segunda-feira, fevereiro 10, 2014

O IMPALA


Era dia de reunião da Cooperativa de Eletrificação do Trairi em Santa Cruz. Começou na parte da tarde no Trairi Clube.
Alzamir Pereira chegou de São Tomé, com Zé Diniz, para participar da reunião.
Alzamir com o pai Rainel Pereira e os irmãos, Alzair,Afrânio e Rainel, participavam da Cooperativa de São Tomé, uma das mais prósperas da região.
Passou em Campo Redondo onde tinha a fazenda Lagoa do Deserto, em cima da Serra do Doutor. Almoçou por lá, no bar de Zé Liberato, regado a doses de cachaça.
Era meu amigo e nos encontramos na reunião. De vez em quando Alzamir se levantava e saía do clube até o Impala americano, que ele possuía, estacionado em frente.
Perguntei: -Zé Diniz, que danado Alzamir vai ver naquele carro a toda hora ?
Zé Diniz me respondeu:- É uma garrafa de uísque que tem lá ele deve ter ido tomar um gole.
No final da reunião, por volta das seis horas da tarde, Alzamir me chama e diz:
-Eu queria ir com você pra Natal, contanto que a gente pare no Veneza em Tangará e no bar das moças em Bom Jesus, pra tomar uma e botar a conversa em dia.
- Tá topado, respondi, vamos na minha camionete.
-Não, disse ele, vamos no Impala, pra você dirigir um carro  hidramático, já guiou um?
-Eu não e acho que nem sei dirigir.
Entramos no carro ele,Zé Diniz e eu e saímos aos pulos até eu me acostumar com o carro sem embreagem.
Paramos em Tangará, Bom Jesus, bebemos e demos boas risadas.
Eu com um chapéu Panamá de couro que havia comprado nos Estados Unidos, parecia o pistoleiro de Alzamir e ele rindo muito dizia "Vamos motorista, vamos embora" e entrávamos no carro. Eu engatava a primeira puxando o cabo da marcha que era no volante e saíamos ligeiro sem mais pulos, pois eu já havia acostumado com o câmbio automático.
Quando estamos nos aproximando da rodoviária federal em Macaíba, um guarda vem para o asfalto e faz sinal para parar.
Eu disse pra Alzamir:-Agora torou dentro.
-Não se preocupe que eu resolvo, ele me disse.
Parei o carro, o guarde se aproximou e falou:
-Farol dianteiro esquerdo apagado, documentos por favor.
Alzamir abril a porta do passageiro e disse para o guarda:
-Ele é meu motorista, o carro é meu, vou lhe mostrar o documento, que está no porta malas, que esse carro é importado.
O documento de carro importado era um encartado do tamanho de uma folha de papel ofício, com os dados da importação etc.
Alzamir abriu o porta malas, já estava escuro, eram oito horas da noite, remexeu pra lá e pra cá e puxou um papel grande e entregou ao guarda.
O guarda com uma lanterna começou a ler o documento em voz alta.
"Mil e duzentas braças de frente, duas mil braças de fundo....
Alzamir gritou:-Essa é a escritura do Ingá, o documento tá misturado com as escrituras no porta malas.Percebeu que o guarda ficou rindo, tirou uma nota de cinquenta do bolso, deu ao guarda e disse "Feliz Natal, vambora motorista e entrou no carro.
O guarda se afastou um pouco e disse:
-Boa viagem, mande consertar esse farol.
Alzamir, deu uma boa risada, virou pra mim e falou:
-Eu não ia dar dinheiro a esse guarda, mas não achei o documento de jeito nenhum e mostrei foi a escritura do Ingá.Você é um motorista arretado, vamos pra casa, em Ponta Negra, comemorar.
Por instinto abriu o porta luvas na sua frente e rindo disse:
- O frexado do documento tá aqui e ficou rindo.....

Chl
Fev/2014

Um comentário:

Manoel Neto disse...

Grande história comandante Chagas. Lembrou que tive a oportunidade de ouvi-la narrada por você, em um almoço em Cruzeta, quando você presidia a EMPARN. Feliz o que tem histórias a contar, pois mostra que viveu. Um abraço.