quinta-feira, julho 28, 2011

REGINALDO ANDRADE


Reginaldo Andrade era uma pessoa muito querida em Santa Cruz.
Funcionário público federal, lotado no DNOCS, vereador,marchante,cozinheiro de mão cheia e boêmio.
Reginaldo, casado com dona Maria, morou durante os últimos anos de vida, ao lado do açude público de Santa Cruz, em local chamado Beira-Rio.
Foi durante muito tempo, proprietário de um restaurante, em um prédio ao lado de sua casa, pertecente ao Major Theodorico Bezerra.
Nos finais de semana o restaurante ficava lotado de gente, para saborear a chã-de-fora,assada na brasa, feita por ele.
Vez por outra,Reginaldo chamava o táxi de Luiz Fernando,um opala 72,para ir à feira,comprar uma perua, para preparar em casa e convidar os amigos para comer,tomando cachaça e cerveja.
Costumava beber com Joaquim Lelê, em um boteco próximo da casa das bicicletas de Edvaldo Umbelino. Apreciava cachaça e ultimamente,já sentindo o peso da idade, bebia acrescentando pimenta no copo,pois segundo ele dizia,era bom pra manter o tesão.
Um belo dia ele estava com Lelê e apareceram umas meninas de Maria Gorda no boteco e ficaram bebendo com eles até muito tarde.
Dona Maria, preocupada com a demora, pergunta a um rapaz que passava de moto se ele sabia do paradeiro de Reginaldo. O rapaz informou:
-Ele está num buteco na rua do canjerê, com Lelê e uma três quengas.
Foi o suficiente pra dona Maria ficar furiosa.
Uma hora depois, chega Reginaldo, no opala de Luiz Fernando,já embriagado e cansado.Não entrou nem em casa, foi direto pra uma rede que ficava armada no alpendre,onde descansava ao meio dia,após o almoço.
Deitou-se,cobriu o rosto com um lençol e antes que pudesse cochilar,dona Maria apareceu aos gritos:
-Cabra velho sem-vergonha,não tem vergonha na cara,pai de neto,funcionário público,ex-vereador,sentado num buteco com aquele outro sem-vergonha do Lelê com uma ruma de rapariga.
Continuou dona Maria,aos berros:
-Você sabia que é corno ? Pois se não sabia,fique sabendo,você é corno de rapariga.
Reginaldo calmamente,tirou o lençol do rosto,olhou pra dona Maria bem calmo e falou:
-Eu num vi,num voga!
Puxou o lençol pra cara e foi dormir.


Chl
Jul/2011

2 comentários:

Rosemilton Silva disse...

Meu caro Chagas,

convivi com Reginaldo e dona Maria ao longo de muitos anos quando tocava nos Impossíveis e ensaiava no armazém ao lado da casa. Os dois, tanto ele como dona Maria eram figuras memoráveis, de tiradas espetaculares. A rua do Canjerê vem a ser a Ferreira Itajubá, onde vivi os meus dias na casa em que foi comprada por Edvaldo - lembra do sotão? - e que era de Joaquim Tavares. Tempos depois, meu pai comprou a casa que foi de Arnaldo Moreira e sua marcenaria. <e tornei compadre de Arnaldo sendo padrinho do filho Paulo. Vivi aqueles tempos acompanhando Chiquinha do Acordeon e Zito Borborema e, de quando em vez, Manoel e Zé de Elias, e ainda Zezé do Côco, hoje usando o nome de Germano Junior. Bom, acho - não tenho certeza - que o buteco era de Talau, na esquina com o mercado - que pena que derrubaram aquele monumento histórico com sua cisterna maravilhosa - porque não vinha a ser de Zé Abdias - de frente e na esquina do outro lado - nem o dona Chiu, já na esquina com a Frei Miguelinho nem o dona Maria do Carmo que, aliás, os dois últimos não eram bares. Maria do Carmo - você deve se lembrar - era a mãe de Everaldo, nosso homem sanfoneiro, trombonista da banda, fazedor de solda preta - da melhor qualidade - e hoje dono de parque diversão.
Dona Maria, gostava de falar com a gente dizendo "rixe aí"... Velhos e bons tempos, amigo.

Anônimo disse...

Hehe... Essa é boa... Só vou vendo... Devem ter sido as próximas palavras que ele pronunciara...

Essa me fez lembrar de Xico Luca... Um caba lá de Iguatu. Parecida com essa história sua Chagas.
A mulher chega pra ele(jogando uma verde) e diz: - Pensa que eu num vim!!!Tu tava com uma mulher da vida até agora... Aí ele perguntou: - E tu tava lá..??? Não, respondeu a mulher dele. Aí ele completou: - Então, tu tem os oião munto grande, me avistar daqui de casa...!!!