sábado, março 05, 2016

CARTAS DE BERTENIO III

Chaguinhas,

Hoje veio uma comissão da Secretaria de Saúde do Estado, aqui em casa para me pedir o obséquio de inspecionar algumas casas aqui perto da minha, para ensinar a controlar e evitar os focos de muriçoca que estão tomando conta da cidade. Aceitei a missão e fui montar minha equipe.

Chico Zé, que vive na bomba de Sérvulo e vem muito aqui em casa, tomar um cafezinho, foi um dos que chamei pra me ajudar. O nome todo de Sérvulo, como você sabe, é Sérvulo Orago da Cunha, de tanto Chico andar por lá, ajudando a abastecer os carros, pegou o apelido de Chico Cunha.

Pedi pra Chico, começar por trás da minha casa, na cerca de garrancho do campo 4 de Março e fui me encontrar com Antônio Borges, que é especialista em caçar focos de muriçocas, na esquina da casa de João Lucas. Ele chegou e fomos juntos pela rua da praça, passamos na casa de Manoel Macedo e quem estava na porta era Rita Onofre (Rita Oião) e na casa de João Umbelino, estava dona Severina, arrumando umas mercadorias, para colocar no Jeep dela, que estava parado na frente. Munheca e Roberto estavam brincando de boi de osso no quintal de casa e Umbelino havia saído com o pai para o Chapado.

Seguimos, passamos na casa de Elias, de Dilermando e Dona Beatriz, depois na livraria de Dalva de Melo Lula e chegamos na esquina da casa de dona Ana de Balelê, só quem estava em casa era Nailda, a mãe tinha ido ao Massapê. Na esquina encontramos Elias, com os tambores de gasolina e orientando o trânsito da rua Ferreira Chaves, e ficava falando:-Os documentos de trânsito é com Chico Dadão, mas o controle aqui desta esquina é meu.

Chico Cunha, revisou o avelós todinho, daquele lado do campo, onde as burras de Meireles andavam comendo o capim da beira da cerca, encontrou com Anísio Carvalho e Almeida, o pernambucano, classificador de algodão, que veio pra Santa Cruz, trazido por seu Fiúza, pra trabalhar na usina e que gosta muito de futebol. Estavam esperando o time pra fazer um treino.

Chegou na esquina, na casa de Zé Rodrigues e dona Noca e encontrou Arquibaldo, filho de Artur, pesador de algodão da usina, e começou a inspeção por lá. Desceu, passou em Zé Macedo, tinha uma fila de menino, do Quintino Bocaiuva, comprando poli na janela, passou em Tito, Leni foi quem atendeu e Hildebrando tava ensaiando algumas notas no clarinete na sala, entrou na usina, encontrou Sebastião Vitor, que era o chefe da fábrica de óleo, fizeram a revista e ele saiu pra casa de Zé Pinto, Ritinha foi quem atendeu. Dos filhos só tina Valdir em casa.

Eu e Borginho, saímos da casa de Balelê e fomos pra casa de Manoel Soares, do cartório e Joabel, Manu estava na área e eu brinquei com ele, pegando no lubim que ele tem no braço, dizendo:- Isso é que é muque.
Passamos em Zé Viterbino, depois em Afonso barbeiro, Ribeiro estava lá e me contou que o caminhão de Chinês, com Toinho dirigindo, tinha passado por cima do pé de Marcos, que é muito novinho ainda e tava deitado com o pé enfaixado.Depois passamos em  Zé Andrade, Maria Andrade estava lá e fomos pra casa de dona Inezinha Rocha, perguntei por Miguel, ela me disse que ele estava se preparando para ser naval, ia viajar pra aí pro Rio, quem estava na sala era Marta Rocha e Aparecida de Ivahí, tinha acabado de sair com Tetê.

Do outro lado, Chico passou na fiação de seu Bianor, encontrou com o mecânico Assis Segundo, conversando com Luiz Matias , passou em dona Titi, engomadeira e foi esperar na esquina do riacho, na casa de Inácio pintor, pai de Severino da Burra, dona Gonçala estava em casa cuidando de Salete, que é novinha.

Fui pra casa de Antônio Nunes, que tinha viajado na Lambreta com Maria Rocha na garupa pra Lajes Pintadas, pra vender tecido, encontramos Bila ,Geraldo Golinha, sobrinho dele, brincando com Serafim, as meninas estavam todas em casa, Marilda, Gorete, Betinha, Margarete e Fátima , recém nascida, estava no berço.

Chegamos no escritório da usina e vi, Tota Piçoca e Chuta, catando pluma nas estopas de algodão, no beco do escritório. Encontrei seu pai, compadre Lourenço, conversando com Acácio; Jorge Quintiliano e Socorro de dona Litinha estavam na máquina de escrever. Seu pai me disse que a safra vai ser grande e vai contratar mais gente. Fiquei satisfeito porque ele pediu pra mandar Narcilio, meu filho lá e que também ia chamar o filho de Joca Moreira, Milton, e Lourdes Apreciado, irmã de Maria de Augusto Fernandes e de João Apreciado do caminhão.

Passamos na casa de Neno, que estava na esquina da rua do Burro Seco, conversando com Paizoca, Manoel Freire e Luiz Fernandes, motorista da usina, acertando uma viagem com pluma pra são Paulo. Passamos na casa de Chinês, Cleonice estava lá, com Socorro, Rosa e Graça, Toinho estava em Jeó, fazendo um caminhão de lata com Joaquim Segundo. Passamos em Maria Rocha, estava fechada e fomos pra Artur Quintiliano, depois Jeó e o BNB.

Do outro lado, Chico foi para o armazém de Manoel Santana, entrou no beco, foi na casa de João Serafim e do Cego Acácio, encontrou Didia, Chico e Marola brincando na rua. Entrou por trás, na casa de seu Aquino, encontrou Benedito e Silula, depois foi pra casa de Alexandre Confessor e dona Severina, encontrou Mimi na sala e no quintal estava Edgar, brincando num galamate de madeira.
Foi pra casa de seu Absalão e dona Cabôca, encontrou Zé Crisóstomo, Têca e Mariquinha, depois saiu pra casa de Chico Bento, só estavam, Paulo e Zé Bento.

Borginho achou um foco no esgoto no quintal do BNB, que dava no riacho e colocou veneno pra acabar com o foco. Atravessamos o riacho, passamos na sua casa, depois na casa de Manoel Santana e Maria e na casa de Arnaldo Eletricista, entramos na casa de Euclides Ribeiro e estavam dona Mair, Oswaldo, Leto e Itamar, Sonia muito pequena estava dormindo no quarto, passamos na casa de Pedro Rodrigues, estavam Teté e Mosa e entramos no quintal porque ele tinha umas vacas de leite lá. Borginho achou outro foco e pulverizou.

Chegamos no terreno que dr. Cassio Medeiros está fazendo uma casa pra João de Gan e depois na bodega de dona Mariinha de Zé de Gan, sua avó. João estava sentado no birô da bodega e dona Maria no balcão, Joanize, conversava com Julieta (Lêta), fomos pra Ribeiro e dona Joaninha, no alpendre estava cheio de mercadoria que ele vende na feira. Anita e Tereza estavam sentadas no alpendre. Saímos, passamos na pedra grande e chegamos no lajeiro em frente a Clodoval, pra ver se tinha alguma poça e fomos pra casa grande do Alto.
Clodoval tinha saído para o fomento com Manoel Vital, estava Luzia que nos recebeu e Zé Lopes com um brejeiro na boca, que só com a catinga já matava os mosquitos. Biluca botou a cabeça na porta e correu pro quartinho dela, arrancando os cabelos de um em um. Lá no curral da vacaria, estavam Pataca, Robério de seu Gato, Zé Pinzel , Carrapeta e Pacote, olhando um gado que eles trouxeram da furna.

Chico, já tinha passado na casa de Rosalina e veio nos encontrar, pra fazer um balanço da revista das muriçocas, e voltamos pra minha casa.

Por hoje é isso Chaguinhas, fique com Deus.

Bertênio.

domingo, fevereiro 28, 2016

MENSAGENS CIFRADAS

                                                                 

Um filete tênue
de desejos líquidos
penetra
impulsionado por sonhos
em uma fresta singela
do sentimento distante 
em voz grave
de cochichos
exprime paixões 
com sussurros breves
descreve ternuras
ouvidos atentos
em anseios outros
realizando tudo
em mensagens cifradas.

Chl.