sábado, julho 02, 2005

ADÁGIO DE RUA



O mendigo na praça
Cantando sem graça
Vendo o que passa
Sem nada esperar
É a ordem do dia
É a cortesia
Até mesmo anistia
Se faz escutar
Já se pode falar
Já se pode pensar
E eu queria dizer
Que o cobre é difícil
De se angariar!
E eu que vim pra pedir
Vou-me já embora
Vou correr, pegar o ônibus
Antes que o ônibus corra,
Pra me pegar.
Chl
Set/1979


sexta-feira, julho 01, 2005

A ESTRADA

Tela de Léo Sodré


A estrada é poesia
a paisagem é poesia
o pôr do sol é poesia,
e o colorido dos seus raios
refletem a sombra
de uma mulher,
A sombra é poesia
A mulher é amor.

Chl.

Jul/2005

quinta-feira, junho 30, 2005

NOVINHO


Para Novinho

Hoje fui à missa
de um ano
da perda
de um amigo
de um irmão.
Não mais chorei
de dor
mais ainda chorei
de saudade.

Chagas
29/06/2005

quarta-feira, junho 29, 2005

SENTIMENTOS


SENTIMENTOS I
A angústia
A melancolia
ajuda
a libertar
o que há dentro de si
A inspiração
A vontade de amar.............

SENTIMENTOS II
Agora
nada mais
me complica,
a não ser,
os meus próprios
Sentimentos.

SENTIMENTOS III
É necessário
que a minha afronta
te faça débil,
para que
te entregues a mim
como mulher.

Chl.
Mai/1978

terça-feira, junho 28, 2005

JANGO EM SANTA CRUZ




1963. João Goulart (Jango) era o presidente do Brasil. Aluísio Alves era o governador do Rio Grande do Norte e José Ferreira Sobrinho, meu tio, irmão do meu pai, era o prefeito de Santa Cruz.
O Major Theodorico Bezerra, Deputado Federal, era o líder político da região do Trairi e havia conseguido junto ao Presidente Juscelino , seu companheiro do PSD, o asfaltamento da estrada que liga Natal a Santa Cruz, concluída no governo de João Goulart. O Governador Aluísio Alves, por sua vez, estava trazendo para o Rio Grande do Norte, a energia de Paulo Afonso e a primeira cidade a ser implantada, era Santa Cruz, no Trairi.
Com as obras concluídas, marcou-se a inauguração. Palanque armado na praça, todos os preparativos prontos, aguardando o Governador que viria com todo o seu secretariado, além dos deputados estaduais e federais , e a comitiva do Presidente da República.
A cidade inteira se agitava, aguardando a visita de personagens ilustres do Estado e do País; a estrada asfaltada, traria para Santa Cruz uma quantidade de automóveis, ônibus, mixtos e caminhões, nunca vista antes na região. Todos os municípios próximos e até de regiões mais distantes mandaram seus representantes para receber o Presidente da república.
Início da noite, a praça apinhada de gente esperando ouvir o discurso das autoridades. O Governador Aluísio Alves, grande orador, fez um empolgante discurso, resgatando uma promessa de campanha: Trazer a energia de Paulo Afonso para o Rio Grande do Norte. O Presidente ressaltou o apoio dado através da CHESF, para a concretização do sonho dos Norte-Riograndenses, e do Ministério dos Transportes na melhoria da rodovia ligando a região a capital do estado.
Terminada a festa de inauguração todas as autoridades presentes se dirigiram para o Trairi Club, para o coquetel de comemoração.
O clube estava lotado, lá fora o povo cercava a entrada principal, querendo ver o Presidente. O exército guarnecia toda a entrada e as laterais, com o auxílio da segurança da presidência.
Quando terminou o coquetel, Jango aproximou-se da porta de saída, ladeado de autoridades e seguranças. Caminhando na frente, firmemente, deixava notar o defeito da perna direita, cujo joelho não dobrava, vítima que fora de uma doença da adolescência.
Quando pôs os pés na calçada, eu, muito pequeno, corri em sua direção. Um soldado do exército tentou me alcançar, colocando a mão sobre meu ombro e segurando pela camisa, quando ouviu a voz do Presidente:- Deixa!
Eu me aproximei, meio atônito, estirei a mão de menino para cumprimentá-lo, ele apertou minha mão e falou com a voz grave:- Como vai guri.
Continuou seus passos firmes, e eu fiquei imaginando: - O que será guri?, feliz da vida,por ter apertado a mão do Presidente.

Chagas Lourenço

segunda-feira, junho 27, 2005

BEIJA FLOR

Aquarela Ana Melo


Na manhã,
o beija-flor,
suga o néctar
pra viver.

O orvalho,
escorre,
como uma lágrima
pela vida.
Chl

Jun/2005

domingo, junho 26, 2005

FLÔR DOS ANDES


Nas margens do Lago de Todos os Santos
as flores andinas
vicejam
com a brisa amena de verão
entre as montanhas.
As flores são lindas
inofensivas
não pensam
não falam
não agridem
dão apenas,
toda sua beleza.
Os homens
colhem as flores
colocam no vaso
e as escravizam
tentando fazê-las eternas.
As flores secam
e morrem,
provando que,
ninguém é de ninguém
nem mesmo as flores.
Chl.
(Peulla - Chile -Fev/1979)