terça-feira, abril 05, 2011

DESAMOR

O amor era tanto
que não podia durar
esvaiu-se
em dúvidas
decepções
brigas
enfim...
desamor.
Chl
Mar/1977

ESQUECER

Ah! esquecer
como é duro
deixar de lembrar
aquilo
que mais nos lembramos
tentar esquecer
o que sempre sonhamos
pensar em morrer
faz parte da vida.
Chl
Mar/1977

PALHAÇO DA VIDA

O som da bandinha
animava o circo
a multidão humilde
explodia em gargalhadas.
A vida
cheia de luxo
dinheiro
mulheres
e um profundo vazio
de cara pintada
o palhaço do circo
sem nenhuma pintura
o palhaço da vida.
Chl
Jun/1975


FILÉ NA BRASA

Uma noite comum
preta,pretinha
filé na brasa
chateau duvalier
emoção
risos
chôro.
O coração
batia forte
um sonho remoto
realidade brilhante
amor amigo
vida
pequeno mundo
viver por viver.
Chl
Ago/1977

FERNANDO LIRA

Era um fim de tarde
em São José
a colher do pedreiro
batia fria
sobre o tijolo branco
e fechava
em uma gaveta sepulcral
a razão 
de muitas lágrimas
vertidas de olhos
que há tempo
não choravam
e de corações
que batiam
indiferentes
sem vontade de bater
juntinho
ao choro uníssono
de despedida
dois sorrisos
de boas vindas
sorrisos
que talvez sejam
a causa
do desvio brusco
de um automóvel
numa estrada plana
segura,enfim...
achando talvez
que esposa , filhos
amigos
já haviam passado
tempo suficiente 
com ele.
Levaram
para junto de si
àquele
que sempre foi
velho companheiro
grande amigo
verdadeiro irmão
Jair,Tonho....
Fernando.
Chl
Jul/1975

TÚMULO ARDENTE

Sobre o túmulo ardente
a chuva fina cai
molhando a lápide fria
que acoberta
um corpo sem vida.
A natureza bela
contrasta
com a vida humana
finda
sobre o túmulo ardente
um pingo d'água desliza
e cai
a vida humana
tão importante quanto a chuva
tão passageira quanto o pingo
se finda
dentro de um túmulo ardente.
Chl
Set/1974

A PROSTITUTA

Arquivos de Ilustração - exótico. fotosearch 
- busca de imagens 
de vetor grã¡fico, 
desenhos, clip 
art, ilustraã§ãµes
Uma pobre mulher
prostituta
embriagada
falava do passado
quando se sentia
como gente
ou pessoa humana.
Bebia
com medo da noite
bebia mais
pra não ter pesadelos
procurava os homens
com medo da solidão
sua única herança
era a sepultura.
Chl
Mai/1974

BOA VIAGEM

A nuvem débil
esconde a lua
inibe o luar
de Boa Viagem
a chuva tangida
bate a janela
o amor palpita
no coração
uma música
distante
encanta o ouvido
o sono profundo
invade meu ser.
Chl
Mar/1973

PEDAÇO DA VIDA

Banco de Imagem - pedaço, vida. 
fotosearch - busca 
de fotos, imagens 
e clipart
Momento de luz
momento de fé
muita ansiedade
pouca certeza
esperança feliz
solidão intranquila
som de música
silêncio de trevas
barulho de gentes
saudade de pessoas
pequeno momento
pedaço da vida.
Chl
Set/1972

A GUERRA E A FLOR

Fotos da Primeira Guerra - Anemones
O corpo de um soldado morto
é o adubo da flor
o campo de batalha
é o jardim florido.
Nasceu uma criança
um botão de flor
inocente
cresceu com a brisa
alegrou um lar
embelezou um jardim
veio a adolescência
desabrochou sua pétalas
varado por uma bala
colhida do seu galho
plantada num campo de batalha
regada
com o sangue de um soldado.
Chl
Mai/1972

MORENA

Desenho - adultos, morena, 
atraente, gráfico. 
fotosearch - busca 
de imagens de 
vetor grã¡fico, 
desenhos, clip 
art, ilustraã§ãµes


Morena côr de canela
que me espera ansiosa
debruçada na janela
eu te trago uma rosa
esta flor tão pura e bela.
É uma rosa côr de vinho
da videira do amor
mas é rosa com espinho
e é vinho sem sabor.
Chl
Mar/1972

NATAL - RECIFE

Na estrada 
Natal - Recife
o fusca vai célere
saudade me acompanha
o sol
deita seus raios
no asfalto que passa
o mato
exala seu perfume
agreste,envolvente
no peito
saudade vai comigo.
Chl
Ago/1971

ESPERA

Você quer me matar
de saudade?
venha logo me matar
de amor
venha dizer
o que quero escutar
venha fazer
o que quero fazer
venha pra mim
que sou de você.
Chl
Fev/1979

A GRANDE VALSA

Abre-se uma grande porta
aparece um imenso salão
cheio de flores brancas
borboletas azuis
pares coloridos.
A música delirante
"Le Beau Danube Bleu"
de Johan Strauss Jr.
tangia os pares
em grandes voltas
nas pompas,nos perfumes
do "Baile do Imperador".
Era uma noite de primavera
"La Belle Epóque"
Paris, França.
Na partitura de Strauss
dançavam as lindas notas
da grande valsa.
Como se um sonho
viesse 
nas cordas dos violinos
e se fosse na suavidade
da música.
Chl
Fev/1979


segunda-feira, abril 04, 2011

SOMBRA

O sol
brando,quase frio
projeta seus raios
na avenida.
Em cada automóvel
uma sombra
em cada pessoa
uma réstia
eu
olho o longínquo
no horizonte
uma lembrança
na distância
uma saudade
em minha sombra
...................
   nada...
Chl
Jun/1971

CHEIRO

O cheiro do ônibus
é o cheiro de gente
perfumes misturados
talco,loção
sabonete,desodorante.
É o cheiro de corpo
cheiro de elevador cheio
cheiro de suor
cheiro de fumaça
cheiro de peido
cheiro de suvaco
bafo de onça
bafo de "cana"
cheiro de tudo
é o cheiro da vida.
Chl
Abr/1971

18 HORAS

Elementos Quarta Sunset 4
Hora do Ângelus
a música suave
triste,linda.
A alma recita
um sentimento
profundo,longínquo
no coração,existe
a ternura do amor.
Chl
Abr/1971

RECIFE



Acendiam-se
os anúncios luminosos
a tardinha ia morrendo
na cidade do Recife.
no 14°andar
do Edifício Suape
posso divisar
inúmeros carros
pequeninos
enfileirados.
O barulho constante
das buzinas
os gritos frenéticos
das freadas
e o colosso
da Conde da Boa Vista
apinhada de automóveis
caracterizam
um cortejo interminável.
Nas cidades grandes
a vida dos homens
parecem
cortejo infindável
cujo escopo,
vulgar e sem precedentes
é a morte.
Chl
Mar/1971

CLARÃO

Lua divina na Praia da Costa-ES
Um clarão no mar
algo vermelho
entre as nuvens
eis que surje
com toda sua beleza
a lua.
A brisa fria
soprava nas ondas
das águas calmas
surgia o luar
aquela beleza ímpar
tinha algo em comum
com meu coração
pois trazia consigo
a felicidade do amor.
Nov/1970

JAIR


Meu último poema
eu o fiz em Novembro
era final de 1970.
As férias chegavam
com elas
uma felicidade traidora.
Chegou dezembro
era o final de 70
chegou meu irmão
com a mesma felicidade
que um dia partiu.
Era dia de Natal
a família,em festa
era final de 70
a felicidade,traidora
redimia-se
dava lugar
a angústia.
Para meu irmão
seu presente de Natal,
a comemoração de sua chegada
uma vaquejada
seu esporte preferido.
No seu cavalo alazão
montou com galhardia
correu e caiu
morreu Jair.
Era um poeta,
morreu fazendo o que mais queria,
nos seu poemas
ele falava de rosas 
vestido de rosas
foi para a eternidade.
Chl
Mar/1971