domingo, setembro 11, 2005

TRABALHADOR DE ESTRADA


O sol se pondo
com raios frios
em agonia,
a lua no crepúsculo
se enche de fantasia
e a noite quer começar.
Na estrada
a margem estúpida
insiste em se sujar
e o homem, bóia-fria
está ali para limpar.
Na barraca de lona
as redes estão armadas
de lá para cá
de cá para lá.
Os homens de capacete
e roupas iguais,
cor de laranja
já desbotadas,
sentados nas pedras
sentados no chão,
esperam à beira do fogo
que esquente o feijão.
É feijão e farinha
é rapadura e só,
um pouco de água
e a dor no corpo
o homem se deita cansado
e dorme a noite toda
sem pensar nem em sonhar.
A lua ainda bonita
agora parece mais fria
o seu brilho prateado
está em leve agonia,
a madrugada se dissipa
com o sopro da ventania
um raio de sol desponta
traz consigo um novo dia.
O homem volta pra estrada
pra cuidar do seu asfalto
pra limpar a sua margem
desde baixo até o alto,
ele está sempre calado
trabalhando pro progresso
cuidando do automóvel
que um dia nesta estrada
lhe matará atropelado.
Chl
Ago/1979

2 comentários:

Anônimo disse...

Muito bopm, Chagas. Como sempre.

Anônimo disse...

Tá lá no alma, também.
Dunga