domingo, janeiro 17, 2016

A VIAGEM DE GERALDO COSTA.

José Ferreira de Medeiros, Zé Dadá, era farmacêutico e foi vice-prefeito de Santa Cruz, quando o prefeito era João Bianor Bezerra.
Casado com Tereza Medeiros, Zé Dadá era o pai de Carluce Medeiros, Celúzia , Joseluce, Feluce e Celuta e morava na Praça principal da cidade.
Feluce Medeiros, assumiu a farmácia de Zé Dadá e dirigiu por muitos anos.
Casado com Ana Maria Damasceno, filha do comerciante Zé Dadão, que era uma das moças mais bonitas de Santa Cruz.

Vizinho de Sebastião Rocha, Bastião da Farmácia, na Rua Grande, Feluce começou a sentir o peso da concorrência.
Bastião chegava cedinho na farmácia e só saía quando anoitecia, trabalhava muito, permanentemente com um charuto na boca, ora fumando, ora mastigando, ele consumia uns três ou quatro por dia.
Atencioso, muito trabalhador, profundo conhecedor do ramo que trabalhava, Bastião foi tomando conta da freguesia.

Um belo dia, Feluce resolveu se desfazer do negócio. Ana Maria tinha um comércio de confecções, bem movimentado na praça.
Ele tinha uma propriedade no Catolé e resolveu investir lá. Foi ao BNB, para fazer um financiamento para o sítio. Fez o projeto, levou toda a documentação necessária e pediu o empréstimo.

O banco, como é de praxe, colocou o projeto para análise e indicou um fiscal para visitar a propriedade, Cordeiro.
Cordeiro pessoa muito querida na cidade, foi à praça de carros de aluguel, para alugar um carro, e fazer a vistoria do sitio ; escolheu o jeep de Geraldo Costa. Acertaram tudo para no dia seguinte cedinho fazerem a viagem.
No outro dia, logo cedo, Geraldo tomou um café no Galego da praça, para colocar os assuntos em dia e foi para a casa de Cordeiro, que era vizinha ao banco.

Cordeiro já estrava pronto. Perguntou:
-Seu Geraldo, quer tomar um café? Não, obrigado, já tomei no café do Galego de Noêmia, respondeu Geraldo.
Galego era filho de Noêmia e Luiz Dadá, primo legítimo de Feluce.

Entraram no jeep e saíram. Cordeiro puxou logo assunto:
-O senhor conhece bem a região ?
Geraldo deu uma risada gostosa e disse :- Doutor Cordeiro, eu sou daqui, da família Costa, que tem terras no Araraú, Baixio do Roçado, Oiticica, Pedra Grande e Tanquinhos, até o Pau de Leite, divisa com Sitio Novo, tudo "anêxo" da região que nós vamos.
Geraldo viu que Cordeiro ficou boquiaberto com o conhecimento dele, aí apurou-se.
- Nós vamos pela Terra Firme, que é na entrada da Furna, mas entro pelo açude do Alívio, passamos na Glória, perto do Imbu, entramos no Feijão de Dr. Paulo Galvão, casado com dona Cleonice, filha do Desembargador Tomás Salustino , aí chegamos em São Joaquim, do Major Dedé, José Henrique Dantas de São José de Mipibú, mas quem toma conta de lá é dona Zuleide, filha dele e o gerente é Inácio Gouveia, o vaqueiro é Zé Malhada e quem faz as selas e os arreios lá, é Catoco.
Cordeiro ficou impressionado com tanto conhecimento.

Geraldo continuou falando da região:
- Depois de São Joaquim tem os Angicos de Mário Dantas, primo do Major Dedé e a Pedra Bonita , onde moram , Miguel Vicente e Severino Machado, mas antes, tem o Catolé, para onde nós vamos.
- Então vai ser fácil essa vistoria, disse Cordeiro, você conhece tudo. Você conhece bem a propriedade de seu Feluce ?
- Como a palma da mão, respondeu Geraldo.
- E é grande, insistiu o fiscal.
- É grande, doutor.

Depois de passar em todos esses lugares, finalmente chegaram no Catolé.
Passaram em frente a casa de Batista e entraram à direita em direção ao sítio, quando logo na frente apareceu a porteira. Cordeiro desceu, abriu a cancela e imaginou, "vou passar o resto do dia aqui, ele disse que o sitio era enorme".
Quando voltou para o jeep, Geraldo engatou a primeira, fez uma curva numa estradinha estreita, desceu uma ladeira e quando subiu em outra, apareceu outra porteira. Cordeiro já ia descer para abrir quando Geraldo, com um arzinho de riso, disse:- Pronto, terminou a terra.
- Ôxente, você não me disse que a terra era grande .
Aí Geraldo, em cima da bucha, confirmou:
- E é, pra baixo, vai bater no Japão.





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