terça-feira, dezembro 23, 2008

MATA BORRÃO

Revirando rascunhos
de anotações antigas
amassando papéis
jogando na lixeira
tento interpretar
as músicas,
lembrando uma especial:
O último telefonema.
Como tinta fresca
de caneta antiga
tentando enxugar
com mata borrão.
Como uma gangorra
pra lá e pra cá
secando a tinta
que não desaparece
e ainda gruda
na haste
das lembranças eternas
e ficam escritas,
mais claras,
mais firmes,
no caderno da vida.
Chl
Dez/2008

sexta-feira, novembro 21, 2008

PEDACINHOS DO CÉU

O dedilhado macio
faz vibrar o pinho
do pequeno cavaquinho.
A música,
É verdadeira poesia,
“pedacinhos do céu”
são retratados
tão simples
tão belo
que faz a gente sentir
a dorzinha da saudade.
Chl
Abr/1971

quinta-feira, novembro 20, 2008

PEDAÇO DE LUA


Um pedaço de lua
uma meia lua
um quarto de lua
um belo luar
e uma lua de mel.
Todo amor ao luar
o perfume das flores,
seus lindos seios
beijei em sonho,
felicidade e doçura
era tudo,
lindo demais,
para ser realidade.
Chl
Out/1970

sábado, setembro 27, 2008

A AURA BRANCA


A aura branca
encobria
o deslizar da pena.
As palavras
fluíam,
com a leveza do ser,
-descreviam-
com vagar,
a angústia
do amor.
Chl
Set/2008

segunda-feira, setembro 08, 2008

QUANDO SETEMBRO VIER

No ocaso
de agosto
limiar
de setembro,
decidiu
emancipar-se
escusas
(in)conscientes
grito de guerra
“independência ou morte”.
agora só falta
abolir
a própria escravidão.
Chl
Set/2008


O ALEIJADO


Um negro “cocho
empregado do médico
andando “capenga”
vassoura na mão
veneno na outra
matando mosquito
dentro da poça.
O velho capenga
vai capengando
caduco ficando
vendo a vida passar.
Vê o mundo sem nada fazer
aceita tudo, sem nada dizer
o negro cocho morreu sem falar.
Chl
Set/1970

sábado, setembro 06, 2008

MAGIA


Não sei porque existe
tanta magia
inexplicável na carne,
que a mente
não consegue dominar.
A cabeça as vezes,
tenta se impor
inadvertidamente,
sem saber
que na realidade
o amor existe
nos dedos,
nas mãos,
nos olhos,
nos pés,
nos cabelos,
no sexo,
no simples olhar.
Chl.

Set/2008

sexta-feira, setembro 05, 2008

GOIABEIRA

Subi na árvore
na goiabeira
fiquei perto do céu,
lá de cima
vi meu amor
estava linda
eu fitava
meu coração sorria
meus olhos vibravam
com aquela imagem,
eu estava feliz
era o meu amor;
colhi um fruta
e em suas mãos
entreguei, com a fruta,
a minha vida.
Chl
Mai/1970


21 ANOS(15/05/1970)


Adeus infância
traquinas e bela
parto saudoso
lembrando de ti;
a adolescência
trouxe-me à maioridade.
Onde estás
grupo escolar
as brincadeiras de roda
minha petiz namorada
a florzinha que plantei
no meu pequeno jardim.
Onde estás
minha meninice?
Os vinte e um anos chegaram
sou um homem
de coração infantil
sou uma criança
com idade de homem.
Adeus infância querida
de saudosa memória
deixo a meninice
para arcar
com o peso da responsabilidade,
sou um homem !
Chl
Mai/1970

sábado, agosto 30, 2008

ALEGRIA SÚBITA


Uma alegria súbita
invadiu meu ser
minh’alma sorria
meu coração,
do seu âmago,
irradiava felicidade
é o amor.
Ansioso corri
fui ver a lua
que prateada,
sorria para mim,
corri, corri mais
tropecei numa flor
que com o impacto
chorou
e por vingança,
seu espinho
me feriu.
Fiquei triste
de remorso chorei
tomei a flor
nas mãos
e beijando-a
pedi perdão.....
.............................
Eu amo a rosa.
Chl
Abr/1970

quinta-feira, agosto 28, 2008

ÓBICE

Que
a sequência material
da vida
não seja
a óbice de
um sonho pueril
mas,
a afirmação plausível
de uma ocorrência
sublime............
“A união de dois seres
Que se amam”
Chl
Abr/1970

quarta-feira, agosto 27, 2008

A LUA E A ROSA

A lua e a rosa
o jardim e o luar
um raio de lua
uma pétala de rosa
um pouco de mim
e todo meu amor,
a minha vida
é um pouco de ti.
Chl
Abr/1970



segunda-feira, agosto 25, 2008

MONA LISA

15 de maio
27 anos
um grande presente
pérola rara
minha pequena
Mona Lisa
raio de luz
no meio de trevas
rosa sublime
entre espinhos
um pouco de amor
n’um mundo de ódio.
Chl
Mai/1976



ALESSANDRA II

Eu adoro
todo dia
balançar na minha rede
com minha pequena
Alessandra
cantarolando
versos de Noel
assoviando
melodias de Ataulfo
e minha Alessandra
vai dormindo,vai dormindo
enquanto dorme
eu estou sonhando
cantando
pensando....
Chl
Jun/1973

quarta-feira, agosto 20, 2008

MINHA PEQUENA ALESSANDRA


Minha pequena Alessandra
a coisa mais pura
que já criei em toda minha vida
a coisa mais linda
que meus olhos já viram.
É o amor filial
que nasceu em meu peito
é o amor pueril
da minha pequena flor
da minha pequena filha
o amor puro
do meu coração.
Chl

Ago/1973

segunda-feira, agosto 18, 2008

FLORES


Hoje
tudo são flores,
saudade e alegria
lágrima e tristeza
a música e o coração,
tudo são flores.
Neste dia
o compromisso
o desejo
e o amor,
tudo isso
fez nascer
uma linda rosa
que ofertei
ao meu coração:
Você.
Chl
Mar/1970

domingo, agosto 17, 2008

RENASCER


Se não existe amor
o tempo destrói
e a saudade morre
porém
se o amor existe
o tempo incrementa
e a saudade
destrói o coração
que entristece
perde o vigor,
que renasce
com força maior
o dia em que
encontrar seu amor.
Chl
Mar/1970

sexta-feira, agosto 15, 2008

SENTIDOS


Em meus olhos
tua imagem
meus ouvidos
tua voz
meus lábios
a doçura dos teus beijos
tua meiguice
em meu ser
teu amor
em meu coração
meus pensamentos
são teus
tua vida
em minh’alma.
Chl
Mar/1970

quinta-feira, agosto 14, 2008

CAPIBARIBE

Espreito da balaustrada
de um sobrado,
o leito do rio
margeado por prédios,
arranha-céus
casas coloniais
antigas igrejas.
Um homem e uma canoa
deslizam sobre as águas,
o calor o faz suar
mas, ele é forte
é Nordestino;
está pescando,
pescando pra viver
vendendo seu pescado
ao povo do
Recife.
Chl
Mar/1970

quinta-feira, agosto 07, 2008

TRISTEZA


Eu e minha tristeza
o luar se reflete na lama
um copo de bebida
um trago de saudade
o efeito da tristeza
é minha dor.
O amor é tão forte
que faz alegria
mata minha tristeza
aumenta minha dor.
Chl
Jan/1970

quarta-feira, agosto 06, 2008

DOIS COPOS

Dois copos
uma garrafa
um gole
uma lembrança
Um amor
que está longe
e a saudade
está comigo
Uma dor
está nascendo
a consciência
vai sumindo
estou ao léo
fora de mim
longe de ti
..................
mas eu te amo.
Chl
Ago/1968

terça-feira, agosto 05, 2008

FINGINDO

Tela de Valderedo


Fingindo que ama
brincando de amor
sofre
dizendo que sofre
falando de dor
ama
sofrendo de amor
amando o sofrer
morre.
Chl
Dez/1968


O TEMPO PASSA

O tempo passa
que desgraça,
a vida vai
nada me atrai
o amor vem,
eu vou também
o amor acaba
o coração se esmaga,
se eu morrer
sem nada fazer
neste país
que foi que fiz?
A vida é breve
ninguém se atreve
a viver mais.
Chl
Ago/1968

segunda-feira, agosto 04, 2008

ESPERO


Espero
aos poucos
desespero
esperando
desesperando
sofrendo
chorando
doendo
amando
sem ver
acreditando
confio
desconfiando
vivo
pensando
sem saber
talvez
...............
.................
nunca mais
Chl
Ago/1968

domingo, agosto 03, 2008

SOL DE AGOSTO

O sol aparece
brilhante
em agosto.
Água fria
serena
na piscina azul.
Vento veloz,
cobras no cio,
valentes no ninho.
Pássaros saltitantes
cantam
flores coloridas
vicejam.
Corações libertos
almas ansiosas
vislumbram a primavera.
Chl
Ago/2008

MONOTONIA

A bebida desperta o amor
a saudade logo vem
uma ternura sutil
de um coração delirando.
D’alma singela
floresce este amor
que a musica incentiva
o perfume identifica.
Uma dor bem aguda
nasce em meu ser,
o efeito sumiu
a música parou
o perfume acabou
Tudo enfim
é monotonia.
Chl
Nov/1969

domingo, julho 13, 2008

FLORES DE JULHO


Lá no céu
o firmamento
estrelas brilhantes
azuis
platinadas,
com os anjos vigilantes
no jardim da flor.
Na alma o sentimento
no coração o amor
no corpo o acalanto
Chl
Jul/2008

terça-feira, maio 13, 2008

TREZE DE MAIO

Di cavalcanti

Dia da libertação dos escravos
Negros !
Comemorado festivamente
Pelos escravos
Brancos !
Escravos de uma estrutura bélica
corroída pelas armas e munições
Terror !
Os escravos negros
Tinham feitores
grilhões e barriga cheia,
atualmente,
não existem feitores
nem grilhões,
apenas,
Escravos famintos !
Chl
Mai/1978

terça-feira, abril 22, 2008

LUA CHEIA


No céu
uma bola de fogo
a lua cheia.
Vislumbrei
procurando um olhar,
não vi.
Fechei os olhos,
sonhei,
vi uma árvore
grandiosa
tombar com o vento,
sem raízes.
No luar
lembrança distante
ocupada
consumida
conformada.
Chl
Abr/2008

quarta-feira, abril 09, 2008

LUA NOVA


Por entre as nuvens
uma luz tênue
a lua nova.
Aconchego no côncavo
rechaço no convexo.
Um olhar surpreso
quase assustado,
um sorriso aberto.
Vislumbro a lua
vejo o infinito
no meu olhar
o porvir.
Chl
Abr/2008

segunda-feira, abril 07, 2008

TRADIÇÃO DA MINHA TERRA




Santa cruz, minha terra
dos antigos coronéis
os bailes na prefeitura
dos autênticos menestréis

Feira da "rua grande"
a igreja em construção
os cegos pedindo esmola
rimam com um violão

É Natal e Ano Novo
e alegres carnavais
as festas de Santa Rita
tempos que não voltam mais

Santa Cruz das vaquejadas
das festas de São João
montaria em burro "brabo"
e cachaça com limão

As cheias do Trairi
a sêca de amargar
as promessas no cruzeiro
para o tempo melhorar

A pesca no Inharé
a caça na Samambaia
e as mocinhas bonitas
todas de mini saia

Estudar no grupo novo
desfilar no dia sete
levar puxão de orelha
respeitar dona Elizete

Terra cinquentenária
pra isso tem monumento
dos bailes e pastoris
lá no "rabo do jumento"

Santa Cruz é meu berço
meu lar e meu ardor
Santa Cruz é minha vida
Santa Cruz é meu amor.

Chl
Dez/1968.

SANTA CRUZ

Igreja Matriz de Santa Rita de Cássia

Meu berço
meu sonho
meu lar.
A música é tua estampa
diante dos meus olhos,
aí descobri o amor
vivi o amor
perdi o amor.
Uma estrela
longínqua, fictícia
em minha consciência
em meu ser.
És tu Santa Cruz
chama azul
que arderá eternamente
no fundo do meu
coração.
Chl
Mai/1968

sábado, abril 05, 2008

FIO SUAVE


Um fio suave
de música
fazia vibrar-me
os tímpanos;
em meu ser
delineava-se
a saudade.
Chl
Set/1969

sexta-feira, abril 04, 2008

AFONSO BOCA RICA

Casa de Afonso Boca Rica
Santa Cruz


Afonso Costa Soares, resolveu colocar um vistoso dente de ouro na boca o que lhe valeu o apelido para o resto da vida : Afonso Boca Rica.
Componente de uma família grande, "Os Costa", Afonso, casado com Ritinha com quem teve duas filhas, era um dos mais novos de uma série de 


irmãos, como Juvenal Costa, também chamado de Juvenal Pézinho, pois uma sequela de paralisia infantil, o deixou com um defeito no pé, que o fazia caminhar auxiliado por uma bengala, Bilo Costa, Zé Costa, chamado de Doutor Costa, Lindalva de Severino da Silva...etc.
Todos procedentes da zona rural de Santa 
Cruz, com pouca escolaridade, mas com muita 
inteligência, se tornaram comerciantes e 
proprietários rurais.
Afonso foi o primeiro a falecer acometido de uma insuficiência renal crônica, que o obrigou a fazer um transplante de rim, mas a rejeição ao orgão, o levou a óbito.
No dia do seu velório, Lindalva chorando muito, dizia :
- Meu Deus, porque levar Afonso que é o mais 
novo e não Juvenal que já tá véio e sambado ?

Juvenal deu um pinote, escorado na bengala e 
respondeu, " vai te danar Lindalva, deixe Deus escolher quem ele quiser".

Afonso era como um líder da família, viajado, foi algumas vezes à São Paulo, comprar carro pra vender na região.
Em uma das viagens, ele levou Piaca, que 
ficou deslumbrado com a viagem de avião e 
dizia que essa é que era a viagem boa, pois daqui pra São Paulo, não viu nenhum avião 
quebrado na oficina e de lá pra cá de carro, viu mais de trezentos jipes no prego nas oficinas.
Em São Paulo, foram ao Mappin, que era o magazine da moda na época, no centro da cidade, ao lado do viaduto do chá. Passearam pela loja de oito andares, olhando todo tipo 
de mercadoria, bonita e barata. Quando 
estavam saindo, na sobreloja, resolveram descer pela escada rolante, que era mais 
rápido e todo mundo estava usando. Piaca ficou meio cismado, mas resolveu encarar. Se segurando em Afonso e no corrimão, desceram. Do meio pro fim, ele viu que a escada desaparecia dentro do chão, aí ficou assombrado e faltando uns três degraus, Piaca, pulou com medo de ser engolido pela 
escada. Como era fim de ano, tinha uma árvore 
de Natal enfeitando o salão, no pé da escada e ele espatifou-se no chão agarrado com a 
árvore.

Afonso gostava de futebol e mandou fazer um campinho na fazenda pra jogar bola com os moradores e uma turma de Santa Cruz. No domingo era o melhor programa, a pelada no sítio dos Costa.


Tinha um tambor de duzentos litros, cheio 
d'água e um caneco, pra abastecer os jogadores e algum torcedor sedento.
Um dia numa partida acirrada, houve uma disputa de bola que terminou com um dos atletas com a perna quebrada. Imediatamente Afonso pegou o rapaz colocou dentro do carro 

e correu para o hospital na cidade. Quando o médico viu o desmantelo disse, "Afonso, que jogo violento é esse ? O rapaz está com a 
perna quebrada.
- Pro sinhô vê dotô, e num foi nem falta.

Em uma exposição em Natal, no Parque Aristófanes Fernandes, ninguém conseguia vender nada, porque estavam em plena seca e 
comprar gado era muito arriscado. Afonso, 
sempre muito otimista, andava de um lado pra outro tentando vender um curral de vacas .
Um sujeito passou e pileriou, "Ô seca da 
gôta, né Boca Rica" ?
- Pra mim tá atolando em todo canto, respondeu Afonso.
Dirigiu-se ao curral do vizinho e perguntou :
- Qual o preço das vacas ?
- Qual vaca, disse o vizinho de curral, 
escolha uma que digo o preço.
- Quero saber do curral todo.
Depois de ouvir o preço, Afonso disse: - Tá 
comprado.
Saiu pro Bandern, foi direto para a carteira rural, que o diretor era Sílvio Procópio e falou.
- Dotô Silvo, quero esse valor aqui emprestado que comprei um curral de gado.
- Meu amigo Afonso, quem é seu avalista ? 
Indagou Silvio procópio.
- Ora dotô Silvo, o avalista é o sinhô, tem avalista mió ?

Afonso comia de tudo, tinha uma vida agitada, pra cima e pra baixo, vendendo e comprando. Tudo isso foi trazendo um esmorecimento, uma fraqueza, sintomas de doença. Ele muito 
durão, não queria se entregar, mas um dia em Bom Jesus, encontrou-se com Dr. Gotardo 
Fonseca e Silva, médico urologista, fazendeiro, que gostava muito dele e comprava e vendia muita vaca a ele.
Quando ouviu as queixas de Afonso, pediu pra ele comparecer ao consultório no dia seguinte, para examiná-lo, pois achava que ele não estava bem.
Logo cedo Afonso chegou e foi o primeiro a ser atendido. Gotardo examinou e fez uma pergunta.
- Boca Rica, você sente alguma coisa ? Afonso respondeu em cima da bucha.
- Ao redor de mim, uma braça, dói em todo canto.
Foi essa doença que vitimou o grande Afonso Boca Rica.

Chl
Abr/2008

quinta-feira, abril 03, 2008

SONHO E POESIA


Tantos pensamentos
Tantos sonhos
quantas ilusões,
que dariam:
romances
dramas
comédias
e até sátiras.
Tudo passou
tudo transformou-se,
só restou
uma poesia.
Chl
Set/1969

quarta-feira, abril 02, 2008

ULTIMO BEIJO

Foi sinceramente
um doce beijo
que para ela
era o amor renascendo,
uma esperança feliz,
o orgulho da certeza,
um bálsamo eterno.
Para mim
bom, mas vulgar
beijo que selava
um final sem graça
do amor mal construído
que já nasceu morto.
Depois,
até amanhã
o amanhã para sempre.
Chl
Set/1968.

terça-feira, abril 01, 2008

ZÉ DE BRITO E MARIA DO AMPARO

Casa de Auta Pinheiro Bezerra
Praça Cel. Ezequiel Mergelino



Zé de Brito, casado com Maria do Amparo, morava na Praça Cel. Ezequiel, a praça principal de Santa Cruz. O casal tem uma filha Graça, casada com Neto, um agrônomo filho de Parelhas. Manoel Macedo de Oliveira, seu concunhado, contabilista, professor e proprietário da tipografia Santa Cruz, (que depois passou para Manoel Bernadino, que era seu auxiliar), era seu vizinho de frente.

A empregada da casa de Manoel Macedo, chama-se Rita Onofre, apelidada de Rita Oião, pois tinha os olhos esbugalhados e era considerada a mulher mais feia de Santa Cruz, menos para uma pessoa : Surrupei.
Surrupei era cabeceiro do armazém de Alfredo Praxedes e apaixonado por Rita, que esnobava o coitado e não dava nem cabimento à ele. No sábado, fim de feira, Surrupei enchia a cara de cana e ficava ruendo por Rita Oião.


Zé de Brito tinha um Jeep Willys na praça, que depois trocou por um Corcel que durou muitos anos, só não durou mais do que o Opala de Luiz Fernandes.

Muito querido na cidade, gostava do bate papo no Bar do Ponto, que ficava no centro da Praça e pertencia a Chico Aurélio, que ganhou esse apelido, depois que foi ser motorista de Zé Aurélio Guedes, empresário paraibano da construção civil, que morou uns tempos na cidade. Outro que ganhou o apelido de Chico MDB ou Chico de Iberê, foi Chico Pataca, que na mesma época começou a trabalhar com Iberê Ferreira de Souza, neto do Cel. Ezequiel, que foi Governador do Rio Grande do Norte.



Um belo dia, em meio ao animado bate papo, onde todos se divertiam com Zé de Brito, porque era gago, chega um cidadão filho de Santa Cruz, mas que morava há alguns anos no Rio de Janeiro, perguntou, chiando muito, a um dos frequentadores do bar.

- Amigo você conhece a Maria do Amparo, que é minha parente e mora aqui, que eu gostaria de visitá-la ? O senhor respondeu. - A casa dela é aquela ali, disse apontando pra rua, vizinha de seu Zé Nunes e dona Liô, mas, seu Zé de Brito, esposo dela está ali naquela mesa.O cidadão olhou para o bar e dirigiu-se para o grupo de motoristas da praça que conversavam numa mesa tomando cafezinho.
- Boa tardshi...cumprimentou a todos, chiando pra valer, e dirigindo-se pra Zé de Brito, perguntou :- Você é que é o Zé de Briito.
Zé olhou de banda desconfiado, porque conhecia o parente mais do que farinha e disparou, gaguejando.
- Tem ca...cara de eu ser....e..e...Maria do Amparo.

Chl
Abr/2008

sexta-feira, março 28, 2008

BÊBADOS DE SANTA CRUZ

Coreto da Praça da Matriz de Santa Rita na Rua Grande


Quando criança em Santa Cruz, ouvia-se sempre falar nas peripécias de fulano, de sicrano, geralmente tomadores de cachaça, boêmios etc..

Lembro do velho Pajeta, um negro descendente direto de escravos africanos, que fazia trabalho braçal para comprar a comida, porque a bebida, recebia de graça, quando cantava côco de roda.

Gero boná
côco sinhá..

Era o refrão do negro Pajeta, quando improvisava umas rimas para alegrar os frequentadores de bares, geralmente proprietários rurais que vinham para a feira de sábado em Santa Cruz.
Era um negro honesto e tabalhador, gostava muito de beber, mas, todos gostavam dele.

Por volta de 1957, com oito anos de idade, ia com meu pai, Lourenço, na casa de Pedro Aleixo que era uma pequena fábrica de alpercatas e chinelos de couro e solado de borracha de pneu. Lá encontrava um artesão que media meu pé, para fazer minha alpercata: Era Déo.
Com o passar do tempo e o comércio crescendo, os mascates começaram a trazer para a feira, sapatos industrializados, fabricados em Campina Grande e no Recife, que foi acabando com as sapatarias artesanais da cidade. Déo, deixou sua arte e já como Fogão, começou a sobreviver de bicos e a tomar cachaça.
Um belo dia, Fogão caiu na rua bêbado e foi levado pela polícia, para o xadrez. Depois de algum tempo, quando passou o efeito da cachaça,que ele se deu conta que estava preso, perguntou que crime havia cometido e lhe disseram que era apenas porque bebeu demais. Ele passou a chorar copiosamente, envergonhado por ter sido preso, o que deixou constrangido o próprio delegado.
A partir deste dia, quando Fogão se embriagava demais, corria pra delegacia, afim de se entregar, para nunca ter o constrangimento de ser preso, sem cometer crime.

Este mesmo fato aconteceu com "Seu Inácio", que era um aposentado rural que vivia na bodega de Chico Bernardo e que só bebia de copo cheio. Um dia caiu, bêbado no mercado e acabou dormindo no xadrez. Por conta disso, passou dois dias no roçado, só bebendo água, sem comer, com vergonha de vir à cidade, com a desonra da prisão.

Lá do Açude do Alívio, todo sábado, chegava cedo em sua bestinha, talvez o mais famoso bêbado de Santa Cruz : "Ciço Caé".
Um dia, final de feira, Caé passando pela rua da usina, foi para a mercearia de Neno Medeiros,na esquina, já a caminho de casa, pois ele ia pela rua Caminha Fiúza, passava na Braúna da Mijada e lá na parede do açude novo , pegava a vereda para o Açude do Inharé, onde morava, numa ilha no meio do açude. Chegando no bar, Neno estava colocando álcool em um buraco na parede, que era um ninho de "rato catita", em seguida riscou um fósforo. Havia uma ninhada recém nascida de ratinhos que sairam correndo chamuscados. Caé, já estava no balcão com um copo meio de cachaça, imediatamente pegou um ratinho novo queimado, deu uma dentada e engoliu com cana e ficou lambendo os beiços. Neno, que via estupefato aquela cena, correu para o beco e vomitou o almoço todinho.
Caé, era outro que não gostava de ser preso.. Quando diziam que a polícia vinha buscá-lo, ele prontamente se dirigia para o quartel, descendo a rua Antonio Henrique, bolando pelo chão, até a porta da delegacia e dizia que vinha se apresentar. Ficava lá algumas horas até desanuviar a cabeça e partia pra casa, com a feira na garupa da bestinha. Quando chegava na beira do açude, Caé colocava a feira na sela, se agarra no rabicho e a besta rebocava ele pra casa nadando.
Manoel Lourenço, meu primo Mané Fava, tinha um retardamento mental e gostava muito de cachaça,era zuadento e encrenqueiro, reagia aos gritos, as brincadeiras,geralmente de crianças. Quando era ameçado de ser mandado pra cadeia, dava uma carteirada.
-Não vou preso não,que sou primo de Chagas Lourenço,e moro na casa dele.
Não tinha nenhum efeito prático,mas para ele, era um Habeas Corpus.
Um dia, chegando cedinho de Natal, encontrei Mané tendo convulsões, no alpendre. Imediatamente, mandei-o para o Hospital Ana Bezerra, onde veio a falecer, com traumatismo craniano. No dia anterior, foi empurrado e bateu com a cabeça em um meio fio da rua Grande.
Podia falar de muitos outros, como Lola, que imitava um trombone de vara com a boca,ou Ediseu, grande pedreiro, calmo, de fala mansa, que enveredou pelo alcoolismo.
Todos eles tinham características em comum, a honradez e honestidade, detestavam a cadeia, pela desonra de ser preso e beber e cair na rua, pra eles, não constituia crime.

Chl
Mar/2008

OUTONO


Pensei em falar de flores
neste início de outono
sem tristeza e abandono
prefiro falar de amores.

As vezes sentindo saudade
as vezes curtindo dores
olhando no mundo as cores
vivendo com tranquilidade.

Carregando muita lembrança
sempre cheio de esperança
vou levando a vida assim

Do modo que sempre fiz
pois desejo ser feliz
com o amor dentro de mim.

Chl
Mar/2008

segunda-feira, março 17, 2008

PERFUMES E FRASCOS


A corrente descia
levando cascalhos
a flor do riacho
murchou e caiu
o aroma restou.
Dizem os franceses:
Não importa o frasco
"J'adore le parfum".
O bom vinho
dispensa a garrafa
um bom malbec
perpetua o sabor.
Os retratos envelhecem
enodoam
embotam-se,
os sentimentos permanecem.
O álbum se rasgou
o cheiro ficou
mas a foto,
apagou.
Chl
Mar/2008

sexta-feira, março 14, 2008

DIA DA POESIA




Falo com desembaraço
sem mentira ou heresia
lá na praça ou no paço
mesmo em plena luz do dia
do teu peito ou do regaço
da tristeza ou da alegria
penso, reflito e faço
com destreza e maestria
com apoio e sem rechaço
com o som da melodia
viva o 14 de março
viva o dia da poesia


Chl
14/Mar/2004

segunda-feira, março 03, 2008

E-MAIL


Um e-mail
quando é,
estimulante
envolvente
gratificante,
dilato.
Quando é,
informativo
subliminar
implicante,
delato.
Quando é,
avisador
anunciante
definitivo,
deleto.
Chl
Fev/2008

domingo, março 02, 2008

PODER DE DECISÃO


O poder de decisão
está na cabeça
está na mão
vem da alma
ou do coração ?
O medo do futuro
perigo de errar
medo de ferir
receio de magoar
sem querer interferir
sem gosto pra namorar
vendo que tem que sair
louco para ficar
era isso.....
Olhar preso no horizonte
cabeça sem raciocinar
alma sorumbática
insistindo em lembrar
tristeza no olhar.
Garçom, por favor
traga a saideira
para ver se afogo
a saudade matadeira.
Chl
Mar/2008

sexta-feira, fevereiro 29, 2008

MÃE AMIGA

Av.Eng.Roberto Freire


Mulher e mãe
do seu marido
sogra e mãe
de sua nora
mãe amiga
e mulher
dos seus filhos
mãe amiga
e amor
de sua filha
mãe amiga e até filha
de sua mãe
mãe amiga
filha enfermeira
de seu pai
minha mãe amiga
Lúcia Freire.
Chl
Nov/1978

terça-feira, fevereiro 26, 2008

FLOR


A planta estava lá
apenas reguei,
a flor,
já crescida
já cheirada
admirada
apreciada
não ganhada,
quis ser minha
e veio
e ficou
e é minha.
Continuará
sendo admirada
apreciada
regada
e minha,
eternamente,
minha.
Chl.
Fev/2008

segunda-feira, fevereiro 18, 2008

O CHEIRO DO LENÇO


O suor do rosto
enxugou no lenço
que levou seu cheiro.
A lágrima na face
foi enxugada
e levou o lenço.
O rosto continua suando,
mas não sei,
se ainda existe lágrima.
O lenço está guardado
ensopado com suor
molhado com lágrima,
mas não sei,
se ainda tem cheiro.
Chl
Fev/2008

quinta-feira, fevereiro 14, 2008

ESPINHO


Tudo em ti
era como a rosa
teu aroma
tua cor.
Atraíste-me
de ti gostei
te abracei
................
Um grito de dor
....................
Teu espinho
traspassou
meu coração.
Chl
Set/1968

quarta-feira, fevereiro 13, 2008

CAMILO


Toca o telefone
as cinco horas da manhã
dia trê de agosto
o susto e a emoção
me levaram da cama
para o telefone.
Era homem
era meu filho
Camilo.
As lágrimas
explodiram no rosto,
a garganta
apertou de emoção
e pela priomeira vez,
ao nascer um filho,
eu chorei.
Chl
03/Ago/1979.

segunda-feira, fevereiro 11, 2008

CHAGAS JR.


Dentro de mim
algo incomoda
não sei se angústia
medo
raiva
decepção
ódio,amor
enfim,
não existe paz interior
mas,
interiormente
eu brigo por ela.
Na fresta da porta
olho para a rede
que se move
se mexe, se balança
dentro dela
dois olhos cinzas
quase castanhos
me fitam
com ansiedade
e eu me atiro
em seus braços.
O seu cheiro de criança
o seu soriso de filho
traziam para mim
ainda que por um instante,
a paz que eu precisava.
Eu sentia amor
interiormente
sentia paz
não sei se trazida
por tanto amor
ou pelo dever de ser pai.
Descobri
para mim mesmo:
"O sorriso de Junoca
me faz feliz".
Chl
Set/1978

sábado, fevereiro 09, 2008

BREVE,PERMANENTE


O canto do pássaro
é efêmero
mas, inesquecível
A beleza da flor
dura pouco
mas, fica na retina.
Seu perfume
é fugaz
mas, apodera-se do olfato
O amor
mesmo em colóquio breve
permanece no peito.
Chl
Fev/2008