sexta-feira, novembro 30, 2012

QUEM DERA

Quem dera
pudesse controlar 
os sonhos
quem dera
pudesse dominar
os sentimentos
quem dera
pudesse sanar
as dúvidas
quem dera
pudesse imperar
os pensamentos
quem dera
pudesse alforriar
a alma.

Chl
Dez/2012

sexta-feira, agosto 17, 2012

E O TEMPO LEVOU...

Tinha uma flor
no vaso
exuberante
viçosa
espinhos afiados
regada
quase sempre.

Sem regar
existe um caule
sem espinhos
uma flor
sem perfume
sem cor
esmaecida.

Agora
o tempo levou
deixou apenas
a lembrança.

Chl
Ago/2012



















quarta-feira, agosto 15, 2012

CAUSOS COM MIGUEL CURY I

Miguel Cury era um imigrante que aportou em Santa Cruz na primeira metade do século XX, mascate, comerciante,estabeleceu-se e constituiu família na cidade.
Casado com Ester Carvalho, teve os filhos: Jumar e João Marcondes e as filhas: Terezinha,Alda,Cacá,Margarida,Suraia(Helenita) Glaurea e Gésia.
Proprietário da fazenda São João no município de Campo Redondo, onde costumava passar as férias escolares de Junho/Julho, rodeado de netos.
Certa vez, estava seu Miguel sentado no alpendre e ao lado em uma rede estavam seu neto Néo, filho de Joseluce Medeiros e Cacá, deitado em uma rede com a namorada, ambos muito jovens e inexperientes, trocavam beijos e carícias.
Miguel Cury, olhou pra Néo e falou:
-Meu filho, tome cuidado, isto pode não dar certo.
Néo respondeu tranquilo "Tem rolo não vovô,tem rolo não.
Algum tempo depois, quando a namorada de Néo, atual esposa, apareceu grávida, foi a vez de Miguel Cury dizer:
-Rolo não teve não, mas rola teve muita.

sexta-feira, junho 29, 2012

ANÔNIMO NO DESERTO


Escreve e lê
como anônimo
em um deserto vasto
vazio
ou em espaço próprio
público
querendo
ver
abraçar
segurar
dizer
apenas vontades
vivendo
como vidas paralelas
de intensidades
virtuais
desejos
pensamentos
intenções
sentimentos
cibernéticos.

Chl
Jun/2012

segunda-feira, fevereiro 27, 2012

LAVAGEM DO BECO DA LAMA



Estive no Beco da Lama. Fui rever o bar de Nasi, que costumava ir quando ele ainda era vivo. O carnaval já havia terminado. Apenas alguns remanescentes e bêbados ainda estavam por lá. Encostei no balcão, chamei a Galega (garçonete) e pedi uma meladinha com caldo de feijoada.


A Galega, ainda raivosa, contava que quebrou os dedos da mão de uma rival com a cara, que estava, a metade, de uma cor roxo/esverdeada. Ressentida, ela dizia que era uma mulher independente e que a única dona dela era a terra, pra onde iria quando morresse; enquanto que a outra dependia dos homens, pois vendia o corpo para sobreviver.



Pedi pra ela me atender numa mesa na calçada e, quando ia sentando, apareceu Neuza, que, segundo ela ,vinha do bar de Chico. Aproveitei pra perguntar onde era o bar de Nazaré, e ela apontou para um lugar, que eu achava que era onde se vendia as cestas de natal, mas já estava fechado.



- Você esteve aqui na lavagem do beco ? Perguntei.



- Não, cheguei já no final, mas encontrei um amigo que me relatou tudo.



- Então me conta, o que houve por aqui?



A Galega já falou que o presidente da SAMBA estava numa mesa com um grupo de participantes.



- Ela disse quem era que estava na mesa?



- Não.



Bom, eles estavam em Nazaré, mas como ela fecha no sábado às 5:00h, vieram para Nasi acompanhado a bandinha de frevo. Eram eles: Dunga, o presidente, Leonardo Sodré, que é diretor, e mais dois amigos, acho que Antoniel e Chagas, depois chegaram Alex, Hugo, Lenilton Paparazzi e, finalmente, Barba, com uma pilha de recortes, CDs e uns poemas, que, creio, sejam pornográficos.



- Galega, traga um conhaque, um caldo de dobradinha e uma carteira de cigarros Free, pediu Neuza, e continuou narrando.
Quem chegava na mesa, era abordado por Leonardo, pedindo para que não bebessem muito pra se preservar para o aniversário de sua irmã Simone, onde esperava por eles uma caixa de Johnny Walker Black. Foi quando Dunga lembrou que a festa ia até o dia amanhecer e que só iria se tivesse cerveja gelada. E muita.



Chegou um carro pipa e começou a lavar o Beco. Lenilton, pra se purificar, tirou a camisa e foi se lavar. Dunga tentou tirar a camisa pra se lavar, mas, vendo a saliência do bucho, desistiu e foi de camisa mesmo. Foi quando ouviu um grito de longe



- Dunga Bermudão!



Depois de purificado, o presidente resolveu discursar e lembrar figuras ilustres como Mainha e João Bolão, provocando lágrimas em Fábio, sobrinho de João e genro de Barba. Antoniel dançava ao som do frevo da bandinha. Hugo, depois da foto no Beco, não deu nem cabimento a Gardênia, arranjou outro, moreno magro, alto, com 70 anos bem vividos e dançaram lépidos e faceiros a tarde inteira. 



Chagas, tomando cerveja com queijo assado, dizendo que com esses tira-gostos vai ficar da largura de Plínio, que depois do veraneio tá parecendo o Rei Momo.



Plinio passou rapidamente. O estilingue puxou e ele sumiu.
Alex, não tem o que fazer, fica duvidando da minha existência, dizendo que sou virtual. Quero encontrar com ele na próxima troca de livros na casa do padre, pois sei que ele vai ganhar outra caixa de Viagra. Aí eu vou mostrar minha virtualidade.



Abimael, todo carnavalesco, dançava frevo numa mesa ao lado, quando apareceu um papangu irreconhecível. Ninguém tinha a menor idéia de quem poderia ser. Dançava e pulava levemente. 



Quando teve vontade de beber, levantou o capuz e deixou cair na camisa um monte de lêndeas e foi reconhecido : Eugênio 1/2 kilo.
Interrompi a conversa para pedir a conta, pois tinha um compromisso, e Neuza, gentilmente, falou.



- Vá. Essas contas pequenas eu pago. Há alguns anos, eu tomava um Ecstasy e ia bater na casa do aniversário, mas, com a porra da velhice chegando, vou tomar só mais uns cinco conhaques; amarrar um fininho e, se bater legal, vou bater lá na tal da cobertura.



Seja o que Deus quiser. Se eu passar mal, a festa é em frente ao São Lucas mesmo.



Frei Carmelo