terça-feira, setembro 03, 2013

ZÉ PINTO II


Zé Pinto tinha problema de coração, o que o vitimou ainda moço, assim como fez com dois dos seus filhos.
Já aposentado, passou uns dias sem beber,andava proseando pela rua,com um tradicional cipozinho na mão.
Um belo dia, sentindo-se melhor, resolveu  convidar Joaquim Lelê, seu amigo inseparável, para tomar uma caninha, pois tinha recebido uns preás, que Valdir caçou e queria comer como tira-gosto.
No sábado de tarde, na bodega de Chico Bernardo, eles sentaram e pediram uma garrafa de Pitú; Zé Pinto desembrulhou um pacote e colocou o preá, já torrado , na mesa.
Passou uma pessoa e viu Zé Pinto com o copo de cana na mão e perguntou:
-Zé Pinto, você não deixou de beber ? Ouviu a resposta em cima da bucha.
- Eu eu morri ?
Lá pras tantas, Zé Pinto que tomava diurético com o remédio pro coração, levanta pra ir no banheiro.
Quando volta pra mesa, o preá tinha sumido.
-Cadê o tira-gosto de preá que eu trouxe ?
Lelê disse, "eu não vi", outro companheiro na mesa falou,"eu também não vi nem a cor, deve ter sido um espírito que levou".
Zé Pinto, botou a cana no copo, ficou olhando, olhando...sabendo que ia engolir pura, saiu com essa:

Espírito que vai e vem
bate asa como preá
aquilo que Deus não quer
paciência.

E engoliu a lapada de cana pura, sem tira-gosto.

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