segunda-feira, dezembro 31, 2007

FELIZ 2008


2007
Mais um ano que se foi
acasos aconteceram
marcaram vidas.
Corações palpitantes
de felicidade
corações apertados
de saudade.
Almas renascidas
sentindo amor,
almas contidas
curtindo a dor.
Novos caminhos virão
-que tudo dê certo-
no ano que chega
FELIZ 2008.
Chl
Dez/2007


sexta-feira, dezembro 28, 2007

OBRIGADO,ADEUS.


Vermelho 27
ganhou !
Agradecimentos
pelo aprendizado,
pela companhia
entremeados,
com cervejas
e lágrimas.
Grandes risadas
gozando
o seu próprio grito.
O perfume do "sachet"
embalsamava o ambiente
único
exclusivo
inesquecível.
Obrigado,adeus
até um dia.
Chl
Dez/2007

quarta-feira, dezembro 26, 2007

VERMELHO 27


Vermelho 27
perdeu!
Deu preto
cor de despedida
jogada de adeus,
dúzias de rosas
vermelhas
de réquiem.
Data trocada
desejo perdido
na roleta da vida
o mundo é um moinho.
Recados musicais
entendidos
assimilados
compreendidos
aceitados.
Vinte e sete
foi o erro
do desejo
que ficou
para sempre
na lembrança.
Chl
Dez/2007.

sexta-feira, dezembro 21, 2007

FLOR RENASCENDO


O rosto
rejuvenesceu
as flores murchas
renasceram
os pássaros mudos
entoaram seus cantos.
O brilho da vida
voltou
surgiu
de um ninho mágico
inexplicável
encantador
único,isolado
puro,feliz.
É o amor escolhendo
formas incompreensíveis
de existir
se perpetuar
sobreviver.
Chl
Dez/2007

terça-feira, dezembro 18, 2007

O ROSTO


O rosto entre as mãos
como uma relíquia,
está esmaecendo
como uma fotografia antiga,
amarelando
sumindo devagar.
Os pontos negros
dos olhos,
virando cinza,
desaparecendo.
Chl
Dez/2007

TURBILHÃO DE PALAVRAS


Um turbilhão de palavras
esvoaçavam no sonho
despedaçavam o poema
caíam em profusão.
Palavras como:
amor
verdadeiro
para sempre
misturavam-se com:
mágoa
ressentimento
incompreensão
ciúme.
Constatei:
nada é para sempre
nem os poemas
que agora mudos
viram
silêncio.
Chl
Dez/2007

domingo, dezembro 16, 2007

FELICIDADE CHEGANDO


Linda manhã de sol
bentevis e rolinhas
cantam na pitombeira
o rouxinol voltou pro abacateiro
a lavadeira pulula nas águas da piscina.
O pau brasil, abriu suas flores amarelas
crisântemos e orquídeas
disputam a beleza com as rosas
e exalam perfumes dos deuses.
Tudo parece,a felicidade
chegando.
Chl
Dez/2007

quinta-feira, dezembro 13, 2007

CHUVA NO TELHADO


Não ouvi
o farfalhar da chuva
no telhado,
dormia profundamente.
Sequer ouvi
o alarme estridente.
Senti apenas
os pingos dos teus sentimentos
inundando
meu coração.
Chl
Dez/2007

sábado, dezembro 08, 2007

DORES


Noites insones
pensamentos vagueiam
dores liberadas
compressas geladas
pomada analgésica
gelo de erva doce.
Alívio momentâneo
lépido
dores contínuas
libertadas
sem cessar.
Chl
Dez/2007

sexta-feira, dezembro 07, 2007

SAUDADE BOA


A saudade boa
é quando existe esperança
de vida.
A saudade ruim
é a desesperança de se perder
pra morte.
Chl
Dez/2007

quinta-feira, dezembro 06, 2007

CONFLITO


A grandeza do homem
está no amor
na coragem de se doar,
as vezes, sacrificando sentimentos
ceifando momentos felizes
pela responsabilidade do futuro.
A fraqueza do homem
está no egoísmo
na insensatez de julgar
no desejo impuro de ofender
na insistência da incompreensão
no pecado da vingança.
Chl
Dez/2007

terça-feira, dezembro 04, 2007

ETERNO


Não se afobe não
que nada é pra já,
diz a música de Chico.
As abelhas continuam
fazendo mel
o sol e a lua
continuam no céu
os pássaros continuam
beijando as flores
que continuam
exalando perfumes.
A vida
é passageira,
o amor verdadeiro
é eterno.
Chl
Dez/2007

sexta-feira, novembro 30, 2007

HOMEM DE GELO


O homem chora
se fragiliza
se entrega
ri de felicidade
quando está com seu amor.
Aí aparece o cotidiano
as obrigações
os compromissos
o dia a dia
as desavenças.
O homem
se fecha
se enclausura
guarda os sentimentos no coração
e congela.
Chl
Nov/2007

CORRIDA

Partiu em velocidade
em alta velocidade
avançou sinais
fez curvas perigosas
deslizou na pista
acelerou
chegou ao êxtase
quase voou.
De repente
a freada brusca
a derrapagem
o câmbio quebrou
conseguiu sustentar
guiou pra garagem
parou.
Chl
Nov/2007

quarta-feira, novembro 28, 2007

CIÚME


A ira
aplaca,cerceia
pra proteger
o que se quer,
pra não perder
o que se tem.
O descontrole cega
reações impróprias
destroem
o que se queria
resguardar,
acaba se perdendo.
Chl.
Nov/2007

segunda-feira, novembro 26, 2007

FOTOSHOP


A fotografia foi esmaecendo
na gaveta digital
no álbun cibernético
no celular
no arquivo do computador
na pasta: fotos
Um dia, rebuscando
fazendo back up
escaneando
apareceu no visor.
Marcou em alta resolução
enquadrou
olhou mais uma vez,
a última:
DELETOU.
Chl.
Nov/2007

POR QUE ?


Por que partir
quando deve ficar
Por que não, sorrir
ao invés de chorar
Por que sofrer
quando se quer gozar
Por que se cala
quando deve falar.
No lugar da saudade
é melhor abraçar
No lugar da lembrança
é melhor se olhar
No lugar do adeus
é melhor se beijar.
Não vai esquecer
pois só quer se lembrar
Não vai ter rancor
pois só quer perdoar
Não quer tua vida
quer apenas te amar.
Chl
Nov/2007

VOANDO


Olhos fechados pros sonhos
entre as nuvens
pálpebras arriadas
vislumbrando um rumo:
- Estou sem rumo !
Lágrimas em silêncio
molhando a face
com um soluço que incomoda
arde por dentro
apertando o peito:
- Deixe quieta !
A saudade clama
por esta lembrança
é a certeza lúcida
do amor verdadeiro:
- Obrigado por tudo !
Chl.
Brasilia-Natal
Nov/2007

sábado, novembro 24, 2007

AMOR MADURO



Sonhei um dia
fazer um futuro
coração instável
quase inseguro
buscando luz
clareando escuro
saltando obstáculo
quebrando muro
em busca da paz
de um amor maduro.
Chl.
Brasília - Nov/2007

ESQUECIMENTO


Foi tão efemero
o que parecia eterno
sumiu da mente
sem emoção
o que parecia amor
foi uma ilusão.
Se apaga aos poucos
como caricatura
o sentimento intenso
era uma aventura.
O calor febril
só por um momento,
o que ficará "pra sempre"
é o esquecimento.

Chl
Brasilia - Nov/2007

terça-feira, novembro 20, 2007

A ROSA QUADRADA


No fundo do calabouço
No âmago da prisão
Entre estupros, torturas
Saudades, melancolia
Alienação,
Um profundo
Sentimento de liberdade.
No meio da luta
Pelos direitos,
Na busca
Das igualdades,
Uma grade de ferro
De onde se espreita
Ao longe, no campo
Uma rosa quadrada.
Um dia
A porta se abre
E a relva e o asfalto
Levam até a rosa
Que ainda está viva.
A grade quadrada
É a grande esperança
E a rosa viçosa
A própria vida.
Chl.
Abr/1980

AS UVAS


A colheita das uvas
matam a fome,
com a fruta
matam a sêde,
com o vinho.
A colheita de carinho
matam a fome,
com o desejo
matam a sêde,
com o amor.
Chl
Nov/2007

segunda-feira, novembro 19, 2007

DECISÃO


A armadilha do amor
exigiu a decisão
o êxtase profundo da alma
as agruras do coração
mas, quando do sonho acordou
prevaleceu a razão.
A garrafa está vazia
na mesa, apenas a rolha
as palavras surgem ao vento
voando como uma folha
aclarou-se, bateu na face
precipitando a escolha.
A língua torpe, afiada
a rebeldia de criança
apaga todas as juras
coisa bela, quase mansa
e o bandolim em agonia
não passa de uma lembrança.
Chl.
Nov/2007

sexta-feira, novembro 16, 2007

PROCLAMAÇÃO


A fumaça
em espirais
desenhava seu rosto.
No copo
a vodcka pura,
tinha sabor de vinho.
Beijos sequenciados
eram agora
uma lembrança.
Um último olhar
triste, de solslaio,
negro, distante.
Pela sua natureza
proclamava:
A queda da realeza
do amor
substituída
pela liberdade
de viver.
Chl
Nov/2007

quinta-feira, novembro 15, 2007

VIOLINOS MÁGICOS


Ilustração: Marcelus Bob



Teria me embalado
de sonhos de amor
se tivesse escutado
os violinos mágicos
antes de dormir.
Acordado
ouço agora
adormeço nos sonhos
me embalo
no teu amor.
Meu peito arde
meu coração aperta
minha alma chora,
de saudades de ti.
Chl.
Nov/2007

segunda-feira, novembro 12, 2007

OLHOS NEGROS


Olhos negros
umedecidos
por lágrimas,
fitam.
Nariz arfante
respirando,
ofegante.
Boca entreaberta
ainda molhada
do último beijo,
fala:
- Me deixe viver.
Chl.
Nov/2007



terça-feira, novembro 06, 2007

O QUADRO


Diego Rivera

Sete vezes eu te vi
Sete vezes te vivi
Sete vezes eu te curti
Sete vezes te falei
Sete vezes eu te menti
Sete vezes te chamei
Sete vezes eu te amei
Sete vezes te matei.
Chl
Jun/1978


terça-feira, outubro 30, 2007

A BOMBA DE EFEITO MORAL

Foto de Oswaldo Ribeiro


Sexta feira, dia de chorinho no Beco, cheguei por volta das 19:00 hs e dirigi-me para a tradicional "mesa de pista" do Bar de Nazaré.
Fui recebido efusivamente pelo meu amigo Léo Sodré, que ao levantar-se da mesa, derrubou o copo de Montolla e num arremate ligeiro disparou:
- Foi Lula Augusto.
Lula estava sentado do outro lado da mesa, muito longe do copo, mesmo assim retirou os óculos escuros e franziu o cenho para Léo, que se abriu numa grande risada e falou:
-To brincando viu!
Em seguida chegou Orf e sentou-se na ponta da mesa, retirou sua Sony fininha e começou a disparar fotos com o braço estirado, que só Deus sabe como ele acerta o foco.

Pedi a Tatiana uma dose dupla de vodka e um saquinho de amendoim, imediatamente Léo levantou a mão em concha, com os dedos apontados pra mesa, pra abocanhar os amendoins e tirar o gosto da dose de montilla. Neste momento Tásia que atendia o seu celular azul, falando com o namorado, sentiu o cheiro de sururu queimado e correu pra cozinha, deixando o fone pendurado balançando e os gritos de alô, alô...

Convidei uns amigos, para prestigiar o chorinho, entre eles Junior Protege, que na época do Resenha, nós o apresentamos a muita gente como sendo Cloe. Quando Hugo Macedo foi apresentado, estranhou:
-Vige, pensei que Cloe fosse viado, mas é esse bichão aí?

Depois de muito papo, pedi pra Junior me dar uma carona. Dunga havia chegado e estava sentado na mesa tomando cerveja. Pedi que ele levasse Léo pra casa, que já estava sem se segurar em pé, depois de uma enxurrada de rom montilla.

Pagamos a conta e fui com Junior para o carro estacionado na Vigário Bartolomeu. Quando abri a porta para entrar, ouvi a voz:
-Também vou.
Olhei, era Léo, que chegou correndo e costurando a calçada. Abri a porta traseira para ele e sentei na frente.

Quando chegamos na Prudente de Morais, perguntei:
- Léo, você vai pra casa de Mércia? Ele respondeu:- No estado que estou só dá pra dormir na casa de mamãe.
Junior, que sabe onde é a casa, tocou pra lá, quando de repente, ouvi o ruflar do vento adentrando ao carro e percebi que os vidros elétricos desciam rapidamente, olhei para ele e percebi que dirigia só com uma mão, a outra tapava o nariz e eu ainda inebriado pela vodka, tardiamente, senti um fedor terrível invadindo minhas narinas. Olhei para trás, pra ver se Léo ainda estava vivo e ele com o sorriso maroto, perguntou:
- Já estamos perto? Estamos chegando, respondi.
Junior acelerou o carro e o vento forte conseguiu amenizar o cheiro, quando os vidros começaram a subir, sinalizando que a situação estava normalizada.
De repente, veio à lembrança das passeatas estudantis de 1968, quando eu era estudante em São Paulo, um terrível vapor de bomba de efeito moral, temperada com carbureto, fez Junior imediatamente abaixar os quatro vidros de uma vez e já sem segurar no volante, pois estava com as duas mãos no nariz, por entre os dedos, perguntar ao chegar na casa de Léo:
-Vamos deixá-lo aqui? Claro, respondi, aqui é a casa dele, por que?
- Porque eu acho que ele tá todo cagado.

                   Chl
                Out/2007


quarta-feira, outubro 24, 2007

TERCEIRA VIA

                                          Foto : Oswaldo Ribeiro

Em meados de Janeiro próximo passado, aconteceu um evento na Câmara dos Vereadores de Natal, para discutir formas ideológicas do pensamento político. Divisões entre esquerda e direita e outros significados ideológicos remanescentes da revolução francesa.
A mesa era presidida pelo vereador Junior Rodovia e tendo como debatedores, os intelectuais Adenubio Melro e Dickson Massa.

Em meio à discussão,apartes, insinuações, dança de cadeiras - vereadores mudavam das cadeiras da esquerda para a direita, de acordo com a vantagem de cada lado no debate -momentos de tensão, tiradas de alto teor ideológico e grandes opiniões de ciência política.

Neste ínterim, entra Severina a "Imperatriz do Brasil", querendo opinar, dizendo-se a favor da Monarquia e ela assumindo imediatamente o poder. Formou-se um grande bafafá; foi então que chamaram Léo Sodré,para retirá-la do plenário. Leonardo com muito jeito e afago, entre um abraço e um cheiro em Severina, conseguiu convencê-la a sair do recinto, dando-lhe uma cochichada no ouvido.

O debate continua acalorado, com Junior aos berros dizendo que todos os transportes populares deveriam andar apenas pela esquerda das pistas de rolamento, sem se incomodar com mão ou contra mão, uma vez que transporte do povo e para o povo têm prioridade.

Foi aí que, para surpresa geral da platéia, entra uma senhora idosa, dizendo-se viúva de um ex-vereador, aos berros, falando que os vereadores do Natal, deveriam se preocupar com o serviço prestado à população e não com debates políticos estéreis. Serviço público, gritava a inteligente senhora,como o pagamento digno e em dia da pensão das viúvas dos ex-vereadores, onde ela era uma das vítimas.
Nesse interregno, chamam novamente Léo Sodré, para solucionar o caso. Mais uma vez, Leonardo com seu jeito manso, com afagos,com cheiros, sem antes, dar uma cochichada no ouvido da senhora, consegue retirá-la do recinto.

Retornando já exausto e de saco cheio dessas missões geriátricas, Léo se depara com Paulão da TV Câmara, ao lado do seu parceiro de programa, Ted Boy Marino, com um microfone na mão e um jovem com uma câmera no ombro apontada para ele, dispara:
- Léo , o que você acha da Terceira Via?
Léo, puto da vida, olha para Paulão de baixo pra cima e responde:
- Eu quero lá saber de porra de terceira via, eu vou procurar a terceira véia, porque com essa duas eu me reiei.
                   Chl
                 Out/2007
                                                                                                                        
                                                                            

domingo, outubro 21, 2007

SILÊNCIO


Na angústia do amor
o silêncio
é ensurdecedor.
Chl
Out/2007
Porto de Galinhas-Pe

sábado, setembro 29, 2007

AH ! O AMOR.

Ilustração: Franklin Serrão


Ah! o amor,
bom de viver
difícil conviver,
impossível
entender.
Chl.
Set/2007

quinta-feira, agosto 30, 2007

TATUAGEM


TATUAGEM

O amor,
no momento,
é como imagem.

O amor ,
eterno,
é uma miragem.

Com a força da paixão,
fica feliz o coração,
tá no peito,
a tatuagem.

A saudade atormenta,
o desejo não aguenta,
a lembrança,
sempre acalma.

E o amor,
muito profundo,
o maior, talvez
do mundo,
é tatuagem na alma.

Chl.
30/08/2007



sábado, agosto 18, 2007

CORAÇÃO

Foto: Oswaldo Ribeiro

Pequeno roubo
é furto
Furto grande
é roubo
Sentimento firme
é amor
Sentimento forte
é paixão.
Quiseram furtar
meu peito
Roubaram
meu coração.
Chl
Ago/2007

quinta-feira, agosto 16, 2007

FLOR DE RIACHO

Foto Alex Gurgel

Agreste,brejeira
néctar doce
pra natureza,
meio amargo
para pássaros,
difícil
fazer ninho.
O beija-flor
crava-lhe a língua
pelo néctar
agridoce,
quase que,
sabor de vinho.
Com vigor
arrisca o pouso
param as asas,
de voar,
em seu peito
crava o espinho.
Chl.
Ago/2007

sábado, agosto 11, 2007

COMPREENSÃO

Dom Quixote - Franklin Serrão

Compreendo
Teu silêncio
Compartilho
Tua angustia
Participo
Do teu sonho
Me embalo
No mesmo pensamento
Caminho junto
Na saudade
Sobrevivo
À mesma dor.
Chl.
Ago/2007

terça-feira, agosto 07, 2007

O JASMIM

Uma lua tênue
penumbra na calçada
um gesto de carinho
uma flor
colhida da planta
um jasmim
um beijo de amor.
A lua sumindo
a calçada escura
o gesto de adeus
a flor atirada
o jasmim jaz no chão
o beijo fugidio
de saudade.
Chl.
Ago/07

quinta-feira, agosto 02, 2007

JOGADOR DE FUTEBOL

Jácio era um jogador do América, egresso do Ferroviário, que se destacou por sua raça e disposição em campo. No Ferrim era quase um amador, porém, quando o AFC comprou seu passe ele passou a ser um verdadeiro profissional. Foi pior !


Quando o América ganhava um jogo, que distribuía o "bicho"(gratificação dada aos jogadores, quando venciam a partida), Jácio, mais que depressa, descia para a velha Ribeira e eram três dias de cachaça, baralho e rapariga e mais cinco ou seis carteiras de Continetal sem filtro.

Em um jogo amistoso, contra o Campinense, em Campina Grande na Paraíba, ele deu um verdadeiro show e o América ganhou o jogo folgadamente. A torcida aplaudiu o atleta e a diretoria do Campinense ficou impressionada. Não houve tempo nem de comemorar, porque logo entraram no ônibus de volta para Natal, onde o bicho seria pago na chegada.

Ao chegar na Rua Maxaranguape, sede do alvi-rubro, Jácio pegou sua sacola e dirigiu-se para a tesouraria, afim de receber a gratificação pela vitória sobre o Campinense.
Recebeu o dinheiro, foi até o vestiário, deixou a bolsa em um canto de parede, foi para a Rodrigues Alves e já foi gritando :- Táxi !
Ao entrar no corcel 2, falou para o motorista:- Toca pra Ribeira, começando pelo Ideal ou Boate Estrela,com queira, que quero chiar com o carrasco Piaba do ABC, que é amigado com a dona do cabaré e só vive lá. Passou uma semana na farra. Quando se apresentou pra treinar com dez dias, a diretoria do clube mandou barrar Jácio.

Quase um mês depois, por acaso, esteve em Natal um olheiro do Campinense, procurando reforço pra sua equipe, passou no América e foi informado que Jácio estava no estaleiro, contundido.Não deram nenhuma informação da farra. O cidadão resolveu ir até a casa do jogador, para ter uma conversa com ele, sobre sua ida para Campina.

Fez logo uma inquisição. Perguntou se bebia, fumava, jogava baralho ou tinha qualquer outro vício, ao que Jácio respondeu em cima da bucha:- Meu vício é ficar em casa com a minha patroa e meus bruguelos, batendo pelada no quintal.

Imediatamente o dirigente do clube, dirigiu-se à sede do América e negociou Jácio. Comunicou ao jogador, pediu que arrumasse a roupa para partir naquele dia mesmo para Campina Grande. Assim foi feito. O jogador conheceu as instalações do novo clube e já dormiu lá, para assinar contrato no dia seguinte.

Com a assinatura do contrato, Jácio pediu um adiantamento e uma folga, para mandar o dinheiro por um portador para sua família. Recebeu na hora e saiu da sede no rumo do Bodocongó.

Três dias depois de muita procura e anuncio em rádio e jornal, encontraram Jácio com duas raparigas em um boteco de Lagoa Seca, cidade vizinha de Campina. O presidente pegou o jogador pelos braços e disparou :-Você não disse que não bebia, não fumava, nem andava com rapariga ?
Jácio com a voz embargada, olhos vermelhos de sono e ressaca, respondeu com calma:
-É quando eu estou liso, com dinheiro eu viro o cão.

                    Chl.
                  Ago/2007

domingo, junho 24, 2007

A NOVENA E O JOGO DO BICHO



Uma cidadezinha do Trairi, tem a igreja na praça e do lado da igreja tem uma banca de jogo do bicho. O resultado do jogo é afixado na parede lateral da igreja, todo dia por volta das quatro horas.

Uma senhora viúva, viciada no jogo, jogava todo dia. Certa vez, inventou de "cevar" um cachorro (significa jogar todo dia no mesmo bicho, aumentando dez centavos por dia); quando dispara o bicho jogado o prêmio é maior.
No dia da novena, a igreja repleta de fiéis, até na calçada, a viúva resolveu verificar o resultado afixado na parede.
Chegando lá, não conseguiu enxergar,porque tinha uma vizinha dela, senhora alta, que tapava sua visão.
Ela resolveu entrar no canto da novena atrás da sua vizinha, cantando assim:
- Senhora da frente, mais alta que eu
me diga agora, o bicho que deu ?
Ave á vé a vé á vé Maria, Ave á vé aá vé á vé Maria.....
A sua vizinha que sabia do seu jogo diário e da "ceva" do cachorro, respondeu cantando a novena:
- Senhora de trás, mais baixa que eu
o bicho foi gato e você perdeu.
Avé á vé á vé á vé Maria, avé á vé á vé Maria.....

                    Chl.
                  Jun/2007

quarta-feira, maio 23, 2007

UMBU INCHADO



Uma chuvinha
fina
Um alpendre
no sítio
Um prato de "imbu"
"inchado"
Uma garrafa de cachaça
primeira cabeçada
Um vaqueiro pabuloso
contando "goga"
..........................
é meu sertão
é minha terra
é minha vida........
Chl.
Mai/2007

quarta-feira, março 07, 2007

HAI KAI

Monte Fuji


Hai Kai se cria
Na grande inspiração
Da poesia.
Chl.
Mar/2007

segunda-feira, fevereiro 26, 2007

PARA O POETA

Lançamento do livro : A esfera, do poeta Antoniel Campos (centro)

Abrem-se os poros
em círculos
como esferas
de um poema.
Chl
Fev/2007

quarta-feira, fevereiro 07, 2007

ZÉ ZUCA NA CALÇADA

Ilustração : Assis Costa

Zé Zuca, vaqueiro velho do Trairi, no alto dos seus 83 anos, fica na calçada todas as tardes proseando com Zé Preto, comerciante aposentado, dono de barracão ,comerciante de carvão, e mais alguns vizinhos no bairro do paraíso.
Todo dia passa pela calçada uma jovem senhora de vinte e oito anos que ficou viúva recentemente, no caminho da padaria, onde compra os pães do jantar.
Mulher bonita, muito bem feita de corpo, anda sempre com vestidos colados ou bermudas justas, muito usadas hoje em dia. Com cheiro de sabonete, do banho recente, lavanda de alfazema é uma benção para o olfato de Zé Zuca.
- OH! coisa linda, dispara o velho vaqueiro, quando a moça passa.
Ela olha pro lado sem responder, dá um sorriso maroto, ensaia uma "rabissaca" e sai rebolando pela calçada.
Zé Preto repreende Zé Zuca e diz :-Homi, deixe de enxerimento, você num tá vendo que num tem mais idade pra uma muié nova e fogosa como essa. Ela, agora que tá viúva, deve tá cum mais de mil....
Zé Zuca espia de soslaio, por baixo da aba do chapéu e dispara:
- Tá Zé Preto, eu posso até não cumê, mas, frexar eu frexo......

                     Chl.
                   Fev/2007

segunda-feira, fevereiro 05, 2007

ANO NOVO- 1968

Ilustração : Forró-Frnaklin Serrão

Estou triste, desolado
estou só, prisioneiro do dever
estou vivo, sem viver
estou gritando....
com o coração calado
Vejo alegria lá fora
lá fora, bem longe
que não posso alcançar
estou só, desolado
sem alguém....
para amar
Longe da família
longe da terra
longe do amor
minha mãe é minha família
onde estou é minha terra
minha amada...
é minha dor
Ano passado eu estava
brindando à felicidade
hoje estou sufocado
tragado......
pela saudade
No próximo ano estarei
com todos em minha cidade
vivendo a alegria
esquecendo.....
da saudade.
Chl

São Paulo -Jan/1968