domingo, abril 17, 2011

A PROMESSA DE PAULINHO A CÔRES


Paulo Eduardo Lustosa Cavalcanti, Paulinho a Côres, nasceu em Macaíba em 1953.
Guiomar, uma mocinha com apenas 17 anos, teve um romance com Heronildes Constantino, funcionário público municipal de Serra Caiada e ficou grávida. Acontece que Heronildes era casado e o caso não deveria se tornar público para não prejudicar a vida de ambos.
Uma moça saindo da adolescência, em uma cidade do interior, naquela época, ficar grávida de um homem casado, era um problema.
Quando aproximou-se a data da criança nascer, ela procurou a parteira de Macaíba, Marildes Lustosa Cavalcanti, espôsa do tabelião da cidade, Raimundo de Barros Cavalcanti. Contou-lhe toda a história, disse-lhe que não tinha condições de criar a criança e nem diria quem era o pai, para não prejudicar Heronildes, que era casado e tinha outra família; aí pediu ajuda a Marildes, que fez o parto e ficou com a criança para criar. Nasceu Paulinho a Côres.
Segundo o próprio Paulinho, na hora do parto, jogaram a criança fora e ficaram com a placenta que é ele; hoje tem o apelido de Paulinho Feio.
Em 2006, Paulinho já estava casado e era pai de família e proprietário de terra em Bom Jesus, por influência minha resolveu filiar-se a um partido e entrar para a política, candidatando-se a vereador.
Já em plena campanha, combinamos uma viagem para Santa Cruz, para tratar de assuntos políticos do nosso partido. Na saída de Bom Jesus ele me pediu para entrar em Serra Caiada , para visitar Guiomar, sua mãe biológica.
Fomos à casa de Guiomar que mora com a mãe, avó de Paulinho em Serra Caiada. Duas senhoras extremamente simpáticas e alegres, provando que genética existe e Paulinho herdou um pouco delas.
Tomamos café e conversamos bastante e na hora de sair, Guiomar levantou-se e disse :
- Meu filho, eu sei que você é candidato em Bom Jesus e eu tenho rezado todos os dias pela sua eleição. Tenho aqui um maço de velas e uma caixa de fósforo, para você acender nos pés de Nossa Senhora, naquela imagem da estrada na saída da cidade.
Paulinho pegou a caixa de velas e a caixa de fósforo, abraçou e beijou Guiomar e seguimos nossa viagem.
Quando nos aproximamos da imagem da Santa, que fica em um pequeno altar na margem da BR , fui diminuindo a velocidade para estacionar o carro para Paulinho poder pagar a promessa. Foi quando ele gritou perguntando:
- Vai parar pra que ?
- Você não vai pagar a promessa homem de Deus ? perguntei. 
Ele abriu o vidro do carro, colocou a mão pra fora, com as velas e o fósforo e me disse:
- Vamos embora, não pare não. Vou jogar as velas e o fósforo nos pés dela , ela que se vire.
Resultado, não tirou nem fino nas urnas.
Chl
Abr/2011.

ANÔNIMO

Chuva
caindo
gôtas de orvalho
nas folhas
rios
descendo
carregam coisas
anônimas.

Passando
fugindo
saindo
ficando longe
da vista.

Vão sentimentos
momentos
instantes puros
olhares maduros
esmaecendo
no tempo.
Chl
Abr/2011