sábado, setembro 03, 2016

MORTES QUE MARCARAM A CIDADE

 Quero relatar alguns fatos, tristes, mas que marcaram a comunidade santacruzense.

Dudu de Plácido, era um rapaz feliz, brincalhão, mas também valente e esquentado. Jogador de futebol, atuava no campo 4 de Março, administrado por Anisio Carvalho.
Gostava de se divertir com os amigos e tomar uma cervejinha no reservado do bar de Geraldo Lourenço e Tia Litinha, que era na rua Grande e fazia esquina com o Beco de seo Plácido . Seo Plácido, era o pai de Dudu e tinha uma mercearia no beco, bem próximo do bar de Litinha.

Outro cliente do bar era Zé Pinto, que parava o caminhão na rua Grande e ia para o reservado do bar , que ficava na parte de trás. Um dia que Zé Pinto estava no bar , estavam sentados em uma mesa do lado, Dudu e Nilson Lima , tomando uma cerveja e batendo papo.

Sabendo que Dudu frequentava muito aquele local, pois era vizinho de sua casa, Coleta que teve desavenças anteriores com ele, entrou no bar, acompanhado com um amigo, chamado Zé Vicente, já com uma faca na mão. Dudu estava de costas , mas foi avisado por Nilson e levantou-se, já para enfrentá-lo, quando foi segurado por trás por Zé Vicente, Coleta  desferiu vários golpes de peixeira e ceifou a vida do jovem goleiro do time de Santa Cruz, Dudu.

Coleta ficou preso na cadeia pública da cidade, eu mesmo, ainda muito criança, o vi várias vezes, sentado na mureta da delegacia, quando passava na frente e papai dizia, " esse foi quem matou Dudu".

Manoel Benício, era um homem de estatura baixa, com um bigodinho e usava um chapéu preto de massa, geralmente estava calmo, era alegre e até sorridente. Eu o conheci já como prisioneiro na delegacia de Santa Cruz, em regime semi-aberto, trabalhava como pedreiro. Só foi terminar de cumprir a pena e ser liberado que Manoel Benício começou a ter problemas. Um dia cismou e saiu de casa, murmurando por onde passava:
-Hoje eu mato um.
Passou na frente do estabelecimento de Moisés Pinheiro, onde hoje é o mercado público, chegou na porta, encarou Moisés e repetiu: - Hoje eu mato um - Moisés abriu a gaveta, puxou um 38 cano longo e respondeu - Aqui você vai levar é chumbo, se vier com essa conversa.
Manoel saiu ligeiro de lá e tomou o rumo do Paraíso, atravessando o rio Trairi, que estava seco, correndo apenas um filete de água misturada com esgoto. No início da Av. 1, encontrou um baiano, que se dizia, pai de santo, trocou duas palavras e deu-lhe uma peixeirada certeza no coração e correu.

Tempos depois, já em regime de condicional, chegando perto de uma banca de carne na feira, iniciou uma discussão e antes que pudesse pegar a faca, o jovem marchante que já estava com uma faca amoladíssima de cortar a carne, foi mais rápido e acertou Manoel Benício, com várias cutiladas e o deixou estirado sem vida na calçada da feira.

Em outro dia de feira, na esquina da farmácia de Sebastião Rocha, Assis de João Salustio, desentendeu-se com Zé de Floriano e no meio da discussão, Assis sacou um revólver e disparou várias vezes em Zé que foi atingido e caiu na rua. Terezinha Nunes, filha de Zé Nunes e Liô Ferreira, vinha subindo  a rua Grande, na calçada,  assustada, caiu com um desmaio e ficou no chão. Assis ao ver Tetê no chão, imaginou que a tivesse acertado com um tiro , apavorado, apontou o revólver contra si e disparou. Tetê foi socorrida sem ferimento, apenas com um grande susto e na rua ficaram estendidos os corpos de dois rapazes, filhos de Santa Cruz.

Chl
Set/2016

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