span></div>
<div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">No dia seguinte, o Tenente Bento de Medeiros, mandou João colocar o caixão com o corpo do finado Bondade na cabeça e levar sozinho até o cemitério. Saiu da cadeia, entrou pela rua do Riacho, passou do lado da casa que você nasceu, na esquina da Ferreira Chaves, do lado da casa de Joaquim Pintor, pai de Severino da Burra,onde tem um pé de Flamboyant, que tá florido, na casa de dona Titi, engomadeira, pela usina e subiu a ladeira da maternidade até o cemitério, onde colocou o caixão na cova, com a ajuda do coveiro, mas enterrou sozinho. </span></div>
<div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Por hoje é só isso, não é uma boa notícia, mas você precisava saber.</span></div>
<div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Todos nós ainda estamos chocados.</span></div>
<div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Grande abraço do sempre amigo,</span></div>
<div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span></div>
<div>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Bertênio.</span></div>
Chagas Lourençohttp://www.blogger.com/profile/10158398841184220226noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13590626.post-27301654427943688932016-01-18T07:10:00.000-08:002016-03-05T13:10:40.153-08:00CARTAS DE BERTENIO<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Gostei tanto dos escritos do jornalista , meu amigo e conterrâneo Rosemilton Silva, com suas conversas com a cumade Maria Gorda, Michael, Gonzaga e outras figuras folclóricas de Santa Cruz, que resolvi escrever cartas fictícias como se fossem as cartas que recebia e escrevia para Berthênio.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Berthênio era como eu chamava meu querido amigo, José Piscínio de Oliveira ( Zé Dobico),de Santa Cruz, que trocava correspondências comigo, nos idos de 1965/66, quando eu era estudante no Rio de Janeiro.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Querido Chaguinhas,</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Aqui está tudo bem, todos com saúde, graças a Deus, só a minha responsabilidade que aumenta, cada dia , mais.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Como você sabe, sou quase vizinho de Dr. Aldo Pessoa, Juiz da nossa cidade, que você conhece muito bem, até mais do que eu.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Pois veja você, Dr. Aldo, quando não está no carteado lá no clube, no jogo de Belízio, junto com Miguel Farias, Pitico, Antônio de Hosana, Zéluce, Josias Azevedo, Zé Aurélio, está em casa, aqui na praça e não aceita barulho de tamanho nenhum , no toca-fitas dos carros. Ontem esteve aqui na minha casa e deu uma ordem:</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- Você , seu José Dobico, como Delegado Civil , tem o dever de coibir esse abuso, dos rapazes nos bares, com o som do carro muito alto.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Eu respondi na hora,-Pois não excelência, vou tomar minhas providências.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Chaguinha, hômi de deus, primeiro, procurei saber o que mulesta era "coibir", que eu soube que era "empatar" os meninos de fazer zoada, depois fiquei até de noite, na hora que eles encostam no Bar do Ponto, para tomar minhas providências.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Você sabe que eu só permitia você , naquele fusca branco, fazer uma zoadinha, pequena, aqui na frente, primeiro porque é filho do meu compadre Lourenço, que além de ser meu amigo, foi meu hóspede, quando era solteiro e depois porque você namorando com a filha do Juiz eu tenho mais moral pra dizer a ele, que é gente de casa, mas outros cabras, principalmente de fora, não vou permitir.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Pois num é que ontem de noite, eu já tava quase cochilando, quando chegou correndo, aqui em casa, Caldo de Batata, filho de Dr.Aldo, dizendo que tem uma Kombi, com placa de Cuité, com o som nas alturas, em frente ao Big Bar, o bar dos meninos de Barros Pretos de Lajes Pintadas.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Imediatamente mandei Neífe que estava conversando aqui na calçada para avisar ao dono do carro, para baixar o som. Neífe, voltou e disse que o cara não ia baixar. Na mesma hora pedi a Neífe para ir até à delegacia falar com o Capitão Pereira, para enviar uma guarnição da PM.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Esperei uma meia hora e chegou Neífe com a guarnição na minha casa: O Sargento Pacheco, o Cabo Miguel e o soldado Andorinha. Eu imaginei na minha cabeça, "agora vai".</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Na frente do pelotão me dirigi para o bar, passei na frente da casa do Juiz, ele estava sentado na sala, esperando o resultado. Lá em casa, Mariinha foi tomar uma garapa de rapadura, pra se acalmar e Do Céu, sua querida amiga, ficou olhando na janela, agarrada com um terço, rezando.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Quando cheguei lá, dei a ordem, -Baixe o som do carro ou faça o favor de se retirar, que está perturbando a ordem pública. O cabra perguntou:</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">- E quem é o senhor, com essa autoridade toda ?</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">-Sou, José Dobico, Delegado Civil da cidade e estou com uma guarnição da Polícia Militar. Aí, tomei um susto quando Pacheco gritou:- Sentido, apresentar armas, para Cabo Miguel e Andorinha, um com um revólver 32 e o outro com um cassetete.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Foi quando, para minha sorte, o cabra falou, - Ah! seu Zé Dobico do hotel, sou filho de Ascendino de Cuité, que conhece o senhor e se hospeda lá quando vem fazer negócio aqui. Vim deixar um dinheiro de agave e aproveitei pra tomar uma aqui no bar, mas já tou indo embora.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Aqui sim, tem moral, lá em Cuité é uma esculhambação, a zoada dos carros nas bodegas.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Foi-se.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Do Céu manda lembrança e está lhe esperando pra tomar o cafezinho que você gosta. Receba meu abraço e fique com Deus.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Seu sempre amigo,</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;">Berthênio.</span><br />
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: "verdana" , sans-serif;"><br /></span>Chagas Lourençohttp://www.blogger.com/profile/10158398841184220226noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13590626.post-63388700483385161152016-01-17T06:28:00.002-08:002016-01-17T06:28:43.832-08:00A VIAGEM DE GERALDO COSTA.<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">José Ferreira de Medeiros, Zé Dadá, era farmacêutico e foi vice-prefeito de Santa Cruz, quando o prefeito era João Bianor Bezerra.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Casado com Tereza Medeiros, Zé Dadá era o pai de Carluce Medeiros, Celúzia , Joseluce, Feluce e Celuta e morava na Praça principal da cidade.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Feluce Medeiros, assumiu a farmácia de Zé Dadá e dirigiu por muitos anos.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Casado com Ana Maria Damasceno, filha do comerciante Zé Dadão, que era uma das moças mais bonitas de Santa Cruz.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Vizinho de Sebastião Rocha, Bastião da Farmácia, na Rua Grande, Feluce começou a sentir o peso da concorrência.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Bastião chegava cedinho na farmácia e só saía quando anoitecia, trabalhava muito, permanentemente com um charuto na boca, ora fumando, ora mastigando, ele consumia uns três ou quatro por dia.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Atencioso, muito trabalhador, profundo conhecedor do ramo que trabalhava, Bastião foi tomando conta da freguesia.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Um belo dia, Feluce resolveu se desfazer do negócio. Ana Maria tinha um comércio de confecções, bem movimentado na praça.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Ele tinha uma propriedade no Catolé e resolveu investir lá. Foi ao BNB, para fazer um financiamento para o sítio. Fez o projeto, levou toda a documentação necessária e pediu o empréstimo.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">O banco, como é de praxe, colocou o projeto para análise e indicou um fiscal para visitar a propriedade, Cordeiro.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Cordeiro pessoa muito querida na cidade, foi à praça de carros de aluguel, para alugar um carro, e fazer a vistoria do sitio ; escolheu o jeep de Geraldo Costa. Acertaram tudo para no dia seguinte cedinho fazerem a viagem.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">No outro dia, logo cedo, Geraldo tomou um café no Galego da praça, para colocar os assuntos em dia e foi para a casa de Cordeiro, que era vizinha ao banco.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Cordeiro já estrava pronto. Perguntou:</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">-Seu Geraldo, quer tomar um café? Não, obrigado, já tomei no café do Galego de Noêmia, respondeu Geraldo.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Galego era filho de Noêmia e Luiz Dadá, primo legítimo de Feluce.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Entraram no jeep e saíram. Cordeiro puxou logo assunto:</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">-O senhor conhece bem a região ?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Geraldo deu uma risada gostosa e disse :- Doutor Cordeiro, eu sou daqui, da família Costa, que tem terras no Araraú, Baixio do Roçado, Oiticica, Pedra Grande e Tanquinhos, até o Pau de Leite, divisa com Sitio Novo, tudo "anêxo" da região que nós vamos.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Geraldo viu que Cordeiro ficou boquiaberto com o conhecimento dele, aí apurou-se.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Nós vamos pela Terra Firme, que é na entrada da Furna, mas entro pelo açude do Alívio, passamos na Glória, perto do Imbu, entramos no Feijão de Dr. Paulo Galvão, casado com dona Cleonice, filha do Desembargador Tomás Salustino , aí chegamos em São Joaquim, do Major Dedé, José Henrique Dantas de São José de Mipibú, mas quem toma conta de lá é dona Zuleide, filha dele e o gerente é Inácio Gouveia, o vaqueiro é Zé Malhada e quem faz as selas e os arreios lá, é Catoco.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Cordeiro ficou impressionado com tanto conhecimento.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Geraldo continuou falando da região:</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Depois de São Joaquim tem os Angicos de Mário Dantas, primo do Major Dedé e a Pedra Bonita , onde moram , Miguel Vicente e Severino Machado, mas antes, tem o Catolé, para onde nós vamos.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Então vai ser fácil essa vistoria, disse Cordeiro, você conhece tudo. Você conhece bem a propriedade de seu Feluce ?</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Como a palma da mão, respondeu Geraldo.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- E é grande, insistiu o fiscal.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- É grande, doutor.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Depois de passar em todos esses lugares, finalmente chegaram no Catolé.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Passaram em frente a casa de Batista e entraram à direita em direção ao sítio, quando logo na frente apareceu a porteira. Cordeiro desceu, abriu a cancela e imaginou, "vou passar o resto do dia aqui, ele disse que o sitio era enorme".</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quando voltou para o jeep, Geraldo engatou a primeira, fez uma curva numa estradinha estreita, desceu uma ladeira e quando subiu em outra, apareceu outra porteira. Cordeiro já ia descer para abrir quando Geraldo, com um arzinho de riso, disse:- Pronto, terminou a terra.</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- Ôxente, você não me disse que a terra era grande .</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Aí Geraldo, em cima da bucha, confirmou:</span><br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">- E é, pra baixo, vai bater no Japão.</span><br />
<br />
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span>Chagas Lourençohttp://www.blogger.com/profile/10158398841184220226noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-13590626.post-42033207512667917992015-10-20T11:15:00.001-07:002015-10-20T11:15:12.726-07:00GLOSA<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"> Mote</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Quero ver um altar de flores</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Aos pés de Santa Rita</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Glosa</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><br /></span></div>
<div style="text-align: center;">
<div style="background-color: white; color: #141823; line-height: 19.32px; margin-bottom: 6px; text-align: left;">
</div>
<div style="text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif; line-height: 19.32px;">Para salvar o ambiente </span></div>
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;"><div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 19.32px;">Vou começar a plantar</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 19.32px;">Pedir e incentivar</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 19.32px;">Numa luta diferente</span><span style="line-height: 19.32px;"> </span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 19.32px;">Com amor muito contente</span></div>
<span class="text_exposed_show" style="display: inline;"><div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 19.32px;">Como se fosse uma dita</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 19.32px;">Minh'alma no peito grita</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 19.32px;">Transbordando de amores</span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 19.32px;">Quero ver um altar de flores</span><span style="line-height: 19.32px;"> </span></div>
<div style="text-align: center;">
<span style="line-height: 19.32px;">Aos pés de Santa Rita.</span></div>
</span></span><br />
<div class="text_exposed_show" style="background-color: white; color: #141823; display: inline; line-height: 19.32px; text-align: left;">
<div style="margin-bottom: 6px; text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Chl.</span></div>
<div style="margin-bottom: 6px; text-align: center;">
<span style="font-family: Verdana, sans-serif;">Out/2015.</span></div>
</div>
</div>
Chagas Lourençohttp://www.blogger.com/profile/10158398841184220226noreply@blogger.com0