sábado, agosto 09, 2014

PARA SALES E DILANA


De longe, olho sorrateiro
Teu cabelo loiro esvoaçante
E eu, como paladino errante
Despeço-me dessa vida de solteiro
Fui o último e agora sou primeiro
Como lobo correndo na estepe
Brigo de foice, faca e canivete
Buscando na lapinha minha Diana
Ou eu fico desta vez só com dilana
ou acabo na pedra do Itep.

Chl
Ago/2014

domingo, maio 11, 2014

HOJE É SEU DIA.


Eu nem sempre estava com você
no dia das mães
eu morava fora
mas, estava no aniversário
depois
estava com você
no aniversário
e no dia das mães
estava ao seu lado
na sua casa
na sua cama
no hospital
hoje
estou com você
todos os dias
na alma
no coração
no pensamento
nos sonhos...
............
na eternidade.
Parabéns Mamãe!

Chl
Mai/2014

quarta-feira, fevereiro 12, 2014

WHERE YOU FROM ?


Em Novembro de 2000, fizemos uma viagem para Miami, Barbosa,Tomba, Carneirinho e eu, com as esposas, e  Barbosa levou os dois filhos.
Saímos de Natal para o Rio de Janeiro e de lá pegaríamos o voo para Miami. Carneirinho precisou antes, passar no Recife para pegar o passaporte que estava no consulado americano para receber o visto.
Carneiro apreensivo falou:- Eu nunca fui no Rio de Janeiro e quando chegar lá naquele aeroporto grandão, como é que eu vou achar vocês ?
Eu disse, "Carneiro, pegue o melhor chocalho que você tiver de ovelha, quando descer do avião, bote no pescoço e faça carreira dentro do aeroporto que eu sou vaqueiro e você lhe reconhecer pelo chocalho". 
Por volta das oito horas da noite, Carneiro chegou, acionou o celular e nos encontrou rapidinho.
Embarcamos meia noite para Miami.
Barbosa tomou logo um "amansa leão" (Lexotan), pra dormir no voo, os outros dormiram todos, só eu, que não durmo em avião, nem ônibus, nem carro, só se tiver tomado muita cachaça, passei a noite lendo e dando uns cochilos rápidos.
Foi quando lembrei de Paulo Mendonça, pai de Barbosa, que me contando uma viagem que fez para Miami, com a família, disse que passou a noite acordado no avião ; resolveu andar no corredor pra ver se tinha alguém acordado como ele e me disse:
- Todo mundo estava dormindo, só tinha acordado no avião, eu e o aviador (piloto).
Chegamos em Miami, nos instalamos no hotel, para no dia seguinte, embarcar em um navio para um cruzeiro no Caribe e visitar Cancúm e Cozumel.
Quando fomos entrar no navio,ficamos na fila de embarque e de carimbo do passaporte, já que sairíamos dos EUA para o México.
Carneiro ficou em uma fila paralela a minha, mas, sempre do meu lado. Quando chegou nossa vez, olhei para Carneiro e na frente dele tinha uma moça bem gorda, tipo afro-descendente americana, carimbando os passaportes.
Ela olhou pra ele, pegou o passaporte e perguntou:
- Where you from ?(de onde você vem)
Carneirinho virou-se pra mim e falou:- Agora tourou dentro, mesmo na emenda.
Eu para tranquilizá-lo, disse,"diga de onde você vem".
Carneiro olhou pra negona e falou quase gritando:
- T..A..N..G..A..R..ÁÁÁ.....
A mulher arregalou os olhos, sem entender nada e eu olhei pra ela e esclareci: "Brasil".
Ele deu um sorriso, carimbou o passaporte e o Carneiro entrou no navio.

segunda-feira, fevereiro 10, 2014

O IMPALA


Era dia de reunião da Cooperativa de Eletrificação do Trairi em Santa Cruz. Começou na parte da tarde no Trairi Clube.
Alzamir Pereira chegou de São Tomé, com Zé Diniz, para participar da reunião.
Alzamir com o pai Rainel Pereira e os irmãos, Alzair,Afrânio e Rainel, participavam da Cooperativa de São Tomé, uma das mais prósperas da região.
Passou em Campo Redondo onde tinha a fazenda Lagoa do Deserto, em cima da Serra do Doutor. Almoçou por lá, no bar de Zé Liberato, regado a doses de cachaça.
Era meu amigo e nos encontramos na reunião. De vez em quando Alzamir se levantava e saía do clube até o Impala americano, que ele possuía, estacionado em frente.
Perguntei: -Zé Diniz, que danado Alzamir vai ver naquele carro a toda hora ?
Zé Diniz me respondeu:- É uma garrafa de uísque que tem lá ele deve ter ido tomar um gole.
No final da reunião, por volta das seis horas da tarde, Alzamir me chama e diz:
-Eu queria ir com você pra Natal, contanto que a gente pare no Veneza em Tangará e no bar das moças em Bom Jesus, pra tomar uma e botar a conversa em dia.
- Tá topado, respondi, vamos na minha camionete.
-Não, disse ele, vamos no Impala, pra você dirigir um carro  hidramático, já guiou um?
-Eu não e acho que nem sei dirigir.
Entramos no carro ele,Zé Diniz e eu e saímos aos pulos até eu me acostumar com o carro sem embreagem.
Paramos em Tangará, Bom Jesus, bebemos e demos boas risadas.
Eu com um chapéu Panamá de couro que havia comprado nos Estados Unidos, parecia o pistoleiro de Alzamir e ele rindo muito dizia "Vamos motorista, vamos embora" e entrávamos no carro. Eu engatava a primeira puxando o cabo da marcha que era no volante e saíamos ligeiro sem mais pulos, pois eu já havia acostumado com o câmbio automático.
Quando estamos nos aproximando da rodoviária federal em Macaíba, um guarda vem para o asfalto e faz sinal para parar.
Eu disse pra Alzamir:-Agora torou dentro.
-Não se preocupe que eu resolvo, ele me disse.
Parei o carro, o guarde se aproximou e falou:
-Farol dianteiro esquerdo apagado, documentos por favor.
Alzamir abril a porta do passageiro e disse para o guarda:
-Ele é meu motorista, o carro é meu, vou lhe mostrar o documento, que está no porta malas, que esse carro é importado.
O documento de carro importado era um encartado do tamanho de uma folha de papel ofício, com os dados da importação etc.
Alzamir abriu o porta malas, já estava escuro, eram oito horas da noite, remexeu pra lá e pra cá e puxou um papel grande e entregou ao guarda.
O guarda com uma lanterna começou a ler o documento em voz alta.
"Mil e duzentas braças de frente, duas mil braças de fundo....
Alzamir gritou:-Essa é a escritura do Ingá, o documento tá misturado com as escrituras no porta malas.Percebeu que o guarda ficou rindo, tirou uma nota de cinquenta do bolso, deu ao guarda e disse "Feliz Natal, vambora motorista e entrou no carro.
O guarda se afastou um pouco e disse:
-Boa viagem, mande consertar esse farol.
Alzamir, deu uma boa risada, virou pra mim e falou:
-Eu não ia dar dinheiro a esse guarda, mas não achei o documento de jeito nenhum e mostrei foi a escritura do Ingá.Você é um motorista arretado, vamos pra casa, em Ponta Negra, comemorar.
Por instinto abriu o porta luvas na sua frente e rindo disse:
- O frexado do documento tá aqui e ficou rindo.....

Chl
Fev/2014

segunda-feira, janeiro 20, 2014

ALÉM DO HORIZONTE



Inconformismo
quase sempre
a mesma coisa
expectativa de mudança
esperança tênue
suportando
o dia a dia.


A rotina
exigências da vida
sobreviver.

Nova vida
novos tempos
novos sonhos
o que sempre
quis
para sempre
além do horizonte.

Chl
Jan/2014


sábado, janeiro 18, 2014

MINHA INFÂNCIA EM SANTA CRUZ II


DINHEIRO ALHEIO

Estes temas que escrevo agora, são passagens marcantes da minha infância e que tiveram grande importância na minha formação e na minha personalidade.
Meu pai, seo Lourenço, era um homem simples, com a formação escolar limitada ao primeiro grau, mas, muito inteligente, trabalhador e humilde.
Tinha um apego todo especial a família, aos amigos e ao ser humano. Tinha também uma obsessão na vida : Honestidade.
Sempre que podia, ele fazia questão de ressaltar isto, comigo e os meus irmãos.
Nós morávamos na casa da esquina do riacho com a rua Ferreira Chaves, que foi construída na mesma época que o tabelião Manoel Soares construiu a dele na mesma rua, com financiamento da previdência social, que existia na época.
Nossos vizinhos eram  Manoel Santana e Maria, Euclides Ribeiro e Domair, Arnaldo eletricista,Pedro Rodrigues, Maria de Zé de Gan (minha avó materna) e seo Ribeiro e dona Joaninha. Depois tinha um lajeiro grande e o oitão do sítio Alto, onde moravam Clodoval Medeiros e suas irmãs.
Certo dia, brincando no jardim da casa de Arnaldo, com os filhos dele, encontrei, na quina da parede da casa, descascado pelo salitre, entre dois tijolos, uma moeda de quinhentos réis. Guardei no bolso do calção e fui pra casa , esperar papai chegar para o almoço, para avisá-lo, pois já estava "escabreiado" com o que aconteceu com o ceguinho.
Quando ele entrou em casa eu mostrei  a moeda e falei:-Achei .
Ele perguntou :-Onde?
-Na casa de seo Arnaldo, enfiado na parede, respondi.
-É dinheiro alheio, ele disse na hora.
Eu nunca tinha escutado essa palavra, dinheiro "alheio".
Ele continuou falando:-Se fosse na rua e você não visse do bolso de quem caiu, era seu, mas, dentro da casa de Arnaldo é dele e vá imediatamente colocar no mesmo lugar que você achou.
Voltei correndo pra casa de Arnaldo, estavam todos dentro de casa almoçando e eu fui no mesmo tijolo da parede descascada e coloquei a moeda.
Quando voltei, papai me chamou e disse :- Quando você quiser dinheiro para comprar, poli,solda,sequilho,confeito ou pirulito , você me peça que lhe dou e quando você receber qualquer dinheiro, achado ou dado, venha me mostrar pra saber de onde veio. Isto é para o seu bem.
Esse é um testemunho de uma parte da minha infância que o faço pela memória do meu pai e sempre que posso transmito esses exemplos aos meus filhos.

Chl
Jan/2014

quinta-feira, janeiro 16, 2014

MINHA INFÂNCIA EM SANTA CRUZ I

                                               

 O PRIMEIRO SALÁRIO

A primeira vez que ganhei dinheiro por prestar um serviço, foi guiando um cego.
Brincávamos na calçada do riacho, esquina com a Rua Ferreira Chaves (hoje João Bianor Bezerra), onde ficava a minha casa na esquina.
Estávamos jogando biloca com Didia, filho de João Serafim, quando escutei uma voz chamando:
- Menino, menino, onde fica o correio? 
O correio ficava na outra esquina , uma rua depois da minha casa, no mesmo lugar que está hoje, Rua Senador João Câmara com Av. Rio Branco (antigo riacho das Craibeiras).
Era um ceguinho com uma bengala e uma bacia (meia banda de uma lata de queijo de Minas).
Eu me aproximei e falei:
- É ali na outra esquina, ceguinho. 
Ele me perguntou
-Você pode me guiara até lá?
-Posso, respondi.
Ele estirou a bengala, eu segurei e comecei a puxá-lo na direção do correio. Quando chegamos lá, eu avisei que tinha chegado e ele enfiou a mão em um bisaco que levava, tirou uma moeda de quinhentos réis e me deu.
Fiquei feliz demais. Corri pra casa e fui mostrar à papai.
-Painha, painha, ganhei quinhentos réis que o ceguinho me deu por que eu guiei ele pro correio.
Seo Lourenço olhou pra mim e disse:
-Venha cá meu filho. Ceguinho não pode trabalhar e precisa de dinheiro e nós é que temos que dar dinheiro aos cegos e não receber deles. Pegue um tostão e vá já devolver o dinheiro dele.
Corri de volta pro correio, sem entender direito por que teria que devolver o primeiro salário que ganhei na vida.
Voltei e encontrei o  ceguinho sentado na calçada do correio, balançando a bacia com algumas moedas dentro.
-Ceguinho, eu falei, papai mandou devolver seu dinheiro e mandou mais um tostão para o senhor. 
Joguei as duas moedas dentro da bacia.
O ceguinho perguntou:
-Onde você mora?
-Na casa da esquina, onde eu peguei o senhor.
-Há, disse ele, você é filho de seo Lourenço da usina, né? Diga a ele que Deus o pague e proteja a sua família.

Chl
Jan/2014